Carlos Lezama Villantoy fez um registro do ‘palpa’ e do ‘kasarakuy’, alguns dos nomes que o casamento recebe nos Andes.
Lezama interessou-se pelas suas roupas, pelas suas feições, igrejas onde diziam o ‘sim’, pelos rituais, pelos convidados, pelos sons, tudo que envolve a tradição cultural.
“Às vezes, a mídia não olha para esses eventos porque não são notícias. Mas se mergulharmos nesses temas, naquele céu, nas roupas, vamos descobrir que existe beleza, cores, costumes, existe uma nação. O ‘palpa’, o ‘kasarakuy’, o casamento, é o que nós peruanos somos. Se estudarmos a competição das famílias dos noivos, veremos que não é nada anacrônico, é contemporâneo. Essas fotos são uma viagem ao que nos representa como peruanos: essas pessoas se divertem, se vestem com orgulho e mantêm nossos costumes. É aquele Peru que às vezes a gente não vê”,
afirma.
Ele afirma que, ao contar histórias com imagens, percorre-se caminhos não marcados. Assim, o fotojornalista cumpre sua missão: situar as pessoas com seus protagonistas dentro do que são os Andes e da grande atividade que é o centro dessas celebrações, o ‘ayni’, porque nesses casamentos o que se busca é o bem de toda a comunidade.
Porque o dinheiro que é preso às roupas do casal com alfinetes ou agulhas, explica, é uma versão da ajuda que se mantém viva nas comunidades andinas. O importante, enfatiza Lezama, é o gesto.
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Por trás das lentes, Lezama não busca forçar as imagens ou interferir na situação. “Procuro ver tudo com naturalidade”, diz o fotógrafo.
Olhar com luz, permite-lhe encontrar essas imagens. Por exemplo, no interior das igrejas da montanha, onde as pessoas o ajudam a simbolizar melhor as ideias que quer partilhar. Faz parte do acaso, que é o elemento que acompanha qualquer missão jornalística: você não sabe o que vai encontrar.
“Como fotógrafos documentais temos uma missão tão simples e poderosa, ao mesmo tempo, que é o olhar: a fotografia deve parar o tempo para sempre. As festas do Paucartambo ou da Candelária não são as mesmas há 20 anos, tudo está mudando, e temos que contar o que estamos presenciando. Nenhum artifício. A prática nos leva a ter um comportamento honesto e digno, pois a fotografia sempre dignificou”, comenta.