Chamado de ‘carachama gigante’ por comunidades tradicionais no Peru, este peixe chega a medir até 80 centímetros.
Por toda a Amazônia Internacional, existem milhares de espécies da fauna e flora com particularidades, no mínimo, curiosas. Um exemplo são as espécies do gênero Panaque, conhecidos como bagres do continente sul-americano.
Bastante conhecido por nativos da floresta amazônica peruana, a espécie descoberta há pouco mais de uma década dos peixes Panaque schaeferi são considerados xilófagos. Isso significa que o animal se nutre de madeira – semelhante aos cupins.
Chamado de ‘carachama gigante’ por comunidades tradicionais no Peru, este peixe chega a medir até 80 centímetros.
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Afinal, eles comem mesmo madeira?
Com os dentes em formato oval, semelhante a uma colher, os Panaques, no geral, usam a madeira para extrair nutrientes que dão a eles energia. Para isso, usam suas quatro mandíbulas que, fechadas, se movem em várias direções até triturar a madeira e absorver seu alimento.
Contudo, uma das espécies, descoberta em meados de 2010 durante o projeto ‘Revisão da Fauna Aquática no Parque Nacional do Alto Purus’, financiado pela Fundação Nacional da Ciência (NSF, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, apresenta um comportamento um pouco diferente das demais.
Ao invés de absorver o alimento que está na madeira, a espécie possui um grupo de bactérias no intestino capaz de digerir a celulose. O mecanismo pode ser comparado ao de uma praga que incomoda muitas pessoas: os cupins.
Mas não se assuste! Eles não ingerem grandes quantidades de madeira, e sim lascas pequenas e algumas partículas de árvores degradadas pela umidade.
Explicação pode se dar por razões evolutivas
O motivo por essa ingestão da madeira (xilofagia) pode se dar por uma questão evolutiva da espécie. Como são – até então – endêmicos dos rios do Alto Amazonas, são comumente encontrados na Amazônia peruana.
Na provável falta de substratos e outros nutrientes na região e a falta de rochas onde os mesmos podem absorver comida, a madeira pode ter sido a melhor opção na procura de alimentos.
Além da madeira, a alimentação do peixe também consiste em algas, crustáceos, detritos vegetais e outros microrganismos.
Outras características
Outro fato curioso é que esses peixes não têm escamas. Seu corpo está protegido por uma couraça ou “armadura” composta por placas muito duras, portanto, também é conhecido como ‘bagre blindado’.
Acredita-se também que as suas fileiras de dentes, denominadas odontodes, servem como demonstração de poder em brigas territoriais com outras espécies invasoras.