Cruzeiro do Sul completa 117 anos com potencial no ecoturismo e atividade de base comunitária

Com grande potencial turístico, a cidade de Cruzeiro do Sul é a segunda maior cidade do Acre

Conhecida pelos acreanos pelo relevo exuberante – as inúmeras ladeiras- ou mesmo por sua arquitetura alemã, a cidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, tem muito mais a oferecer a quem decidir conhecê-la. Comemorando 117 anos nesta terça-feira (28), a cidade tem investido no turismo comunitário, de vivência e ecoturismo.

Com grande potencial turístico, a segunda maior cidade do Acre, tem mostrado nos últimos anos as belezas naturais como a do Rio Croa, por exemplo, além dos orquidários naturais, Igarapé Preto e vários outros balneários em seu entorno.

Além do festival de bajola – lancha de madeira fabricada por ribeirinhos, que podem atingir velocidade superior a 70km/h – que ocorre no Rio Juruá.

A riqueza de Cruzeiro do Sul está em toda parte, seja na gastronomia, natureza, nas pessoas e até em sua fauna e flora. Fomentar esse potencial turístico tem sido uma das ações da Secretaria de Turismo do Acre, como forma de diversificar a economia do município, conforme defende a secretária da pasta, Eliane Sinhasique.

“O turismo de base comunitária hoje é uma tendência nas regiões Amazônicas porque fomenta um turismo de experiência no qual as pessoas podem viver a experiência de estar com quem mora dentro da mata, das comunidades tradicionais, ribeirinhas”, destaca.

Foto: Pedro Devani/Secom

Vivência

Além disso, a vivência também se estende à culinária local e até mesmo aos rituais religiosos.

“Essas pessoas quando chegam nestes locais, podem conhecer a culinária, têm acesso às belezas naturais existentes no ambiente. Então, reúne diversão, experiência, lazer, vivência porque dentro do Croa, por exemplo, também temos as experiências de rituais religiosos à base da ayahuasca, as medicinas tradicionais dos povos da floresta. Aventura, experiência e ecoturismo é o que temos”, acrescenta.

Apesar de estar incluída em mais três municípios, a Serra do Divisor também faz parte do circuito de turismo da cidade, que é o ponto de desembarque para as pessoas que querem conhecer o local.

Fundação

Cruzeiro do Sul foi fundada em 28 de setembro de 1904, pelo militar Gregório Thaumaturgo de Azevedo, conhecido por Marechal Thaumaturgo. Na época, um desfile cívico, discursos de seringalistas e de outras personalidades marcaram a fundação.

A tradição é mantida até hoje, mas, este ano, a programação foi adaptada para evitar aglomerações, com eventos presenciais e também transmitidos pela internet.

A comemoração começou no último dia 20 e vai até o dia 30. São ações de esporte, apresentações culturais, eventos voltados para a economia, educação, lazer, turismo e atos administrativos.

Foto: Macos Vicentti/Secom

Ao todo, são oito apresentações musicais, de dança e teatral que vão ser transmitidas pelas redes sociais do município. Mesmo não ocorrendo o Festival da Farinha este ano por conta da pandemia, a programação do aniversário da cidade contou com a escolha do rei e rainha do festival.

Também foi realizada feira de empreendedorismo, atendimento itinerante de saúde e social. Para esta terça está programada uma live show com artistas locais. Na quarta (29), deve ocorrer o casamento coletivo de 17 casais por meio do “Projeto Cidadão” do Tribunal de Justiça do Acre.

“São muitas ações na área de cultura, de patrimônio e de administração para comemorar os 117 anos da nossa querida Cruzeiro do Sul. Estamos fazendo um aniversário diferente, de forma híbrida, presencial em alguns eventos e com lives em outros, para que todo mundo possa ter acesso. No caso da semana cultura no teatro é presencial e virtual, irão entrar 300 pessoas, conforme determina o decreto, mas quem tiver em casa vai poder curtir grandes shows e atrações locais”, disse o secretário municipal de Cultura, Aldemir Maciel.

Crescimento

Para fomentar esse crescimento, a secretaria esteve na região recentemente ofertando cursos de capacitação para os moradores que empreendem na cidade.

“Cruzeiro do Sul tem se consolidado como um polo turístico, principalmente de base comunitária. O Croa é um grande exemplo disso, lá já tem três restaurantes, duas pousadas e mais dois restaurantes em construção. A capacitação foi dada em boas práticas de receber o turista, cursos para barqueiros, guias turísticos e curso de culinária de baixo carbono “, destaca a secretária.

Eliane diz ainda que muita gente conhecendo e escolhendo a cidade como destino, é sinônimo de crescimento e desenvolvimento e afirma que o turismo chega a movimentar pelos menos 57 setores da economia.

“Fomentar, promover e divulgar os destinos para que as para que as pessoas queiram conhecer o local. Quanto mais gente chegar, mais dinheiro chega na comunidade, geração de emprego e renda, oferta de produtos comestíveis e fomenta 57 setores da economia que vai desde a agricultura familiar até a indústria náutica, mais pousadas, mais restaurantes. É uma cadeia econômica fantástica”, exemplifica.

Na capacitação, as pessoas são treinadas para dar o bom atendimento a levar informações sobre o cotidiano deles, oferta de cardápio e acolhimento ao turista para que a cidade continue crescendo e explorando seus potenciais.

Eliane disse ainda que nos últimos três anos tem sido dada uma visibilidade significativa, e foi feito nesse período, em parceria com a prefeitura a construção da estrada de acesso ao Croa que foi asfaltada e conta com estacionamento no porto. Foram colocados dois pontos de tratamento de água para garantir água tratada tanto para os moradores como para os visitantes. Além disso, há previsão de sinalização turística para os próximos meses.

Foto: Francisco Rocha/Rede Amazônica

Sobre Cruzeiro do Sul

A cidade tem mais de 89,7 mil habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conhecida pelas ladeiras, resultado do choque entre placas tectônicas, é em Cruzeiro do Sul que concentram estes pontos turísticos e também a imponente Catedral Nossa Senhora da Glória, que é palco de um dos maiores novenários da região Norte.

O fundador da cidade, Marechal Thaumaturgo, possuía autorização para comprar terras e fundar uma cidade, então comprou a área de Antônio Marques de Menezes. Há relatos de que o militar nunca pagou o preço cobrado pelas terras. Ele começou a planejar a cidade, que só saiu do papel na década de 70.

O município se desenvolveu pela influência direta de missionários alemães da Igreja Católica. Os religiosos chegaram a partir de 1935 e superaram o isolamento da região do Alto Juruá para construir dezenas de prédios com arquitetura alemã que integram a estrutura da igreja.

Com uma cidade pouco habitada na década de 30, os alemães tiveram espaço e oportunidade para erguer as construções da igreja em terrenos planos, mas além da visão religiosa tinham ideias turísticas para o futuro. Aproveitaram o relevo ‘acidentado’ de Cruzeiro do Sul para construir no alto dos morros.

Com um revelo que difere do restante dos municípios acreanos, a cidade foi se desenvolvendo em meio aos altos e baixos e chama a atenção com ladeiras que ultrapassam os 10 metros de altura.

Algumas de suas ladeiras foram batizadas com nomes inusitados pelos próprios moradores. Um dos morros mais altos de Cruzeiro do Sul é o Morro da Glória, localizado na região central. O nome é uma homenagem à padroeira Nossa Senhora da Glória, que teve a primeira igreja construída no alto do morro por arquitetos alemães, na década de 1930. 

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