De acordo com estudo publicado, em territórios compartilhados pelo sauim-de-coleira e sagui-da-mão-dourada, o segundo mudava seu padrão acústico.
Se você já viajou para algum lugar fora do Amazonas, provavelmente deve ter percebido que mesmo falando o mesmo idioma, pessoas em outros estados possuem variações linguísticas diferentes do habitual. Esse fenômeno é conhecido por sotaque.
De norte à sudeste, nordeste à sul, cada região brasileira apresenta suas particularidades na linguagem. Será que com animais de espécies semelhantes seria parecido?
Um estudo desenvolvido por pesquisadores brasileiros e publicado em maio deste ano na revista Behavioral Ecology and Sociobiology, mostra que macacos podem adaptar os seus grunhidos para falar com outra espécies.
O Portal Amazônia trás curiosidades sobre os “sotaques” dos macacos.
No estudo, foram analisadas 15 grupos de duas espécies que vivem na Amazônia brasileira: o sagui-da-mão-dourada (Saguinus midas) e o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), que é considerado símbolo da cidade de Manaus e está ameaçado de extinção, podendo ser encontrado também em Rio Preto da Eva e Itacoatiara.
Os pesquisadores fizeram comparações de gravações das duas espécies em três tipos de ambiente, em áreas habitadas exclusivamente por cada espécie e em uma área onde ambas coexistem.
O que se notou foi que o sagui-de-mão-dourada mudava seu padrão acústico, emitindo sons parecidos com os do sauim-de-coleira.
Por quê isso ocorre?
Uma das motivações para esse fenômeno recente se dá pelas duas espécies serem próximas (geneticamente “parentes”, do mesmo gênero) e como habitam habitats na Amazônia semelhantes, essa linguagem semelhante pode ser para apaziguar disputas, sejam elas por alimentos, recursos e pelo habitat em si.
O que não se sabe ainda é o porquê de apenas uma espécie é mais “adaptativa” à outra. Os cientistas não puderam concluir por que o sauim-de-coleira permanece resistente.
Os resultados sugerem que as pressões sociais e ambientais são importantes na formação dos sons emitidos pelos saguis.
Confira o estudo completo.