Ennio Candotti: fundador e diretor do Museu da Amazônia é símbolo de comprometimento com a Amazônia

Figura ímpar, o professor foi reconhecido por seu conhecimento e contribuições notáveis para o avanço da ciência no Brasil.

De grande relevância para a ciência brasileira e para a comunidade científica mundial, o professor, físico e diretor-geral do Museu da Amazônia (Musa) em Manaus (AM), Ennio Candotti, morreu neste 6 de dezembro.

Nascido em Roma, na Itália, Ennio veio para o país aos 10 anos e foi naturalizado brasileiro. Formado em física, era professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Foto: Reprodução/MUSA

Candotti foi Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência com o maior número de mandatos na entidade – como vice-presidente (1985-1987, 1987-1989, 2011-2013) e (2013-2015), e como presidente (1989-1991, 1991-1993, 2003-2005 e 2005-2007).

Recebeu, em 1998 o prêmio Kalinga de Popularização da Ciência, dado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura por habilidades excepcionais na divulgação científica.

A notícia de sua morte deixou a sociedade científica comovida. Em nota, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), declarou que o professor era uma figura ímpar, reconhecido por seu conhecimento e contribuições notáveis para o avanço da ciência no Brasil. 

“Seu legado será eternamente lembrado como exemplo de dedicação, comprometimento e amor pela ciência. A comunidade científica perde um grande líder, mas suas ideias e realizações continuarão a inspirar futuras gerações de pesquisadores”,

informou o Inpa em nota para imprensa.

Foto: Valter Calheiros/Facebook-Museu da Amazônia

A nota ainda reconhece que a partida de Ennio “deixará uma lacuna irreparável na comunidade científica brasileira”. O presidente Luis Inácio Lula da Silva também manifestou suas condolências no ‘X’ (antigo Twitter).

Candotti atuou ativamente na divulgação científica, tendo participado da criação de “Ciência Hoje” e “Ciência Hoje das Crianças” e da “Ciência Hoy” da Argentina. Foi editor de “Ciência Hoje” de 1982 a 1996. Em 1999 compartilhou com a Sra. Regina Paz Lopes o prêmio Kalinga de popularização da Ciência concedido pela UNESCO com o patrocínio da Fundação Kalinga de Bhubaneswar, Orissa, Índia. Em 2002 fundou com cientistas e comunicadores indianos e de outros países a International Union of Scientific Communicators, Associação com sede em Mumbai.

Durante sua trajetória científica, foi, desde cedo, bolsista da FAPESP e do CNPq, realizou estágios de pesquisa em física teórica no Instituto de Física da Universidade de Pisa e na Scuola Normale Superiore de Pisa, Italia entre 1966-67, e no Instituto de Física Teórica da Universidade de Munique, Alemanha (1968-69) e mais tarde no Instituto de Física da Universidade de Nápoles/INFN (1969-1972).

Em 2001 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Campina Grande. Foi membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia de 2003 a 2007; e de 2011 a 2015. 

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), uma fundação vinculada ao Ministério da Educação, também lamentou a perda do professor.

“A CAPES manifesta profunda tristeza pela morte do físico Ennio Candotti nesta quarta-feira, 6/12. Nascido na Itália, o cientista chegou ao Brasil em 1952 e por aqui fez toda sua carreira. Atuou em diversas instituições de ensino públicas, como estudante na Universidade de São Paulo (USP) e como professor nas Universidades Federais do Amazonas (Ufam), do Espírito Santo (Ufes) e do Rio de Janeiro (UFRJ), além da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Reconhecida personalidade da pesquisa e pós-graduação brasileiras, Candotti foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) por quatro vezes e, desde 1999, era presidente de honra da instituição. O físico fundou e foi o primeiro diretor do Museu da Amazônia (Musa), deixando um legado de dedicação à ciência do País”, informam.

Musa fechado

De luto, o Museu da Amazônia, local que Ennio foi idealizador e diretor, decretou fechamento nesta quinta-feira (7) e que comunicará quando o espaço estiver disponível para visitas novamente. 

A causa da morte não foi divulgada. O velório ocorre nesta quinta (7) até as 16h no Museu da Amazônia, localizado no bairro Cidade de Deus, em Manaus.

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