Idealizador: maestro amazonense Adelson Santos completa 60 anos de carreira

Primeiro regente da Orquestra de Violões do Amazonas e da Orquestra de Vozes da Universidade Federal do Amazonas, o maestro também é autor de diversos livros e compositor de canções famosas no Amazonas. 

O maestro e compositor amazonense Adelson Santos completa 60 anos de carreira este ano e uma história de grande relevância na música, sendo idealizador e primeiro regente da Orquestra de Violões do Amazonas e da Orquestra de Vozes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O maestro também é autor de sete livros, gravou quatro discos e dois CD’s com suas composições, além de ter atuado como professor de pedagogia musical na Ufam e na Universidade Estadual do Amazonas (UEA).

Ao Portal Amazônia, o maestro contou que a influência da música na sua vida veio da família por parte de mãe e que sua tia possuía uma escola de música no bairro Aparecida, localizado na Zona Sul de Manaus. 

“A minha irmã herdou essa musicalidade da minha mãe, que tocava piano, sabe? A minha irmã assistia à aula e eu ficava só de olho, vendo, pensando que eu podia fazer alguma coisa com a música, a partir daquele olhar, já que a aula era feita na minha casa.” 

relembra o maestro.

Foto: Bianca Correia

Contendo sobre suas memórias, Adelson também lembra que admirava a mãe, dona Maria Augusta, tocando piano. “A mamãe sempre tocou piano porque tinha um piano em casa, ela sempre gostava, na época da serenata né? Das serestas”, conta.

Mas Adelson teve o desejo de começar a tocar instrumentos aos 14 anos de idade, quando morava no Ceará, ao ouvir a serenata ‘Janela da minha casa’, com a qual “ficou encantado”. No dia seguinte ele pediu um violão para sua mãe, que lhe fez uma promessa de presentear o filho aos 15 anos.

“Fui à oficina de meu pai, que era carpinteiro, peguei um pedaço de madeira, cortei seis pedaços de arame, só que não tinha som, apenas para treinar o dedo, mas infelizmente não deu certo. Um amigo meu que morava na frente da minha casa tinha um violão e eu tinha um material de desenho, então eu troquei o material de desenho pelo violão. Depois, quando fiz 15 anos, minha mãe me deu o violão prometido e eu devolvi o do meu amigo”,

revela.

Foto: Bianca Correia

O maestro teve as primeiras aulas com um comerciante que trabalhava pelo rio Amazonas, que tocava violão e tinha uma residência em frente a sua casa. Foi então que ele passou a fazer serenatas por Manaus, em específico, pelo Centro da cidade. A sua primeira apresentação foi em parceria com um cantor chamado Jander Rubens, quando ele tinha 12 anos e Adelson 15 anos.

“A gente ia para a rádio, seis horas da manhã. Todo sábado a gente ia pra lá pra cantar e era sucesso da Rádio Baré, que ficava ali na Eduardo Ribeiro. A gente recebia convite para fazer shows. Nas escolas tinha muito show e era o maior sucesso, ele cantando e eu tocando violão. Começou dali as atividades de eventos e de show”, explica.

Formado em Letras em 1973 pela Universidade do Amazonas e em Educação Artística, com habilitação em Música, pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), o músico também possui Pós-Graduação em Educação Musical no Conservatório Brasileiro de Música, em 1985 e em Arte-Multimídia, em 1998, ambos pela Ufam.

Foto: Bianca Correia

Em 1974, gravou um disco compacto no Rio de janeiro e, no ano seguinte, foi lançado o primeiro disco de sua carreira. Entre seus maiores sucessos estão ‘Não Mate a Mata’, ‘Sonhos de Voar’, ‘Dessana’ e ‘Baião Fluvial’.

Em 2005, teve sua ópera ‘Dessana, Dessana’ apresentada no IX Festival Amazonas de Ópera. Além disso, publicou livros de ensino musical, como o ‘Método de Violão para Ritmo e Harmonia’, seu primeiro livro publicado em 1987; ‘A Arte da Harmonia’, em 1996; ‘Composição e Arranjo – Princípios Básicos e Partituras com Composições’ e ‘Arranjos para grupo de 4 violões’ sendo os mais recentes.

Criação da Orquestra Vozes da Ufam

Segundo Adelson, a ideia de criar a Orquestra de Violões já era algo que ele praticava em suas aulas, quando era professor de ensino superior.

“Quando eu estava dando aula, eu já pegava os alunos mais ‘espertos’ e sugeria para fazer um grupo, e com isso, saia por aí para roda viva. Era um sucesso danado, porque eram oito a nove violonistas, todo mundo já fazendo o que fazia uma orquestra, mas de forma muito rudimentar. E aí, o Robério (Robério Braga) me chama para fazer a orquestra de violões e então fizemos um concurso. O violonista que tinha mais ou menos uma formação básica, em Manaus, entrava na orquestra”, comenta.

Foi então que o reitor da Ufam à época convidou o músico para montar uma orquestra na universidade, intitulada de ‘Orquestra Vozes da Ufam’, com 12 cantores, sete violinos, além de outros instrumentos. Ao todo, a orquestra contou com 50 artistas e foi comandada pelo maestro por oito anos.

Foto: Bárbara Umbra

Produções Musicais

Em sua carreira, o maestro também produziu as seguintes obras: 

– Produção de música computadorizada no software Finale, Trilha sonora para o CD-ROM, Os poetas na Literatura Amazonense, produzido pela FUCAPI, em 1996; 

– CD “Dessana Dessana”, gravado ao vivo na sala Cecília Meireles, do Rio de Janeiro, em dezembro de 2001, com a Orquestra Amazonas Filarmônica e Coral do Amazonas; 

– Além de participações como no CD “Segundas no Palco”, com a composição “Contradições”, em 2003.

Adelson Santos fez ainda participação em grupos musicais como: ‘The Rocks’, em 1968; ‘Extremo Norte’, em 1975; grupo de violões ‘Quinta Diminuta’ e ‘Quarteto Dessana’, em 2000.

Reencontros Sonoros

Em comemoração aos seus 60 anos de carreira, será realizado o show “Reencontros Sonoros” nesta quarta-feira (14), às 20h, no Teatro Amazonas, no Centro de Manaus.

Adelson Santos convida para dividir o palco do teatro vários artistas que ao longo da sua jornada musical estiveram presentes em algum momento. O maestro reuniu algumas músicas ícones, mas também estreia sua nova composição: “Amor na pandemia”.

Entre os cantores convidados estão: Jander Fonseca, Luziene Lins, Fabiano Cardoso, Rebeca Leitão, Clara Cândido, Flávia Procópio e Samantha Carvalho. Os instrumentistas são: Bianca Correia (baixo), Daniel Marcos (sax alto), Neil Armstrong (violão), Breno Di Andrade (piano), Tércio Macambira (bateria), Noval Benayon (percussão) e Jéssica Sabino (violino). O show também contará com o quarteto da Orquestra de Violões do Amazonas. 

A entrada é gratuita. 

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