O epidemiologista explica que com o relaxamento os casos devem continuar subindo
Jesem Orellana, epidemiologista e pesquisador da Fiocruz/Amazônia relatou sobre a decisão da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, em relaxar as medidas de restrições do decreto do Governo do Estado, em Manaus.
O pesquisador comenta que é um assunto delicado, porém não vê com surpresa a decisão. “É o que temos dito do controle negligente e até certo ponto irresponsável da epidemia no Amazonas. Essa flexibilização precoce feita pelo estado do Amazonas, sem nenhum fundamento epidemológico claro é uma flexibilização que não nos surpreende. Foi assim na transição da primeira para a segunda onda e está se repetindo da segunda para a terceira onda. E não vemos com nenhuma surpresa. É algo que a gente espera dada a enorme impunidade. Talvez o caso mais triste de impunidade na gestão de toda pandemia em questão é em Manaus.”
Ele comenta sobre o que esperar com esse relaxamento das medidas restritivas. “A gente sabe o que acontece quando você relaxa precocemente as medidas de distanciamento físico. Principalmente nesse momento em que você tem uma nova variante circulando, possivelmente mais perigosa que as 17 variantes conhecidas no Amazonas. Nesse momento em que a rede médica está completamente colapsada com quase 40 dias de pacientes em fila de espera, morrendo no domicílio, especialmente no interior.”
Jesem Orellana acredita que com nova variante do vírus, pessoas morrerão em grandes quantidades. “A projeção é essa. As pessoas vão continuar morrendo em grandes quantidades. As pessoas vão continuar adoecendo. Porque quando você relaxa as medidas você aumenta a circulação viral. Aumentando a circulação viral você aumenta o número de doentes, o número de doentes graves, o número de mortes. É mais uma restrição do que estamos acostumando a ver no Amazonas, a naturalização da desgraça, a naturalização da morte num evento banal”.