Vítima da Covid-19, aluno indígena de pós-graduação da Ufam é homenageado com defesa póstuma

Ely Macuxi, aluno do PPGAS, faleceu às vésperas de defender a tese de mestrado

O Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), realiza defesa póstuma da dissertação de mestrado de Ely Ribeiro de Souza, conhecido como Ely Macuxi, no dia 12 de fevereiro, às 14h horário Manaus (15h horário Brasília), com transmissão ao vivo via Youtube

Docentes e discentes organizaram a atividade online em homenagem ao pesquisador que se dedicou à ciência, educação e trajetória à causa indígena.

Foto: Reprodução/Facebook

O aluno indígena, às vésperas de defender seu mestrado, perdeu a luta para a covid-19. Ely faleceu no dia 21 de janeiro e o colegiado do PPGAS/Ufam, em acordo com seu orientador, decidiu realizar a defesa de seu trabalho “RELAÇÕES INTERÉTNICAS EM CONTEXTO URBANO: Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno – COPIME”.

A Abertura da Sessão terá pronunciamento do professor Carlos Machado Dias Jr., coordenador do PPGAS/Ufam. Na sequência haverá apresentação do professor Raimundo Nonato Pereira da Silva (PPGAS/Ufam), orientador. Participam também os professores Antônio Carlos de Souza LIma (PPGAS/Museu Nacional/UFRJ), João Pacheco de Oliveira Filho (PPGAS/Museu Nacional/UFRJ/Ufam), representante da COPIME, representante do Colegiado Indígena PPGAS/Ufam. No final da defesa, a família receberá o certificado (Ata) como homenagem.

Ely participou do curso de licenciatura Indígena “Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável”, atuando como professor no curso de formação de professores indígenas, Projeto PiraYawara, no município de São Gabriel do Rio Negro (AM).

Dissertação

A partir da década de 1990, ampliou-se o processo de mobilização social e política protagonizada pelas lideranças indígenas residentes no estado do Amazonas e na capital amazonense. Esse movimento se fortaleceu a partir das ações da Coordenação das Organizações da Amazônia Brasileira (COIAB) e por organizações como a Associação das Mulheres indígenas do Rio Negro (AMARN), Associação Indígena das Mulheres Sateré-Mawé (AMISM), o Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (MEIAM) e contou com o apoio de instituições de causas humanitárias, ONGs, entidades governamentais.

A ação conjunta das lideranças indígenas e seus apoiadores resultou a partir dos anos de 2000, na constituição de importantes organizações indígenas, dentre elas, a Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (COPIME) em 2011, agregando 47 organizações indígenas de Manaus e mais 12 situadas nos municípios e entorno da cidade de Manaus, representando aproximadamente três mil indígenas. Nesse contexto, a presente dissertação, intitulada: “RELAÇÕES INTERÉTNICAS EM CONTEXTO URBANO: Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno – COPIME”, teve por objetivo analisar a ação política da COPIME, no período de 2011 a 2018, com ênfase sobre as dificuldades enfrentadas pela COPIME na organização e defesa dos direitos indígenas em Manaus e entorno.

A hipótese que norteou a pesquisa é que tais dificuldades decorrem de dois fatores: a falta de unidade das organizações na luta política e o não reconhecimento étnico ao atendimento às reivindicações indígenas por parte do poder municipal. Desse modo, partiu-se da preliminar de que os limites e possibilidades das ações da COPIME são de ordem étnica, política e administrativa no contexto das relações internas, mas também de ordem política de resistência por parte do poder público em não atender às demandas sociais indígenas na quantidade e qualidade desejadas.

Assim sendo, a presente pesquisa demonstra o protagonismo indígena através do processo de institucionalização da COPIME, enquanto elemento organizador, político e de decisão, na luta política étnica pelo acesso às políticas sociais, suas dificuldades e os ganhos políticos e sociais efetivos para os povos indígenas em Manaus e entorno. 

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