A pesquisadora Vera da Silva, coordenadora do Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), explica que as ameaças que atingem o boto-vermelho são as mesma que atingem o tucuxi.
“Ambas espécies sofrem com a captura direta, a captura acidental, tem as represas que fragmentam as populações, e também a poluição dos rios, sabemos que nosso rios possuem poluentes como o mercúrio, entre outros, então tudo isso levou a está classificação na lista vermelha”, disse.
Da Silva comenta que o tucuxi deverá entra na lista em uma categoria de ameaça até março do ano que vem, após revisão. “O tucuxi é muito capturado acidentalmente em redes de pesca”, explicou, acrescentando que isso acontece cada vez com mais frequência por conta da demanda por peixes que está crescendo cada vez mais.
Para conseguir classificar os golfinhos da Amazônia na lista vermelha, a IUCN contou com os dados de pesquisas do Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), dentre outros institutos de pesquisas do Brasil e do Mundo.
A pesquisadora Vera da Silva, que também é responsável pelo projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, patrocinado pela Petrobras, explica que o Projeto Boto do Inpa, há 25 anos, desenvolve pesquisas com esta espécie na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Mamirauá.
“Desde 2000 as pesquisas nos mostram que a população de botos naquela região vem reduzindo drasticamente a cada década. A preocupação maior é a velocidade que esta espécie está sendo retirada da natureza, se isso acontece no entorno de uma reserva protegida, modelo na Amazônia, imagine em uma área sem proteção”, indaga a pesquisadora.
O Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia engloba o Projeto Boto e o Projeto Peixe-boi que é executado pela Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), em parceria com o Inpa, e recebe apoio financeiro da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Moratória que proíbe pesca da piracatinga termina ano que vem
Ainda segundo a bióloga, que é doutora em Ecologia e Reprodução de Mamíferos pela Universidade de Cambridge, a classificação de “em perigo” de extinção é um alerta para as autoridades brasileiras ao que diz respeito às ações para conservação das espécies.
Uma dessas ações evitar as populações do boto-vermelho da extinção foi a moratória assinada em um acordo, em 2014, entre o Ministério de Meio Ambiente e o Ministério de Pesca e Aquicultura, recomendado pelo Ministério Público Federal pelo período de cinco anos.
Para Silva, cinco anos não é o suficiente para essas espécies se recuperarem. “Para a moratória não ser renovada os órgãos responsáveis pela pesca na região terão que provar que a pesca a piracatinga não envolve os golfinhos da Amazônia nessa atividade e que encontraram uma solução para que o boto-vermelho não seja utilizado com isca”, enfatiza a bióloga.
Lista vermelha
“Em perigo” é a categoria que evidência que a espécie provavelmente será extinta em um futuro próximo. Segundo a IUCN, este é o segundo estado de conservação mais grave para as espécies na natureza.