Modelo Digital de Exploração Florestal agiliza plano de manejo florestal e reúne informações precisas de cada área explorada.
Há 15 anos, o modelo digital de exploração florestal tem agilizado esse trabalho e também dado mais precisão no controle dessas áreas. No estado do Acre, na Amazônia, 100% dos planos de manejo adotam o sistema desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O grande impacto é no trabalho de campo, por exemplo.
“A grande diferença foi, a primeira coisa, mapeamento das árvores. O mapeamento das árvores era feito por um sistema cartesiano, as pessoas tinham que abrir trilhas nas florestas e mediam as distâncias entre as trilhas e as árvores. Aí tínhamos uma coordenada. Só que esse trabalho dentro da floresta era muito complicado, dava trabalho, e como as linhas não são perfeitamente certas, então quando essas trilhas fechavam também não era mais possível encontrar essas árvores”
, explica o pesquisador da Embrapa Marcus Vinício Neves d’Oliveira.
Imagens de satélites
Outro ponto que mudou na execução desses projetos foi o uso do GPS aliado à imagens de satélites. As ferramentas puderam expandir a visão de uma área que tenha o manejo florestal.
Com as técnicas tradicionais de manejo, uma equipe de planejamento mapeia apenas 20 hectares de floresta por dia, enquanto com uso de um drone, é possível mapear aproximadamente mil hectares diariamente.
“O GPS dentro da floresta tem um erro relativamente alto, de 5 a 10 metros, mas, considerando o tamanho das árvores, ele é suficiente para uma localização positiva dessas árvores, então esse foi o primeiro grande ganho. O segundo é que começamos a usar imagens de satélites e isso permitiu que a gente tivesse uma descrição da topografia do terreno, permitiu que a gente fizesse o desenho da localização dos pátios de arraste, considerando também a localização das árvores que seriam cortadas, principalmente a determinação das áreas de preservação permanente dessa área. Aquelas áreas que, segundo a legislação brasileira, devem ser preservadas”, pontua.
Outro ponto positivo para o setor madeireiro é a economia que fazem ao ter um sistema mais tecnológico. “Todas as alterações de corte e arraste são muito mais facilitadas, houve uma grande e diminuição de custos, o que é muito bom para os empresários, e, entre esses custos, diminuiu também os custos ambientais, o dano é muito menor.”
O método não beneficia somente empresas privadas, uma vez que esse controle também é aplicado na área de concessão florestal estadual, a Floresta do Antimary, e também nas florestas nacionais. Dados do Instituto de Meio Ambiente no Acre mostram que, na última década, foram licenciados 279 planos de manejo no Acre.
Manejo e economia
O pesquisador Marcus Vinício destaca ainda a importância dessa atividade econômica para a manutenção da floresta de uma maneira de que abra possibilidades até para recuperação de áreas degradadas.
“O manejo florestal é a única atividade econômica que mantém a estrutura da floresta, em todas as outras atividades, o primeiro passo é a substituição da floresta por pastagem. Então, a grande vantagem do manejo florestal é a floresta em pé, a gente garante, além da floresta em pé, a possibilidade de recuperação desses estoques de madeiras que estamos mexendo, o que garante a sustentabilidade do manejo é justamente a forma criteriosa que ele é aplicado.”
Avanço tecnológico
A empresa Laminados Triunfo é uma das indústrias que se beneficiam, desde sua implantação, das técnicas de manejo fornecidas pelo Modeflora. Inclusive, destaca que o estado foi o pioneiro a usar esse modelo digital de manejo florestal, atualmente em seis estados da Amazônia: Acre, Amapá, Roraima, Rondônia, Amazonas e Pará.
“O Modeflora nos proporciona agilidade, precisão e economia em todas as etapas da realização do manejo florestal, principalmente no momento de inventário das árvores existentes em uma área, através do uso de um aparelho de GPS, que fornece a localização exata das árvores”
destaca Paulo Roberto Parente, engenheiro da empresa.
Além disso, ele destaca que com esse método há a possibilidade de reunir e acompanhar muitas informações de maneira simultânea.
“Existe um ganho de tempo significativo no uso das técnicas do Modeflora, pois o geoprocessamento da área, feito por softwares específicos, permite trabalhar com muitas informações referentes a uma região de maneira simultânea. Durante a execução do projeto, a localização das árvores a serem exploradas também se torna mais simples, bastando a utilização de um GPS para encontrar qualquer árvore que tenha sido inventariada na área, o que acaba proporcionando uma redução de tempo também”, pontua.
Após o inventário florestal, essas informações coletadas nessa área são formuladas em um Plano de Manejo Florestal Sustentável, que é apresentado ao órgão ambiental que analisa as informações.
“Com as coordenadas de cada árvore, o órgão ambiental consegue averiguar se a execução do projeto apresentado foi feita corretamente. A tecnologia agregada ao manejo florestal propicia condições cada vez mais vantajosas para a prática, tanto para as empresas que necessitam dessa atividade para suprir sua fonte de matéria-prima, quanto para os órgãos fiscalizadores. Por ser uma atividade de baixo impacto, é permitida, inclusive em áreas de reserva legal. Garante a manutenção da floresta para uso contínuo e movimenta a economia significativamente. Temos visto um avanço tecnológico muito positivo, como a possibilidade de se fazer uma modelagem em 3D de uma floresta, com o uso de drones, que vem se tornando cada vez mais comum”, finaliza o engenheiro.