A ideia de criar o Boi Manaus surgiu em 1996, durante uma das edições do Bar do Boi que, até então, acontecia na TV Lândia Mall.
A musicalidade do Amazonas é encabeçada pelo ritmo da toada. As canções populares são conhecidas pela maioria dos amazonenses, principalmente, aqueles que viveram a apoteose da toada na década de 1990. Foi pensando nisso, que as autoridades inseriram no calendário de festividades do aniversário de Manaus, celebrado em 24 de outubro, o Boi Manaus, uma festa que teve a primeira edição realizada em outubro de 1997.
A ideia de criar o Boi Manaus surgiu em 1996, durante uma das edições do Bar do Boi que, até então, acontecia na TV Lândia Mall (atual Plaza Shopping). Com tamanha repercussão no decorrer das edições, o evento acabou sendo transferido para o Sambódromo da capital, localizado na Zona Oeste.
Outro dos diferenciais do Boi Manaus, além de celebrar as toadas, é o uso dos tururis, uma espécie de abadá regional. Os foliões customizavam os tururis e, dessa forma, acompanhavam os trios-elétricos, que tocavam o melhor do ‘dois pra lá, dois pra cá’ dos bumbás Garantido e Caprichoso. Além disso, o Boi Manaus contava com um esquenta, a Feirinha do Tururi, onde os brincantes podiam comprar os seus tururis e ainda conferir shows com grupos regionais.
Em outubro de 2014, o evento ganhou um novo formato e aconteceu em três lugares diferentes: o sambódromo, a Avenida Itaúba (Zona Leste) e a Arena da Amazônia. Na época, a organização afirmou que a ideia era levar os artistas locais para todas as áreas da cidade, principalmente, após a construção da Arena da Amazônia, até então, um novo atrativo turístico de Manaus.
Em 2019, as festividades aconteceram no Complexo Turístico Ponta Negra (Zona Oeste), que sediou cinco edições do evento. Devido à pandemia da Covid-19, o evento foi cancelado em 2020.
Já a edição 2021 dispensou os trios elétricos e apostou em palcos no Sambódromo, que ganharam os nomes de Rio Negro e Solimões. Quando a apresentação terminava em um palco, um novo show iniciava no outro lado. Para entrar, o brincante precisava apresentar o cartão de vacinação.
Retorno às origens
Organizado pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), o ‘Boi Manaus” deste ano conta com os ‘Bois Elétricos’, veículos batizados com nomes de grandes artistas de boi-bumbá que faleceram no período da pandemia da Covid-19.
Nostalgia
“Desde sempre”, a vida do amazonense Rivaldo Pereira foi Boi Bumbá. Atualmente, ele dirige o Movimento Amigos do Garantido (MAG) e a G.R.E.S Mocidade Independente de Aparecida, além de comandar o grupo Garantido Show Manaus. Ao Portal Amazônia, Pereira relembrou as primeiras edições do Boi Manaus.
“Começou como uma apoteose da cultura popular. Os bumbás de Parintins sempre se destacaram e levaram a Amazônia para o mundo. Nada mais justo do que agregar a musicalidade da toada na comemoração do aniversário de Manaus”,
disse Pereira.
Além de curtir as festividades do evento, Pereira assumiu a missão de produzir algumas edições dos anos 2000. Ele afirmou ao Portal Amazônia, que organizar de um evento desse porte é complicado, mas, no final, “é gratificante ao se ver o resultado”.
“Na época, eu fiquei assustado, porém fiz o meu melhor para dar a população manauara uma festa digna. Graças a Deus que o Boi Manaus sobreviveu ao tempo. Infelizmente, devido a pandemia da Covid-19, tivemos que pular duas edições, mas voltamos firmes e fortes”, assegurou.
Representatividade feminina
Antigamente era muito mais comum ouvir as toadas nas vozes masculinas. Mas os vocais femininos começaram a aparecer com mais força nas apresentações, conquistando cada vez mais o público.
Em 2007, por exemplo, a cantora Hêmilly Lira, que integrava o grupo ‘As Dessanas’ – ao lado de Isabela Nogueira, Suzy Maury e Julieta Câmara – , apresentou-se pela primeira vez no Boi Manaus. Na época, o quarteto “furou” a bolha e cantou na abertura do evento a música ‘Amazônia Livre’, do compositor Ronaldo Barbosa.
Atualmente, a cantora mora no Rio de Janeiro, onde ganhou a posição de Embaixadora do Bumbá Garantido. Hêmilly lembra com carinho suas participações no Boi Manaus.
“Foi uma época de crescimento, principalmente, para as mulheres que cantavam toada. Aos poucos, fomos ganhando o nosso espaço no Boi Manaus e, também, no universo dos bumbás”,
afirmou.
Márcia Siqueira, Mara Lima, Luanita Rangel, Helen Veras e Anna Cláudia Ribeiro são outras mulheres que se destacaram em edições do Boi Manaus. Para Hêmilly, as mulheres levam garra e uma musicalidade única para os ‘bois elétricos’. “Nós conseguimos o nosso espaço dentro da toada e nada vai nos tirar. Afinal, a mulherada contagia os brincantes e eleva o nível do evento”, assegurou.
Programação
Em seu retorno, a festa segue até o dia 23 de outubro, antecedendo o aniversário da capital amazonense. Quem deseja brincar atrás dos trios elétricos precisa estar com o tururi. São 50 atrações:
21 de outubro
19h – 19h50: Nenê do Boi / Kuarup
20h – 20h50: Alcirio Neto / Felipe Junior
21h – 21h50: Jardel Bentes / Wilson Nobre
22h – 22h50: Carlos Batata / Helen Veras
23h – 23h50: Canto da Mata / Jr. Paulain
00h – 00h50: Isarel Paulain / Tony Medeiros
01h – 01h50: Edilson Santana / A Toada
02h – 02h50: Boi Brilhante
22 de outubro
19h – 19h50: Kamauwrá / Wanderson Rodrigues
20h – 20h50: Denis Martins / Luciano Araújo
21h – 21h50: Kboclos / Cézar Pinheiro
22h – 22h50: Mara Lima / Luanita Rangel
23h – 23h50: David Assayag
00h – 00h50: Marujada / Patrick Araújo / Paulinho Viana
01h – 01h50: PA Chaves / Fabio Casagrande
02h – 02h50: Boi Corre Campo
23 de outubro
19h – 19h50: Toada de Roda / Rei Azevedo
20h – 20h50: Curumins da Baixa / Robson Jr.
21h – 21h50: Márcia Siqueira / Márcia Novo
22h – 22h50: Klinger Jr. / Fabiano Neves
23h – 23h50: Prince do Caprichoso / Carlinhos do Boi
00h – 00h50: Batucada / Sebastião Jr. / Leonardo Castelo
01h – 01h50: Edmundo Oran / Arlindo Neto
02h – 02h50: Boi Garanhão / Patrick Monteiro