Fotógrafo usa técnicas de camuflagem para registrar vida selvagem na Amazônia

O fotógrafo Carlos Tuyama afirma que registrar a vida da floresta amazônica exige dedicação, paciência e técnica 

É com paciência, técnicas de camuflagem e aprendendo sobre as rotinas das espécies que o fotógrafo Carlos Tuyama, de 56 anos, consegue registrar imagens de animais da floresta Amazônica.

A imagem de uma harpia voando, para levar alimento aos filhotes no ninho, é considerada por Carlos como uma das difíceis de fazer.

“Uma foto que requer um esforço enorme, dedicação, tempo, planejamento e inúmeras visitas ao cenário. São registros que, para ter uma mínima chance de fazê-lo, é necessário que você aprenda os detalhes das rotinas de cada indivíduo, as circunstâncias específicas de cada habitat. Tem foto que leva seis meses para fazer”, explica Carlos.

Imagem de uma harpia. Foto: Carlos Tuyama/Arquivo Pessoal

Nascido em São Paulo, Carlos mora em Rolim de Moura (RO) desde 1982. É casado, pai de dois filhos. Atualmente é empresário e no tempo livre é voluntário do Projeto Harpia Brasil, um programa nacional que se dedica à conservação e pesquisa do gavião-real e outras águias florestais. Carlos é o coordenador do Núcleo Rondônia do projeto.

Desde criança gosta de fotografia. Quando começou a atuar como voluntário do Projeto Harpia, percebeu a necessidade de usar o passatempo como uma ferramenta na coleta de dados científicos, registro da paisagem e na obtenção de um acervo de imagens para educação ambiental.

“Em cada bom registro, sempre há uma boa história. Existem aquelas fotos que você só estava lá para fazê-la em função do imponderável, mas há também aqueles registros que você precisa se programar por semanas ou meses, e que você tem apenas alguns minutos de oportunidade, por ano, para fazer a foto. De qualquer forma, você tem que estar na hora certa, no lugar certo e com o equipamento certo para fazer o registro. A sorte é um dos componentes, mas raramente ela é o mais importante”, diz Carlos.

Durante quase uma década como fotógrafo de natureza, Carlos percebeu que “clicar” animais silvestres pede alguns requisitos, como:

  • conhecimento teórico e de campo sobre as espécies,
  • ter boa tolerância ao calor e mudanças climáticas,
  • grande tolerância a insetos,
  • equipamentos específicos para fotografia e prática na captura de imagens,
  • permissão e ajuda de órgãos e entidades ambientais,
  • uma boa dose de sorte, muita paciência e persistência.

Registrar a vida existente na Amazônia pede paciência do fotógrafo. Foto: Carlos Tuyama/Arquivo Pessoal

“Algumas espécies são muito arredias e requerem cuidadosa aproximação, depende muito de circunstâncias de época, de fase de acasalamento ou da disponibilidade de alimentos. Então, quanto mais conhecimento tivermos da espécie, mais chance de fazer um bom registro. Normalmente já andamos na mata com roupas camufladas, mas em determinadas situações é preciso se tornar ainda mais discretos”, comenta.

Para Carlos, a fotografia pode ser uma aliada na preservação da floresta em pé e no incentivo ao cuidado de sua fauna.

“Precisamos de alguma forma tentar mostrar a beleza e a importância que é termos nossas florestas minimamente protegidas. Eu acredito que a fotografia é uma das maneiras mais eficazes de passar essa mensagem. Qualquer pessoa que vê uma foto de uma bela paisagem natural, ou de um animal silvestre em seu habitat, irá receber a mensagem da necessidade de olharmos com olhos mais cuidadosos para esse nosso patrimônio”, explica.

“Há fotógrafos do mundo inteiro que gostariam de vir aqui e registrar isso. É louvável que venham, mas é importante também que nós rondoniense, ou nós amazônidas, também registremos e mostremos para o mundo uma Amazônia a partir do olhar do seu povo”, afirma. 

Confira outras imagens de Carlos Tuyama:

*escrito por Ana Kézia Gomes da Rede Amazônica 

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