Cerâmicas indígenas escavadas em sítio arqueológico em Macapá podem ter pelo menos mil anos

O arqueólogo Bruno Barreto destacou que a principal hipótese dos pesquisadores é que o local tenha sido uma aldeia indígena.

Um trabalho realizado por arqueólogos no Amapá pode explicar a origem dos povos que habitaram a Amazônia antes da colonização. Isso porque peças de cerâmica que remontam a indígenas que povoaram a Amazônia séculos antes dos colonizadores – há pelo menos mil anos – tem sido minuciosamente escavadas por arqueólogos do Instituto de Pesquisas Científicas do Amapá (Iepa) em uma área descoberta em 2016 na Zona Sul de Macapá.

O trabalho é realizado desde 17 de novembro deste ano pelos profissionais como parte do licenciamento ambiental para que o entorno da área seja liberado para construção. Com o avanço das escavações, a equipe busca entender melhor o modo de vida dos povos tradicionais que ali habitaram.

O arqueólogo Bruno Barreto destacou que a principal hipótese dos pesquisadores é que o local tenha sido uma aldeia indígena. “Temos estruturas de descartes com bastante material cerâmico quebrado e conforme as escavações forem prosseguindo, vamos entender um pouco melhor do layout da aldeia, das casas e da relação disso com as estruturas de cerâmicas encontradas no entorno”, explica.

Materiais encontrados em sítio arqueológico em Macapá. Foto: Divulgação/Iepa

Pelas peças encontradas, Barreto projeta que os povos habitaram o local há pelo menos mil anos, já que um dos tipos de cerâmica achada têm datações entre a transição do ano 1000 até o período da invasão europeia no continente. “A gente encontrou bastante cerâmica que é classificada pelos arqueólogos como ‘fase Mazagão’. Essa cerâmica tem datas desde a transição do ano 1000 até mais ou menos ao período da conquista europeia[em 1500]”, detalha.

No entanto, essas perguntas só poderão ser respondidas com a análise dos materiais coletados na escavação. Porém, o gerente do Núcleo de Pesquisa Arqueológica do Iepa, Lúcio Costa Leite, explicou que essa etapa é demorada e feita com apoio de profissionais de outros estados do país.

“A etapa da análise é a mais demorada, onde a gente ao ver o material, começamos a fazer as perguntas de pesquisa para entender a tecnologia de confecção desse material, qual relação deles com outros materiais encontrados aqui no Amapá e questões relacionadas a datações. Selecionamos algumas amostras e que são enviadas para fora do estado, onde a gente recebe esses dados com o resultado”, explicou.

A escavação e feita primeiramente com o maquinário que faz uma espécie de raspagem do solo, após, os locais são marcados para serem escavados. O trabalho é minucioso e com materiais específicos para evitar danos às peças.

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