Os depoimentos trazem em primeira pessoa a impressão dos indígenas, seja vivendo nas aldeias ou nas cidades, e como eles estão encarando a pandemia e as mortes
“Meus filhos tomavam a ‘bença’ de longe”, “Pude ver, nas lágrimas de minha mãe, que ela estava desistindo”, “Nós não queremos morrer dessa doença”. Os relatos acima de temor sobre a Covid-19 vêm dos povos que estão entre os mais vulneráveis aos efeitos do novo coronavírus: os indígenas.
As três histórias, assim como outras dezenas colhidas em aldeias do Amapá, foram reunidas por educadores e voluntários para dar voz e visão às populações mais isoladas do país, que encaram a doença ainda numa relação tênue entre a realidade e o misticismo.
As publicações diárias são editadas e reproduzidas em português e outras três línguas (espanhol, francês e inglês) nas redes sociais do Programa Educacional Tutorial (PET Indígena) da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Confira os relatos.
Os depoimentos trazem em primeira pessoa a impressão dos indígenas, seja vivendo nas aldeias ou nas cidades, e como eles estão encarando a pandemia e as mortes.
Segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), entre as aldeias indígenas do Amapá e Norte do Pará foram registrados 322 casos confirmados de Covid-19 até a quarta-feira (2).
A coordenação do projeto explicou que os depoimentos são colhidos pelos alunos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena, formado, na maioria, por viventes das aldeias do estado, que com a pandemia tiveram que retornar às origens para manter o isolamento social.
“No início, pensamos em fazer atividades mais acadêmicas. Só que com a pandemia era um avanço que se destacava, era o assunto entre eles nas aldeias e começamos a pensar que precisávamos visibilizar o que tava acontecendo”, explicou a professora Elissandra Barros, coordenadora do PET Indígena.