Estudo aponta que lixo produzido por cidades da Amazônia poderia gerar energia para mais de 550 mil residências

Os resíduos sólidos produzidos na região poderiam ser usados como fonte de energia que beneficiaria 2,2 milhões de pessoas.

Um estudo recente avaliou que, se houvesse investimentos necessários, os resíduos sólidos produzidos nas cidades do Norte do país poderiam gerar energia para mais de 550 mil residências, beneficiando 2,2 milhões de pessoas.

Fonte de energia pouco explorada no país mas que vem se multiplicando pelo campo, o biogás é sugerido como alternativa para tratamento adequado do lixo, contribuindo com o meio ambiente, com o saneamento e para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

O estudo foi publicado em agosto pelo Instituto Escolhas, uma associação civil sem fins lucrativos fundada em 2015, que tem como foco debater e construir soluções em busca da sustentabilidade no âmbito econômico, social e ambiental.

É possível converter em biogás a matéria orgânica de diversos resíduos, tais como o lixo das cidades urbanas (98% do potencial), e o que é descartado na piscicultura e na produção da farinha de mandioca, que são atividades comerciais tradicionais da Amazônia.

O estudo avaliou o potencial de produção de biogás nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Conforme o Instituto Escolhas, só 6% dos resíduos urbanos na Amazônia são aproveitados para a geração de energia nos aterros sanitários de Manaus (AM) e Rosário (MA). Larissa Rodrigues, gerente de projetos, comenta que o uso do biogás pode transformar os 243 lixões a céu aberto e os 51 aterros controlados que existem na região, dando tratamento adequado aos resíduos.

Em Macapá, onde tem um aterro sanitário, os resíduos reaproveitados poderiam atender quase 8 mil residências. O Instituto Escolhas destaca que o biogás já é coletado em na capital amapaense, mas que não gera energia. São quase 110 toneladas de resíduos produzidos por ano, que, se transformados em energia, atenderiam mais de 23,8 mil pessoas (5% da população macapaense), indica o estudo.

O potencial estudado também poderia suprir cerca de 290 botijões de gás de 13 quilos cada; ou produzir 5 milhões de litros de diesel. 

Foto: Freepik

O potencial estudado também poderia suprir cerca de 290 botijões de gás de 13 quilos cada; ou produzir 5 milhões de litros de diesel.

No estudo, o instituto afirma que essa seria uma possibilidade para dar segurança energética para os consumidores em situações como os frequentes apagões registrados no Amapá desde novembro de 2020.

“A geração de energia elétrica a partir do biogás é um mecanismo interessante sob o ponto de vista do suprimento energético: arranjos contemplando a obtenção de energia a partir do biogás em momentos em que o fornecimento pela concessionária é comprometido podem minimizar impactos relevantes no território”.

A capital 48% do potencial de todo o estado, e também são elencadas possibilidades de produções de biogás em Santana, Laranjal do Jari, Oiapoque e Porto Grande.

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