O Brasil, claro, não é o único que vive de lendas e folclore, outros países da Amazônia Internacional também possuem seus próprios causos e mistérios
Lendas e personagens folclóricos fazem parte da construção cultural de um determinado lugar. Na região amazônica, por exemplo, existem várias lendas que estão integradas com a identidade local, como o boto cor-de-rosa, Mapinguari, Curupira e Matinta Perera. Essas histórias criam uma identificação única e perpetuam a história por gerações.
Porém, não é apenas o Brasil que vive de lendas e folclore. Outros países da Amazônia Internacional também possuem seus próprios causos e mistérios. O Portal Amazônia te mostra alguns personagens interessantes do folclore internacional. Confira:
Patasola (Colômbia)
Toda boa lenda que se preza precisa de um personagem que proteja a floresta amazônica. Na Colômbia, o papel de protetora fica para a Patasola, que é descrita como um ser feroz. Ela possui uma única perna em forma de casco, porém, é ágil e pode se locomover rapidamente. Às vezes, o ser é descrito como uma bela mulher que seduz os homens para matá-los. Há quem diga que a Patasola é uma mulher velha com apenas um seio, ossos largos e grandes presas afiadas.
De acordo com as lendas locais, a Patasola é uma alma que vaga pelas matas em busca de vingança, após ser assassinada pelo seu marido. O estopim do assassinato seria que a descoberta de uma traição do esposo e como forma de repreensão, o homem arrancou a sua perna e a matou.
Silbón (Venezuela)
Talvez uma das lendas mais populares na Venezuela, o Sildón se tornou inspiração para diversas canções do país. Segundo a lenda, um jovem malcriado insistiu para o pai caçar um veado. O homem decidiu acatar o pedido do filho e foi caçar, mas, depois de um tempo, o rapaz saiu em busca dele.
O homem não conseguiu encontrar um veado para caçar. Com raiva, o jovem o matou, levando as vísceras para casa. Ele as entregou para a mãe, que sem saber de nada começou a cozinhá-las. Porém, as vísceras não ficaram prontas e a mulher desconfiou. Ao interrogar o filho, ela descobriu a morte do marido. Furiosa, ela o amaldiçoou, enquanto o seu irmão mandou chicoteá-lo, jogando pimentas em suas feridas.
Na realidade, as versões para o motivo do crime variam. Em alguns lugares, as pessoas contam que o pai havia abusado da esposa do homem, por esse motivo, ele decidiu matá-lo.
Então a história de tornou lenda, na qual o espírito do jovem malcriado aparece nas noites escuras de maio para as pessoas que festejam nas planícies. Sua aparência é apavorante, pois ele está com suas roupas rasgadas, carrega uma sacola com restos mortais e assobia algumas notas musicais horripilantes.
Chiriguana (Bolívia)
As etnias indígenas também são grandes responsáveis pela perpetuação de lendas e causos. Na Bolívia, existe a história de dois irmãos da etnia tupi-guarani: Tupaete e Aguara-tumpa, bem e mal, criação e destruição.
Com ciúmes da criação de seu irmão, Aguara-tumpa incendiou todos os campos e florestas onde os Chiranguanos habitavam. Como forma de proteção, Tupaete recomendou que os indígenas se mudassem para os rios, mas seu irmão não desistiu e fez chover até que a região ficasse alagada.
Já entregue ao destino, Tupaete avisou aos filhos que eles sucumbiriam. No entanto, para salvar a linhagem, ele escolheu dois dos mais fortes entre todos para que eles ficassem presos em uma grama gigante até que o caos cessasse.
Após a provação de Aguara-tumpa, os sobreviventes deixaram o esconderijo e conheceram Cururu, um sapo gigante que lhes deu a habilidade de controlar o fogo.
A mulher mula (Venezuela)
A mula sem cabeça não é a única que assusta as pessoas. Por volta de 1815, na Venezuela, uma idosa foi a um restaurante de Caracas onde sua filha trabalhava. Porém, a moça recusou a dar comida para a própria mãe e a expulsou do bar. Desolada, a velhinha encontrou um homem que lhe entregou uma moeda com a cruz de Santo André no selo.
O tal homem a orientou a voltar ao bar, pedir a comida e pagar com o dinheiro e dizer: “Fique com o retorno para comprar malojo”. Assim a idosa o fez e, em seguida, a filha se transformou da cintura para cima em uma mula. A partir deste momento, a mulher aparece rezando na igreja de Las Mercedes coberta com um manto branco.
Tunche (Peru)
Para ser protetor precisa ser bonzinho? Bem, no caso do Tunche não. Ele é um espírito maligno que assombra a floresta peruana e coloca medo nas pessoas com o seu assobio assustador. De acordo com uma das versões da lenda, o Tunchi é o conjunto de espíritos que morreram na floresta.
Para atrair suas vítimas, o Tunche assobia uma certa melodia e espera que as pessoas respondam com a mesma canção. Se a resposta for positiva, os Tunche vão aparecer e aterrorizar a pessoa em questão. No entanto, se essa pessoa respeitar a natureza ao longo de sua vida, o espírito não será especialmente mau.
Kuartam, o sapo (Equador)
É possível um sapo se transformar em tigre? De acordo com a lenda de Kuartam, sim. Uma antiga história afirma que na floresta equatoriana vivia um sapo, porém, diferente dos outros, este virava um tigre quando era incomodado.
Quem enfrentou a fúria do Kuartam foi um caçador da cultura Shuar. Antes de sair para caçar na floresta, o homem foi orientado pela esposa para não zombar do som emitido pelo animal.
Ao entrar na floresta, o homem ouviu o som peculiar e imitou em tom zombeteiro. Irritado, o sapo se transformou e comeu parte do corpo do caçador.
A esposa do caçador, ao saber do ocorrido, decidiu se vingar e matar o sapo. Uma vez que o encontrou, derrubou a árvore onde estava causando a morte do animal. Dentro do animal, a mulher encontrou os restos mortais do marido.