Não é a primeira vez que os clubes estão do mesmo lado. Em 2017, a parceria, representada pelo Iranduba, chegou à semifinal do Brasileiro Feminino, caindo para o campeão Santos na semifinal
Uma das maiores rivalidades do futebol feminino brasileiro está no Amazonas. Iranduba e 3B da Amazônia travam uma disputa acirrada por títulos acirrados e trocam farpas, dentro e fora de campo. Mas, por uma causa maior, os clubes estarão unidos novamente, como foi até 2017. O 3B cedeu elenco e membros da comissão técnica ao rival, que vive uma profunda crise financeira e tinha apenas quatro jogadoras registradas para a sequência da Série A1 (primeira divisão) do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino.
“Há umas três semanas, o Lauro [Tentartini, diretor do Iranduba] me procurou querendo quatro atletas por empréstimo. Eu tinha 15 jogadoras, então, ficar sem elas poderia prejudicar o meu time. Então, propus a ele emprestar o time todo e arcar com os custos. Fomos conversando”, conta o presidente do 3B, Bosco Brasil Bindá.
Os dirigentes foram atrás de respaldo jurídico para a parceria, que veio após aval da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por meio de ofício. Com isso, 17 jogadoras do 3B, que disputa a Série A2 (segunda divisão) do Brasileiro, já aparecem no Boletim Informativo Diário (BID) como registradas pelo Iranduba. “O acordo vai até 18 de outubro, quando acaba a primeira fase [da Série A1]. Até o dia 26, as atletas têm que estar no BID pelo 3B, para a volta da Série A2”, explica Bindá.
“Nosso treinador, o [João Carlos] Cavalo, comandará o time, mas a comissão será do 3B. Na verdade, caiu do céu [a parceria]. Ela foi fundamental para a sobrevivência do Iranduba”, destaca Tentartini, dirigente do Iranduba.
Ele não exagera. O Hulk, como é conhecido o clube manauara, volta a jogar pela Série A1 no próximo sábado (29), às 20h30 (horário de Brasília), contra o Vitória, em Salvador (BA). Será o primeiro jogo do time desde a paralisação do campeonato, em março, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Antes da parceria, o elenco contava apenas com quatro atletas, sendo que duas sequer estão na capital amazonense. O Iranduba afirma que a patrocinadora master, a empresa britânica Vegan Nation, não cumpriu o contrato firmado no fim de 2018, que previa o pagamento por meio de moedas virtuais, o que não aconteceu. A previsão é de que elas entrassem no mercado em 2019 para serem trocadas por dinheiro.
O caso está na Justiça, mas, enquanto isso, a crise financeira atrapalha o clube, que perdeu quase todo o elenco durante a paralisação. O Iranduba faz uma campanha online de financiamento coletivo para ajudar a pagar as despesas do grupo. Até o momento, foram arrecadados cerca de R$ 4,9 mil.
Parceria antiga
Não é a primeira vez que os clubes estão do mesmo lado. Em 2017, a parceria, representada pelo Iranduba, chegou à semifinal do Brasileiro Feminino, caindo para o campeão Santos na semifinal. O jogo de ida, em Manaus (AM), reuniu mais de 25 mil pessoas na Arena da Amazônia. Até novembro do ano passado – quando o Corinthians levou 29 mil torcedores à Arena na final do Campeonato Paulista – o público na capital amazonense era o maior da modalidade em um jogo entre clubes no Brasil.
Ele não exagera. O Hulk, como é conhecido o clube manauara, volta a jogar pela Série A1 no próximo sábado (29), às 20h30 (horário de Brasília), contra o Vitória, em Salvador (BA). Será o primeiro jogo do time desde a paralisação do campeonato, em março, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Antes da parceria, o elenco contava apenas com quatro atletas, sendo que duas sequer estão na capital amazonense. O Iranduba afirma que a patrocinadora master, a empresa britânica Vegan Nation, não cumpriu o contrato firmado no fim de 2018, que previa o pagamento por meio de moedas virtuais, o que não aconteceu. A previsão é de que elas entrassem no mercado em 2019 para serem trocadas por dinheiro.
No mesmo ano, as equipes seguiram caminhos opostos, criando um dos principais clássicos do futebol feminino no país. As provocações entre dirigentes foram constantes no início, mas, com o tempo, a rivalidade passou a se limitar ao gramado, com três finais de Campeonato Amazonense: duas vencidas pelo Iranduba e uma, a última delas, pelo 3B.
“O intuito [da parceria] é que eles continuem fortes, senão, praticamente acaba o futebol feminino no Amazonas. Para ter ideia, só dois times se credenciaram a participar do Estadual [deste ano]: nós e o Sul-America. Se for só esses dois, não tem campeonato”, argumenta Bindá, que coloca a manutenção do Iranduba na Série A1 como principal objetivo no Brasileiro.
“O elenco foi formado para a Série A2, não para a Série A1. Quero até que o público entenda isso. Temos dez jogos pela frente e quero entregar o Hulk fora da zona de rebaixamento, para que eles tenham gás na primeira divisão e estejam em uma situação melhor”, conclui o presidente do 3B.
Com o empate do Flamengo com o Internacional, em Porto Alegre (RS), na quarta-feira (26), o Iranduba encerrou a quinta rodada no Z-4, com seis pontos. A equipe ocupa o 13º lugar, a frente de Audax, Ponte Preta e Vitória, que ainda não pontuaram.