Conheça 3 páginas nas redes sociais que reúnem memórias e relíquias manauaras

Um verdadeiro acervo iconográfico foi criado pelos fundadores das páginas que buscam contar a história de Manaus de formas diferentes.

Manaus (AM) comemora 353 anos em 2022. Durante esses mais de 300 anos, a cidade se adaptou conforme os momentos históricos e sociais, sem perder a sua identidade, principalmente após a belle époque, quando a cidade passou a ser “moderna” e luxuosa, para atrair várias pessoas do Brasil e do mundo para conhecer a capital amazonense.

No entanto, é possível que a maior parte da população, que deseja relembrar ou saber um pouco mais sobre como era Manaus em determinado momento histórico, não saiba por onde começar. Mas com a ascensão das redes sociais no século XXI, não é preciso nem ir até a biblioteca pública.

Foi com essa praticidade que três pessoas decidiram, por meio do Instagram, mostrar seus acervos históricos. O Portal Amazônia conversou com os fundadores dos projetos ‘Manaus na História’, ‘Manaus de Antigamente’ e ‘Janelas de Manaus’ para saber como surgiu a ideia.

Foto: Diego Oliveira / Portal Amazônia

Manaus na História 

Fundado durante a pandemia, em 2020, a página ‘Manaus na História‘ retrata fotografias de uma Manaus antiga. Criada pelo Eliton Reis, o perfil já conta com mais de 100 mil seguidores e já tem mais de 3 mil publicações somente no Instagram. Já no Tiktok, a conta já conta com quase 86 mil seguidores e 678 mil curtidas e no Facebook, a conta chega a 24 mil seguidores.

“Em 2004, quando estava no ensino médio, em que minha classe falou sobre o guerreiro Ajuricaba e o que ele fez para entrar na história de Manaus, acabei me interessando pela história de Manaus. Desde então montei uma coleção, agora digital, de imagens e informações sobre locais, personagens e fatos que marcaram a cidade”, 

explica.

Eliton consegue material através de CD-ROMs que vinham em jornais, imagens antigas capturadas em fitas VHS, pesquisa em bibliotecas virtuais do mundo inteiro, assim como as bibliotecas físicas disponíveis na capital amazonense.

“Hoje já não procuro tanto, pois já tenho material para pelo menos uns dez anos. Comprei um armazenamento em nuvens e fiz backup de pelo menos 2 Terabytes de arquivos, tanto em PDFs, vídeos e imagens históricas. Mas esporadicamente faço uma nova varredura nas bibliotecas virtuais para achar imagens novas ou atualizar imagens com resolução melhor”, conta.

Foto: Reprodução/Instagram-manausnahistoria

Em relação a qualidade das fotos e imagens, Eliton faz uma minuciosa busca para entregar a melhor resolução. Além disso, ele também faz uso de, pelo menos, cinco programas no computador utilizados para tratamento e colorização de imagens e remasterização de vídeos, para mostrar imagens históricas com a máxima qualidade para os seguidores.

“O público fica impressionado com as mudanças que ocorreram com a cidade no decorrer dos anos, um misto de espanto, às vezes indignação, pois nas postagens mostro a foto histórica e a sua situação atual, um antes e depois”, comenta.

Com planos para o futuro, o criador do Manaus na História pretende continuar com o projeto: “Seguir mostrando a nossa Manaus antiga para todos, servindo de fonte de pesquisa e apreciação para a atual e futuras gerações, não repetir erros lá de trás e buscar acertar o presente, para que nosso futuro seja o melhor possível”.

Manaus de Antigamente

Uma das páginas pioneiras desses acervos digitais é a ‘Manaus de Antigamente‘, fundada em setembro de 2012 pela professora de arte e história da arte, Gisella Braga. 

“No momento que eu vi a necessidade de fazer um trabalho de divulgação do centro histórico, começamos a falar sobre a Manaus antiga, mostrando fachadas de prédios antigos que estavam abandonados e de prédios que são tombados que estavam em processo de restauro há muito tempo fechado. E também fomos resgatando fotos antigas de Manaus. Então foi crescendo a comunidade, as pessoas foram se identificando com a necessidade de valorizar mais o nosso centro histórico e a página cresceu bastante, como um acordo entre todas as pessoas que seguem”,

conta Gisella.

Gisella conta que no início do trabalho as buscas começaram em bibliotecas virtuais, como a biblioteca do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é uma biblioteca pública com vários registros de anos como 1960, 1990, entre outros tantos.

Foi então que eles partiram as buscas para as bibliotecas do governo amazonense, outros sites e blogs, além de jornais e revistas antigas. Atualmente, a Manaus de Antigamente tem como fonte de pesquisa principal o próprio público. 

