O paredão formado por mais de 300 garimpeiros, está subindo o rio , após informações de que haveria ouro na região
Um “paredão” com centenas de balsas de dragagem operadas por garimpeiros foram encontrados no rio Madeira, próximo a terras indígenas do povo Mura. As informações são de mais de 300 balsas que descem pela corrente do rio, há cerca de 2 semanas após surgirem informações de que havia ouro na região.
As balsas e dragas avançam desde Nova Olinda do Norte e foram encontradas pela última vez, próximo à comunidade de Rosário, no município de Autazes, a 113 km de Manaus.
Em áudio, um homem identificado como um dos garimpeiros, fala em montar um “paredão” de balsas, com pessoas ao redor dos equipamentos, para reagir contra a fiscalização. Eles lembram ainda episódios em que invadiram e queimaram unidades do Ibama e do Instituto Chico Mendes ( ICMBio ), após agentes dos órgãos ambientais destruírem uma de suas balsas.
O processo de mineração é realizado após as embarcações remexerem o fundo do rio, sugando o material para filtrar o ouro e devolverem a água em seguida.
Em nota, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) confirmou a movimentação anormal de dragas e informou que será feito um diagnóstico apurando a real situação no local. O texto informa, também, que atividades de exploração mineral naquela região não estão licenciadas, portanto, se existindo de fato, são irregulares.
O trecho do Rio Madeira é usado por moradores de Nova Olinda do Norte, Borba e Novo Aripuanã para chegar a Manaus em lanchas. O trajeto é mais curto do que utilizando a estrada BR-319, que é conhecida por estar muito deteriorada.
O diretor-presidente do Ipaam, Juliano Valente, esclarece que as balsas estão ancoradas no rio Madeira, área de competência dos órgãos federais. A regulamentação da exploração mineral na área, conforme o gestor, é de competência da Agência Nacional de Mineração. O licenciamento é de responsabilidade do Ibama, e a atuação, em caso de crimes de exploração ilegal de minério, é competência da Polícia Federal. Ainda sobre a trafegabilidade e de poluição hídrica, o acompanhamento é feito pela Marinha.
Além da mineração, o Ipaam destaca em nota que pode haver outras possíveis ilegalidades que devem ser investigadas, tais como: mão de obra escrava, tráfico, contrabando e problemas com a capitania dos portos.
O Ipaam ainda diz que está buscando informações, com intuito de planejar e realizar as devidas ações no âmbito de sua competência, integrado aos demais órgãos estaduais e federais, e informou que comunicaria o fato ao comando da Segurança Pública do Amazonas (SSP), além de pedir apoio federal para apurar a ocorrência.
Em nota, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informa que teve ciência do caso e, nesta terça-feira (23), reuniu-se com o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) para alinhar as informações, a fim de tomar as devidas providências e coordenar uma fiscalização de garimpo na região.
Também em nota, a Polícia Federal informou que “se encontram em andamento, tratativas interinstitucionais sobre a notícia dos garimpeiros na calha do rio Madeira. Assim que reunidas informações e dados acerca de ações desta Superintendência Regional da Polícia Federal sobre o assunto em questão, encaminharemos para o conhecimento de todos”.