Noivos amapaenses chegam ao casamento de canoa e oficializam união após 20 anos

O Rio Amapari, no Amapá, teve um papel fundamental para selar o casamento de Marlene Pinheiro e Antônio Fernando.

Noivos amapaenses chegaram de rabeta (embarcação comum entre os povos ribeirinhos da Amazônia) navegando pelo Rio Amapari, para o casamento. A celebração teve como cenário e inspiração a floresta amazônica. Marlene Pinheiro Rodrigues, de 39 anos, e Antônio Fernando Tavares Guedes, de 69, oficializaram o relacionamento após 20 anos.

O casamento civil e religioso aconteceu no sábado (12) em uma igreja pequena na comunidade de Água Branca, cerca de 210 quilômetros de distância de Macapá.

“Nós nascemos aqui na região, participamos da preservação ambiental, e casar num ambiente natural, nos transmite uma sensação de paz espiritual, harmonia, aconchego e amor”, explicou a noiva.

Foto: João Victor Fotografia/Arquivo Pessoal

A cerimônia foi carregada de emoções. Entre elas, o nervosismo do noivo Antônio. “Na hora eu não sabia onde estavam as minhas pernas. Quando eu cheguei no altar eu tremi bastante. Fui segurar na mão da noiva, ao invés de eu colocar o anel na mão esquerda, coloquei na direita, foi uma confusão”, relembrou.

Após a cerimônia, na Igreja Santa Ana, a ida dos noivos e convidados até o local da festa também foi por meio do rio, já que o sítio do casal fica na outra margem.

“Na vida cotidiana usamos o transporte ribeirinho, através dos motores rabeta. Por isso decidimos que após a cerimônia de casamento receber nossos amigos e familiares em nosso cantinho chamado ‘Recanto da Paz’, e todos foram chegando nas rabetas”, 

citou Marlene.

O noivo falou sobre a escolha de casar no local onde eles nasceram: “É uma emoção que nem dá pra calcular pelo amor que a gente tem pelo local, pela valorização da nossa localidade, nossa terra natal. Só da gente olhar aqui da nossa casinha, na beira do rio para a floresta praticamente intacta, nossas plantas, nosso bichos, a gente se emociona com isso”, relatou Antônio.

Marlene conta que a celebração do casamento foi muito importante para os dois, pois a história dela e de Antônio não foi fácil no início e, com os anos, o sentimento foi se fortalecendo.

“Nossa história teve muitas turbulências, desafios, muitas emoções e superação. Resumindo, nos conhecemos e fomos morar juntos e viver este amor que nos faz tão bem. Hoje estamos aqui juntinhos, buscamos as bênçãos do Senhor para que este amor perdure por muitos e muitos anos”, descreveu, emocionada.

Antônio já três filhos, que apoiaram a oficialização da união. O noivo ressaltou que tem vontade de aumentar a família. “Já vou fazer 70 anos e com a Marlene ainda não tenho filho, mas eu ‘tô’ trabalhando e batalhando pra isso [risos]. É preciso ter muita confiança, principalmente pela diferença de idade, eu já idoso e ela na ‘flor da pureza’. Mas eu tive muita confiança dos filhos, da família e o amor dela”, disse Antônio.

Para selar a união desse casal da Amazônia, além da festa, os convidados também puderam se refrescar no rio e se alimentar às margens do Amapari.

*Por Marcelle Corrêa, da Rede Amazônica AP

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