Principais figuras foram homenageadas como políticos e moradores da capital do Amapá
Você já se perguntou por que algumas ruas das cidades de Macapá tem nomes como Mendonça Furtado ou Eliezer Levy? As ruas e avenidas da capital não foram batizadas apenas como referências de localização, mas sim uma forma de homenagear figuras políticas e moradores que ajudaram no desenvolvimento da cidade.
De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Semduh), Macapá tem 2.100 ruas e avenidas catalogadas, por onde passam cerca de 465 mil habitantes, estimou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016.
As avenidas Mendonça Furtado, FAB, Iracema Carvão Nunes e as ruas Eliezer Levy e Hildemar Maia são os destaques selecionados para contar um pouco mais da história de Macapá.
Os nomes que batizam logradouros em Macapá são homenagens feitas a moradores dessas regiões, de acordo com o assessor legislativo Davi Santos, da Câmara Municipal de Macapá (CMM). Antigamente, somente a prefeitura podia fazer o decreto.
Atualmente, a nomeação acontece por projeto de lei escrito por 2 ou 3 vereadores, que também precisa de documento com assinaturas de populares apoiando a medida. Após aprovado em plenário, o texto segue para a Comissão de Justiça e Redação da CMM, que tem 15 dias para dar parecer ao projeto. Em seguida, volta para o plenário e, caso seja aprovado, é enviado à prefeitura de Macapá, que tem 15 dias para sancionar ou não a matéria.
Avenida FAB
Uma das principais vias da cidade, a Av. FAB inicia ao lado da Casa do Governador, no centro, atravessando a cidade, seguindo até o bairro Santa Rita, localizado também na Zona Central, na Travessia Joaquim Pinheiro Borges.
A avenida levou esse nome pois era usada como pista de pouso de aviões da década de 30, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo uma das bases aéreas militares construídas pelos Estado Unidos na Amazônia. O antigo hangar funcionava onde hoje se localiza a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf).
Os voos ajudavam os serviços administrativos do governo e a população no transporte de medicamentos para o interior ou de pessoas doentes para Belém, no Pará.
Já nas décadas de 1940 e 1980, o aeroporto foi transferido para o local onde funciona atualmente. Com isso, a Av. FAB recebeu toda a estrutura para atendimento das necessidades do Território Federal do Amapá, com construção de escolas, praças públicas e instituições como a Câmara de Vereadores, a própria prefeitura de Macapá,além do palácio do governo e Assembleia Legislativa e os principais hospitais do estado.
Até meados de 1990, a avenida foi palco das principais atrações da cidade, como o caso dos desfiles de 7 e 13 de Setembro e o Carnaval.
Avenida Mendonça Furtado
A avenida Mendonça Furtado é uma das primeiras ruas da capital do Amapá. Localizada no centro, ela inicia atrás de um dos prédios mais antigos da cidade, a Igreja São José, seguindo até o bairro Santa Rita, na Zona Central, na Rua Marcelo Cândia, de frente para um hospital particular, construído na década de 60.
Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 – 1769), que dá nome à rua, foi capitão general do Exército e governador das Províncias do Grão-Pará, Maranhão e Rio Negro, que administrava as terras do Amapá nos anos de 1750. Durante o mandato, que durou até 1758, Francisco conseguiu a permissão da corte portuguesa para transformar o povoado de Macapá em vila, além de ajudar com recursos na construção da Igreja de São José, e instalar os poderes Legislativo e Judiciário na capital. Ele morreu em 1769, em Portugal.
Avenida Iracema Carvão Nunes
A avenida leva o nome da mulher do primeiro governador do ex-Território Federal do Amapá, Janary Gentil Nunes. Acreana, ela havia chegado a Macapá em janeiro de 1944, conquistando a amizade dos amapaenses, porque gerenciava ações sociais com distribuição de leite e sopa, enquanto foi gerente da Legião Brasileira de Assistência (LBA).
Apenas um ano depois de ter mudado-se para Macapá, ela teve complicações com cardiopatia e foi acometida de malária. Iracema morreu e foi sepultada entre populares, representantes do governo e o marido, no cemitério central, onde até hoje estão os restos mortais dela.
Localizada no Centro, ela é uma avenida considerada pequena, iniciando na Rua Cândido Mendes, atrás da Casa do Governador, terminando 5 quadras depois, na Rua Odilardo Silva, ao lado da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Rua Eliezer Levy
A rua inicia na esquina com a Av. Pedro Américo, no bairro Pacoval, Zona Norte, seguindo em mão única Norte-Sul até a Av. Feliciano Coelho, no bairro Trem, Zona Sul. A partir desse ponto, a rua segue em mão dupla até interceptar-se com a Av. Clodóvio Coelho, também no Trem.
Eliezer Moisés Levy era um paraense, nomeado pelo amigo e correligionário político paraense Magalhães Barata, como intendente de Macapá, onde governou por três vezes. Ele foi responsável por obras como a reforma da Intendência de Macapá, a construção do trapiche que recebeu o nome dele e que foi essencial para facilitar o acesso fluvial à cidade, e a construção da capela do cemitério central. Ele também iniciou a construção da BR-156, quando governou Macapá.
Rua Hildemar Maia
Iniciando no bairro Muca, sentido Sul-Norte da capital, zona Sul, a Rua Hildemar Maia leva o nome de um paraense que chegou ao Macapá no ano de 1957, para exercer o cargo de promotor público, atuando na defesa de crianças e mulheres. Hildemar Maia exerceu a função de secretário geral do governo do Amapá e foi eleito suplente, na chapa do deputado federal Coaracy Nunes.
Hildemar Maia morreu em um acidente aéreo no dia 21 de janeiro de 1958, junto com outras duas personalidades do estado, após uma visita a eleitores no distrito de Carmo do Macacoari. O avião “Paulistinha”, ao levantar voo na localidade, chocou-se contra uma árvore, explodindo e matando Maia, o deputado Coaracy Nunes e o piloto amapaense Hamilton Silva.
O acidente foi histórico e, para homenagear Hildemar Maia, a prefeitura de Macapá “batizou” a rua com o nome dele. Hamilton Silva e Coaracy Nunes também foram homenageados emprestando o nome a outras ruas da capital.