“Eu recebo diariamente muitas fotos, dez a quinze fotos diariamente, vou selecionando as que têm um valor histórico e vou postando. Muitas pessoas possuem fotos de locais que não foram fotografados pelos jornalistas, por grandes fotógrafos. Mas que foram registrados pela população, essa população envia essas fotos e a gente sempre divulga e deixa público pra todo mundo”, revela.

No Facebook, a página conta com quase 200 mil seguidores, enquanto no Instagram conta com 68 mil e no Twitter mais de 10 mil seguidores. O projeto ainda conta com um blog.

Foto: Reprodução/Facebook-Manaus de antigamente

“O nosso público é pequeno. A maioria são pessoas maduras, pessoas que viveram na Manaus antiga e se sentem muito saudosos e se emocionam, ficam felizes de ver fotos de lugares que frequentaram, até mesmo de familiares. É um público que reage com muita saudosidade”, afirma a professora.

Gisella explica ainda que quer manter o foco do seu trabalho na cidade de Manaus, já que as pesquisas requerem uma responsabilidade e compromisso que levam tempo.

“A gente precisa fazer leitura de livros, leitura de jornais e revistas antigas, precisa pesquisar de verdade. Então tem que ser feito com muita responsabilidade e eu garanto que hoje em dia eu não consigo mais ter esse compromisso de fazer uma pesquisa mais aprofundada de outras cidades, eu consigo mesmo elaborar bem os trabalhos feitos em Manaus”,

informa.

Janelas de Manaus

Fundada em 2019, pela finalista do curso de arquitetura e urbanismo Suany Ximenes, a ‘Janelas de Manaus‘ conta a história da cidade de uma forma curiosa: através da reprodução das janelas desenhadas pela artista. 

“Quando criei o (perfil) Janelas de Manaus, a minha primeira janela a desenhar foi a da casa da minha avó. Quis trazer o desenho porque a janela não existe mais, mas as memórias estão dentro de mim e das melhores lembranças de infância, as que foram vistas daquela janela, eu nunca esqueci e eu tinha certeza que mais pessoas se identificariam. Fundei a Janelas de Manaus com o intuito de contar histórias através das janelas, mostrar sua arquitetura, seu estilo, sua estética, suas técnicas construtivas, suas origens e mostrar onde elas vivem dentro da cidade de Manaus”,

explica Suany.

A página começou a ter postagens no dia 24 de outubro de 2019, no mesmo dia do aniversário de Manaus, e a conta no Instagram já alcança 12 mil seguidores e 365 publicações. A estudante também já possui experiência de trabalho com arqueologia e arquitetura de centro histórico. Entre as suas visitas, ela conta a sua experiência mais marcante.

“As janelas da casa 69 e 77 são as minhas experiências mais marcantes, são janelas peculiares e que não se vê na cidade, até porque são do período colonial e tem apenas ali pela rua Bernardo Ramos e ao entorno. São janelas com formas diferentes, técnicas diferentes e que aguçam muito mais meu desejo de conhecer sobre elas. Elas contam histórias nas suas fachadas e isso é muito especial para mim”, conta. 

Janela da casa 69. Foto: Suany Ximenes / Cedida

Seu processo de pesquisa é a leitura e ela conta que sempre procura ler e pesquisar sobre as janelas, seja pelos livros de autores amazonenses, quanto em livros de arquitetura que contem sobre as técnicas.

“Quanto mais eu busco, mais aprendo e tento passar para o público da Janelas de Manaus. Nas visitas ao centro histórico, tento olhar com muito detalhe cada fachada, cada janela e, assim, vou identificando cada uma em diferentes estilos arquitetônicos”, explica a estudante.

Foto: Reprodução/Instagram-janelasdemanaus

 Ao perguntarmos sobre como é a sensação da criação do projeto, Suany conta que se sente realizada: “Encontrei muitas pessoas que se identificaram e que sempre mandam mensagens compartilhando um pouco das lembranças que tiveram quando passam pelas janelas e muitas através do Instagram das janelas, acabam matando um pouco a saudade de infância e até da nossa cidade. Alguns seguidores que já moraram em Manaus e que moram em outras cidades comentam. Então me sinto muito realizada por saber que estou satisfazendo um grande público”.

Com perspectivas para o futuro, Suany Ximenes montou um atelier com produtos sendo oferecidos e requisitados pelo público, através do site, nas feiras e pelo Instagram.

“Através da realização que é o atelier, as minhas perspectivas são sempre dar o meu melhor através do meu olhar para as janelas, para a cidade. Estou criando um livro, acredito que ele seja a minha grande perspectiva futura no momento. Um livro ilustrado contando as histórias e as técnicas de cada janela da nossa cidade de Manaus”,

revela.

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