Trilha, lagoa azul e clima de serra atraem turistas para acampar na floresta amazônica

Ecoturismo em Serra do Navio, no Amapá, tem feito sucesso entre viajantes que querem sair da rotina e encarar a natureza

Um passeio para as férias de dezembro ou janeiro, onde o turista encontra frio e neblina pela manhã, e uma “lagoa azul” no meio da Amazônia, vem sendo descoberto por viajantes brasileiros e do exterior no município de Serra do Navio, no Centro-Oeste do Amapá.

A experiência de ecoturismo ainda incluiu trilha de 3,5 quilômetros por entre a fauna e flora amazônica, e um acampamento em um mirante numa antiga mina da região. Quem acorda cedo, pode conferir o sol nascer sobre as nuvens e a floresta.

Grupo de turistas contemplando paisagem em mirante da mina em Serra do Navio — Foto: Wirley Almeida/Divulgação

O roteiro foi criado pelo guia turístico Wirley Almeida em 2020. Antes disso, segundo ele, o turismo na região era quase inexistente. Realidade diferente da atual, onde por mês são feitos pelo menos quatro trilhas, recebendo pessoas de diferentes locais do estado, do país e do mundo.

“De 2010 a início de 2020 o turismo aqui em Serra do Navio sempre foi fraco. Nunca teve o fluxo que está tendo hoje depois da ideia do acampamento da mina F12. Já veio gente de Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Santa Catarina e turistas internacionais”, contou. 

Acampamento no mirante da mina F12 em Serra do Navio — Foto: Wirley Almeida/Divulgação

O guia, que também atua como guarda-parque e fotógrafo, compara a paisagem no mirante da mina F12 com a do Monte Roraima. Lembrou, no entanto, que a trilha em Serra do Navio tem menos dificuldades para o turista que não é acostumado com esse tipo de aventura.

“Eu recebi turistas que já fizeram a trilha do Monte Roraima, que dura 7 dias, e a paisagem é quase a mesma. A gente tem o nascer do sol, a neblina abaixo formando nuvens que dão sensação que estamos acima delas. É uma paisagem única, tão perto de Macapá, com trilha de nível médio”, disse.

A distância entre a capital e Serra do Navio é de pouco mais de 200 quilômetros, com acesso pela BR-210, passando por comunidades de Porto Grande e Pedra Branca do Amapari. A maioria da rodovia é asfaltada, mas há um longo trecho em que a estrada é de terra. Por isso, se chover, é mais um desafio para acessar a região.

No passeio, é possível conhecer o Rio Amapari e uma das lagoas azuis espalhadas por Serra do Navio, que se formaram com a inativação de minas de exploração de minério na região. A trilha leva ao mirante do acampamento e, chegando no topo, o visitante aproveita o ambiente e a paisagem da melhor forma possível.

E quem já foi até o acampamento tem só lembranças boas. É o caso da biomédica Alexia Matos, de 25 anos, que contou que todo o cansaço da viagem e da trilha foi recompensado com a vista.

“Quando chega no mirante recompensa todo o cansaço. É uma vista muito bonita mesmo, tanto do pôr do sol, quanto do nascer do sol. O tanto que fica coberto de neblina… é um passeio que recompensa muito. A gente faz uma fogueira e faz nosso ‘rolê’ por lá. É clima de aventura”, relatou.

Fauna e flora

O contato com a fauna e flora da Amazônia durante a trilha e o acampamento, segundo o guia, também proporciona avistar espécies difíceis de encontrar por quem habita no meio urbano.

“Nesse acampamento do mirante da mina F12 é possível encontrar diferentes animais, algumas vezes eu já me deparei de encontrar o sapo ‘garimpeiro’, que são sapos venenosos, muito coloridos e que chama muita atenção e também já vi o gato maracajá”, falou Almeida.

Turistas e guia turístico Wirley Almeida (ao centro) em banho na ‘lagoa azul’ em Serra do Navio — Foto: Wirley Almeida/Divulgação

Cenário para fotos

O cenário do mirante e das aventuras da região vira “cartão postal” na memória do visitante, mas também é eternizada em fotografias e vídeos.

A fisioterapeuta estética Glenda Williams, de 26 anos, e o analista de sistemas Jorge Araújo Neto, de 29 anos, se inspiraram na neblina e em todo o clima da região para o ensaio de casamento.

“Foram 4 horas de viagem e super valeu a pena. Lá tem uma neblina logo de manhã cedo, que é a coisa mais linda. A arquitetura de lá que é antiga, parece que fizemos uma viagem no tempo. Só a neblina já dá um friozinho… para a gente de Macapá já é um bom motivo para ir”, contou Glenda.

As fotos tiveram um toque de inspiração no cenário da saga Crepúsculo, que se passa na cidade de Forks, nos EUA. Comentando assim, parece que não tem nada a ver com o que vêm à mente quando se pensa em Amazônia. Mas os registros agradaram o casal, que oficializou a união em novembro.

A aventura no Mirante da Mina F12 não é privativa, mas é mais seguro fazer a trilha e o acampamento com acompanhamento de guia turístico. Para se ter uma ideia, o serviço que leva o visitante pela região até o topo da montanha é ofertado no valor de R$ 70 (individual). 

*escrito por Victor Vidigal do Grupo Rede Amazônica 

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