Estação ecológica em Roraima instala armadilhas fotográficas para analisar espécies noturnas

O uso de armadilhas fotográficas tem se mostrado como uma ferramenta importante para a pesquisa, na obtenção de informação de espécies noturnas e esquivas, como mamíferos. A Estação Ecológica de Maracá (ESEC-Maracá), em Roraima, aderiu a um protocolo de monitoramento da fauna por meio dessas armadilhas. A primeira etapa começou em dezembro do ano passado, onde foram colocadas 60 armadilhas em locais estratégicos da ESEC.

Depois de quase 50 dias registrando a fauna da Unidade, as fotografias serão selecionadas para gerar o Wildlife Picture Indes (WPI), índice que aponta o estado da biodiversidade na área.
 

Foto: Divulgação 

O  monitoramento anual faz parte do protocolo TEAM (Tropical Ecology Assessment & Monitoring Network), com o apoio do  Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) e o apoio da Coordenação de Monitoramento da Conservação da Biodiversidade do ICMBio e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa).

“A implementação do Protocolo TEAM em Maracá  possibilitará  conhecer a dinâmica populacional de espécies encontradas, compreender o ‘estado de saúde’ da floresta”, ressalta o analista ambiental e chefe substituto de pesquisa e monitoramento do ICMBio Roraima, Bruno de Campos Souza.

Ainda segundo Souza, “é possível verificar em médio prazo as tendências no estado de conservação da biodiversidade diante das alterações ambientais e pressões antrópicas”.

Com esse protocolo TEAM, é possível identificar, também, todas as espécies de mamíferos de médio e grande porte da unidade, com exceção dos primatas devido à dificuldade da visualização por meio das câmeras.

Segundo Henrique Gonçalves, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Mamíferos Carnívoros, esse monitoramento é feito todo ano. “Daqui a dez anos vamos ter registros da unidade de fotografias e filmagens desses animais e com isso, podemos identificar se a unidade está perdendo sua fauna, diminuindo ou se está se mantendo no mesmo nível, o que é muito importante”.

Onças-pintadas na região

Durante o trabalho de colocação e retirada das armadilhas fotográficas a equipe detectou grande quantidade de vestígios de onças-pintadas, o que levou o grupo a continuar o monitoramento, agora com um desenho amostral desenvolvido para quantificar a população de onças na ESEC.
 

Foto: Divulgação 

De acordo com o professor da Universidade Federal de Roraima – UFRR, Whaldener Endo, a onça-pintada é uma espécie muito vulnerável a influências humanas e, em muitos lugares, é a primeira espécie a desaparecer com pressões relacionadas às atividades humanas, como perda de habitat e outras influências.

“Esse estudo é muito relevante, tanto para ESEC Maracá, quanto para  Amazônia.  O objetivo desse monitoramento é tentar estimar a partir de uma amostragem parcial da área, o tamanho populacional de onças na Unidade”, disse o pesquisador. “As onças-pintadas possuem várias pintas e cada padrão de cada individuo é único. Você consegue identificar quantos indivíduos vão se registrados na máquina, baseado no padrão da pinta de cada animal”, explicou.

Além do ICMBIO, apoiaram o trabalho, Whaldener Endo, professor da UFRR, Henrique Gonçalves, analista ambienta do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Mamíferos Carnívoros,  a colaboradora como mestranda Natusha Costa, indígenas da Comunidade Boqueirão, vizinha da Estação Ecológica de Maracá, que fazem parte do Projeto Mosuc (Motivação e Sucesso em Unidades de Conservação), uma parceria do IPÊ, Conselho Indígena de Roraima. 

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