Com mais de cinco décadas de existência, os espaços também têm seus lados “sombrios”.
Fantasmas descendo as escadas, piano que toca sozinho e crianças vestidas de branco no jardim. Essas foram algumas aparições assustadoras já vivenciadas em prédios históricos de Manaus.
Quem conta essas histórias são os próprios funcionários, que, diferente do público visitante, passam longas horas nesses locais e muitas vezes ficam sozinhos.
Crianças de branco no jardim
A gerente de turismo Aline Santana, que trabalha há 21 anos em pontos turísticos da capital, conta que se assustou com a aparição de duas crianças vestidas de branco brincando no jardim interno da Casa Eduardo Ribeiro.
“Foi em uma tarde chuvosa e no lugar só tinha eu e um vigilante. Eu trabalhava em uma sala onde ficava um miniauditório da Casa Eduardo Ribeiro. Olhei pela janela e vi duas crianças vestidas de branco brincando no jardim, estranhei a situação e resolvi ir lá pra ver o que tava acontecendo, assim que abri a porta elas sumiram”, contou.
O jardim da Casa Eduardo Ribeiro fica do lado de dentro do local, que é todo rodeado por grades e portas, dificultando a rápida saída de possíveis crianças que estivessem no local.
“Na época eu conversei com o vigilante que estava lá. Ele me disse que não era para me preocupar pois as crianças eram protetoras da Casa”, disse Aline.
Fantasma que toca piano
Foi em 2009 que a servidora pública Edna Rezende foi surpreendida pelo som de um piano que ficava no último andar da Usina Chaminé, no Centro de Manaus.
“Era de manhã bem cedo. A gente estava tomando café quando ouvimos o piano tocar. A outra moça perguntou de mim se eu estava escutando o piano tocar e eu disse que não e fui subindo as escadas para ouvir melhor e ele realmente estava tocando sozinho. Quando eu cheguei lá no último andar não tinha ninguém na sala. A gente ficou morrendo de medo, assustadas”, relembra.
Edna conta que a situação se repetiu outras vezes, mas nunca encontrou ninguém por perto. “Não tinha como ter uma pessoa por perto, até porque o piano estava todo encapado, difícil de alguém ter usado ele”, conta Edna.
Aparições no Teatro Amazonas
A Casa de Ópera do Amazonas também carrega histórias assustadoras em suas escadas e corredores.
Uma das funcionárias do local, Thayná Mariana, conta que certa vez estava fazendo uma vistoria de rotina nas frisas e camarotes no Teatro, quando todas as portas da varanda abriram de forma misteriosa.
“Eu sempre segui o checklist de rotina. A gente chegava e verificava camarote por camarote, todas as frisas e cadeiras para ver se ninguém esquecia nada. Nisso, eu verifiquei também as portas que dão acesso às varandas, nas laterais. Eu verifiquei tudo e todas as portas estavam fechadas e só abririam se alguém levantasse o ferrolho. Na hora em que eu estava descendo pela escada principal, o bombeiro me mandou um rádio perguntando se tinha alguém nesse pavimento porque todas as portas estavam escancaradas. Eu fiquei assustada porque não tem como isso ter acontecido com todas as portas ao mesmo tempo”, relembra Thayná.
Outro fato marcante aconteceu com um outro guia do espaço, chamado Moisés Simões. Ele conta que ele e Thayná estavam perto de uma cortina, dentro do salão de espetáculos, quando foram empurrados por algo que não foi identificado por eles.
“Estávamos perto das cortinas e sentimos aquele empurrão nas costas, como se fosse alguém querendo passar, tinha uma certa força. A gente ficou surpreso quando olhamos para a cortina e não encontramos ninguém por perto. A gente procurou de um lado e de outro, pensando que era alguma pegadinha, mas não tinha ninguém. São uma série de ‘visuras’ que vão acontecendo”, conta Moisés.
O auxiliar de serviços gerais do Teatro Amazonas, Gabriel Souza, conta que chegou a ver um fantasma enquanto descia as escadas do ponto turístico.
“Nós estávamos no terceiro pavimento fazendo serviços de limpeza e quando terminamos fomos descer as escadas. Quando eu estava descendo vejo nitidamente uma pessoa que eu nunca tinha visto na vida, toda de branco, descendo a escada. Eu falei pro meu amigo ‘Olha, quem é esse cara aí, que eu nunca vi?’, só que ele não estava vendo, e eu apontava para a pessoa e ele não via de jeito nenhum. Até que o homem desceu as escadas e sumiu, como se nada tivesse acontecido”, diz Gabriel.
Por Karla Mendes, g1 Amazonas