A coordenadora das Organizações Indígenas de Manaus e do Entorno (Copime), Marcivana Sateré Mawé, analisou o cenário da comunidade indígena nas eleições 2020
O Portal Amazônia conversou com a coordenadora das Organizações Indígenas de Manaus e do Entorno (Copime), Marcivana Sateré Mawé, para analisar o cenário da comunidade indígena nas eleições 2020. Durante a conversa, a coordenadora pediu mais visibilidade dos políticos e população para as causas indígenas.
Portal Amazônia: quais são as principais reivindicações dos indígenas que vivem em áreas urbanas?
Marcivana Sateré Mawé: nossa principal reivindicação é romper um sistema que invisibiliza os indígenas na cidade. Porque essa invisibilidade nos deixa sem acesso as principais políticas públicas, como educação, saúde diferenciada, direito a terra e economia indígena.
Portal Amazônia: existe alguma diferença de terras demarcadas que pertence ao governo federal e as de mando do município?
Macivana Sateré Mawé: pro município, como a gente tem essa invisibilidade dos povos indígenas, não tem uma legislação municipal que reconheça esses territórios indígenas nos grandes centros urbanos, pra nós é mais complicado. Embora, em Manaus, nós tenhamos vestígios da presença dos nossos ancestrais na capital.
Portal Amazônia: existe um descaso da população para com a comunidade indígena que vive em áreas urbanas?
Marcivana Sateré Mawé: o descaso é enorme. No acesso a própria saúde, por exemplo, a constituição nos garante um atendimento diferenciado, mas na prática isso não existe. E na aérea da educação também, não existe um fortalecimento da nossa língua. Manaus é uma cidade indígena, com 35 mil indígenas vivendo aqui, 47 povos, 16 Línguas faladas e muita gente acha que nós falamos só o português.
Portal Amazônia: Mais de 2 mil candidatos são indígenas. É um numero recorde. Como avaliar esse cenário?
Marcivana Sateré Mawé: são números que avançaram mas ainda é pouco pela demanda que temos. Queria ou não, nas decisões, precisamos ter aliados. Então quanto mais representatividade tivermos lá dentro, na Câmara, mais força tem as nossas pautas. O indígena hoje está preparado pra ocupar esses espaços. Temos parentes doutores e formados em diversas áreas, além do próprio movimento indígena.
Portal Amazônia: os povos indígenas tem direito a educação diferenciada. Isso acontece?
Marcivana Sateré Mawé: aqui em Manaus nós temos 4 escolas indígenas e 18 centros culturais. Mas esse direito não está garantido. O ensino da língua é fundamental também. As nossas crianças indígenas estão matriculadas na rede pública de ensino e tem que falar o português e a nossa língua.