O presidente foi em rede nacional pedir para que as pessoas deixem o isolamento social, e tal discurso não foi bem aceito pelos colegas governantes
Após o presidente Jair Bolsonaro falar em pronunciamento na TV que o coronavírus no Brasil “não passa de uma “gripezinha ou um resfriadinho”, criticar a cobertura da mídia e as atitudes que os governadores estaduais estão tomando para impedir a proliferação da doença, os políticos não se conteram correram para se pronunciar sobre o assunto em suas redes.
Para os governadores dos Estados da Amazônia, a reação é a mesma: manter as orientações já passadas para a população de isolamento. Confira agora as aspas de alguns governantes.
Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, disse; “Em relação ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, eu respeito a opinião de todos, mas não me furto a reafirmar nossa linha de ação. Nós buscamos, desde o início, as orientações dos técnicos, dos médicos, das autoridades e também dos países que já passaram pelo pior da crise. O caminho que o Governo do Pará buscou foi o do bom senso, o do equilíbrio.”
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), teceu críticas ao presidente: “Pronunciamento de hoje mostra que há poucas esperanças de que Bolsonaro possa exercer com responsabilidade e eficiência a Presidência da República. Os danos são imprevisíveis e gravíssimos.”
Para Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas, voltar atrás seria condenar a população do Estado. “A minha posição é muito clara. Não vamos voltar atrás de nenhuma decisão que foi tomada pelo Governo do Estado do Amazonas. Até porque elas foram tomadas de maneira responsável e seguindo o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde do Governo Federal. Eu fui eleito para proteger e defender o povo do Estado do Amazonas e é assim que eu vou continuar agindo”.
No Acre, o governador Gladson Cameli (PP), disse que sua decisão é de proteger a todos, não somete aqueles que são grupo de risco. “O objetivo principal nesse momento é preservar vidas dos cidadãos acreanos, sejam eles estudantes, aposentados, empresários, assalariados ou em condições de vulnerabilidade. Estão mantidas todas as medidas necessárias adotadas pelo governo estadual no sentido de resguardar o isolamento social e visando promover a quebra da linha de contágio. Lamento que neste momento, onde devemos destinar toda energia e foco em combater o Coronavírus, se procure politizar as opiniões e ações dos agentes públicos.”
Waldez Góes (PDT), governador do Amapá e presidente do consórcio de governadores da Amazônia Legal, não economizou palavras ao relatar seu descontentamento com o governo federal. “O presidente da República reuniu por videoconferência com os governadores e é impressionante a distância entre o que o presidente, no diálogo que teve com os governadores, e o discurso ontem. Também há uma diferença muito grande entre as orientações que nós seguimos da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde, dos cientistas, dos médicos, da comunidade acadêmica, daquilo que o presidente disse ontem. O que é estranho é a falta de alinhamento no governo central. Todos os prefeitos e governadores que tomaram essa atitude não tomaram de livre escolha. É necessário cobrar coerência do governo federal. Um posicionamento coerente. Não podemos ouvir o ministro da saúde falando para a gente providências e o governo federal desautorizando. Nós aqui no Amapá vamos continuar firmes para atuarmos no combate ao coronavírus.”
O governador Mauro Mendes, do Mato Grosso, decidiu logo após o pronunciamento decretar estado de calamidade pública em Mato Grosso, como medida necessária para combater o coronavírus no estado.
Os detalhes da medida serão editados e divulgados nesta quarta-feira (25), durante a reunião com o Gabinete de Situação, montado para monitorar a epidemia.
Já o governador de Tocantins, Mauro Calesse, também manteve a postura: “O Tocantins seguirá firme no propósito de manter a população livre do novo coronavírus e conta com a parceria dos demais poderes, dos municípios, dos órgãos de controle e, principalmente, com a população”, informou a nota do governo.
Até o fechamento dessa reportagem, os governadores dos estados de Roraima e Rondônia, ainda não se pronunciaram.