Dois carros foram abandonados pelos seus donos no estacionamento do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes há vários anos e não podiam ser removidos do local.
O Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus (AM), guarda vários mistérios e histórias em seu entorno. É considerado o maior aeroporto da Região Norte do Brasil, com capacidade anual para 13,5 milhões de passageiros e um dos mais movimentados do país em transporte de mercadorias.
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Localizado na Avenida Santos Dumont, no bairro Tarumã, na Zona Oeste da cidade, abriga um dos maiores cemitérios de aviões do país. Mas, além deles, o local intriga por outra situação: dois carros foram abandonados pelos seus donos no estacionamento do aeroporto há vários anos.
Os carros são dos modelos Mercedes-Benz C180 e um Fiat Pálio de 2002 e estavam estacionados um ao lado do outro em uma área deserta do estacionamento.
Muitos rumores surgiram na internet para tentar desvendar o porquê desses carros estarem há tanto tempo no local, mas ninguém, de fato, veio a público contar as histórias.
A principal hipótese que é contada pelos manauaras, é que os donos dos dois carros acabaram falecendo em um acidente de avião no ano de 2006, quando 154 pessoas morreram. Entre uma dessas pessoas, supostamente estavam os donos dos carros e, por conta de suas mortes, não puderam buscar os veículos.
Familiares do dono de um dos veículos tentaram recorrer à posse para retirar o carro, porém a justiça negou o pedido. Com isso, os carros acabaram se tornando propriedade do aeroporto, sem poder retirá-los do estacionamento por ordem judicial.
Onde estão?
No ano de 2013, o aeroporto passou por reformas na estrutura, incluindo o estacionamento. No total, R$ 444,46 milhões de reais foram investidos nas melhorias do aeroporto. Com essa reforma, os carros tiveram que ser realocados para o Terminal 2 do Aeroporto Eduardo Gomes, popularmente conhecido como o ‘Eduardinho’, antes de ser desativado.
Após a finalização da reforma, os carros foram devolvidos ao aeroporto e colocados um ao lado do outro novamente. Entretanto, quem quem deseja ver os carros para conferir de perto como estão os veículos não será mais possível.
A assessoria da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que os carros foram retirados do local após a terceirização do serviço de estacionamento. O Portal Amazônia entrou em contato com a empresa responsável para saber sobre o destino final dos carros, mas não obtivemos resposta.
O acidente
No dia 29 de setembro de 2006, um avião da Gol Linhas Aéreas se chocou no ar com outro avião. O Boeing fazia o voo 1907 e havia saído de Manaus com destino ao Rio de Janeiro (RJ), mas faria uma escala na cidade de Brasília, com 154 pessoas a bordo.
Por volta das 15h34, o avião saiu de Manaus e voava a 11 mil metros quando bateu em um jato Legacy que tinha como destino os Estados Unidos. O jato tinha saído de São José dos Campos, em São Paulo, às 14h51 da tarde, e faria uma parada em Manaus.
Por volta das 20h, a ponta da asa esquerda do jato Legacy colidiu com o Boeing da Gol, provocando a desestabilização e a queda do avião em uma área de floresta, na Serra do Cachimbo, no Sul do Pará, na divisa com o Mato Grosso. Infelizmente, o Boeing 737 acabou quebrando durante a queda, até atingir o solo, matando todos os tripulantes.
Já o jato Legacy, apesar de estar bastante danificado, conseguiu fazer um pouso de emergência em um campo de aviação militar. No avião de pequeno porte havia sete passageiros e todos conseguiram sair sem ferimentos graves.
Na manhã do dia seguinte, os militares conseguiram encontrar os destroços do avião e os corpos começaram a ser resgatados. As duas caixas-pretas do Boeing da Gol foram encontradas na segunda-feira, 2 de outubro, e confirmaram a colisão com o jato Legacy.
O trabalho de resgate durou cerca de 50 dias e envolveu mais de 800 pessoas, entre militares e voluntários.
Dois anos após o acidente, em dezembro de 2008, um relatório final foi divulgado no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB). Além de responsabilizar o controle nacional de tráfego aéreo pelo acidente, o documento apontou falhas dos pilotos do Legacy, os norte-americanos Joe Lapore e Jan Paladino.
Somente em 2011 os pilotos americanos foram ouvidos e condenados pela Justiça Brasileira a quatro anos e quatro meses de regime semiaberto pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo na modalidade culposa.
Em outubro de 2012, a pena foi diminuída para três anos e um mês em regime aberto. A Justiça também condenou um dos quatro controladores de voo envolvidos no acidente a uma pena de três anos e quatro meses em regime aberto.