Mesmo com decreto que proíbe queimadas, fogo na Amazônia cresce 28% em julho, com dia de recorde de focos.
No dia 30 de julho, a Amazônia registrou mais um triste recorde: 1.007 focos de calor foram registrados em um único dia. Esse é o número mais alto registrado no mês de julho desde 2005. Neste mesmo dia, no ano passado, foram 406 focos. Agora, dados consolidados de julho mostram um aumento expressivo nos focos de calor em todo o bioma.
Em julho, foram registrados 6.804 focos de calor na Amazônia, um aumento de 28% quando comparado ao mesmo mês do ano passado.
Um levantamento feito pelo Greenpeace Brasil aponta que 539 destes focos ocorreram dentro de Terras Indígenas, um aumento de 76,72% em relação ao ano passado, e 1.018 atingiram Unidades de Conservação, um aumento de 49,92% em relação ao mesmo período do ano passado.
O aumento das queimadas anda de mãos dadas como aumento do desmatamento, que vem atingindo altas sucessivas este ano. A moratória do fogo, que proíbe as queimadas apenas no papel, não funciona como estratégia de combate às queimadas, já são 4,231 focos de calor desde o início da moratória aumento de 33% se comparado ao ano passado, se não houver também uma resposta no campo, com mais fiscalização e combate ao desmatamento.
“O desmatamento precisa ser combatido durante o ano todo, principalmente considerando que as queimadas na Amazônia não são resultado de um fenômeno natural, mas da ação humana. O fogo é uma das principais ferramentas utilizadas para o desmatamento, especialmente por grileiros e agricultores, que o usam para limpar áreas para uso agropecuária ou especulação”, explica Rômulo Batista, da campanha de Amazônia do Greenpeace.
A prática, que já era corriqueira, tornou-se ainda mais comum com a falta de fiscalização e o desmantelamento dos órgãos ambientais, que têm visto seus servidores serem punidos por desempenharem com sucesso o dever de proteger a floresta.
O fogo é uma enorme ameaça para a biodiversidade, que é diretamente impactada, e alimenta a grave crise climática. Além disso, representa um risco extra para os povos indígenas, que estarão ainda mais vulneráveis à doenças respiratórias, como o Covid-19, devido a fumaça e a fuligem das queimadas.
“O fato de ter mais de mil focos de calor em um único dia, recorde dos últimos 15 anos para o mês de julho, mostra que a estratégia do governo de fazer operações midiáticas não é eficaz no chão da floresta”, completa Rômulo.