Covid-19: fábrica no Acre interrompe produção de cachaça para fornecer álcool 70%

A procura pelo produto fez com que a fábrica, conhecida por produzir uma famosa cachaça no estado chamada jiboia, decidisse se adaptar para se tornar, durante a pandemia, uma fornecedora de álcool líquido volume 70

Há uma semana a destilaria Potio, que fica em Acrelândia, no interior do Acre, mudou toda sua rotina para tentar atender a demanda de álcool 70%, um dos principais produtos que combatem a proliferação do novo coronavírus. No Acre, até esta quarta-feira (25), são 23 casos confirmados.

O produto, foi um dos primeiros a desaparecer nas prateleiras de mercados do Acre quando foram confirmados os primeiros casos da doença no estado.

A procura pelo produto fez com que a fábrica, conhecida por produzir uma famosa cachaça no estado chamada jiboia, decidisse se adaptar para se tornar, durante a pandemia, uma fornecedora de álcool líquido volume 70.

A ideia é que esse produto seja usado em unidades de saúde e outros locais como forma de esterilizar ambientes e objetos para que o vírus não se espalhe.

Para mudar o segmento da empresa, o diretor da Potio, Jakson Soares, de 45 anos, disse que levou uma semana para que as adaptações fossem feitas. Há dois anos no mercado, ele diz que a empresa é a primeira que fez essa mudança na linha de fabricação.

“Fizemos todas as adaptações necessárias para produzir o álcool 70% líquido. Ainda não vamos conseguir fazer o álcool em gel, porque os fornecedores do material químico para fazer álcool em gel não estão conseguindo atender a demanda, então, não estão mandando os químicos para o Acre, mas quando nós tivermos vamos fazer álcool em gel também”, explica.

Foto: Reprodução/Shutterstock

Mil litros por dia

A empresa possui toda a certificação do Ministério da Agricultura, mas o desafio de mudar o produto feito no local demandou tempo, testes e investimento.

O primeiro passo é conseguir entregar, já no sábado (28), 500 litros. Depois disso, a produção sobre para mil litros diários.

“Nossa colheita começou na terça [24], agora vamos para moagem, que são os primeiros processos, depois tem a destilação e aí teremos o álcool na sexta-feira [27], mas precisamos de 24 horas para estabilizar o álcool e teremos já o material no sábado [28]”, garante.

Cachaça parada

Para poder produzir o álcool, a empresa teve que suspender, pelo menos por enquanto, a produção da cachaça. O diretor da empresa acredita que com uma produção de mil litros por dia consiga atender o estado.

“Uma parte a gente vai comercializar, porque precisa pagar os custos, que são altos, mas uma parte disso a gente vai fazer doação para hospitais e outras secretarias que trabalham na linha de frente do combate à doença”, diz.

Soares fala que tudo foi pensado e posto em prática em uma semana. Foi preciso mudar alguns equipamentos, regulagens e filtros para atender a demanda.

Ele adiantou ainda que fez um convênio com o governo do estado para fornecer o produto para algumas unidades de saúde onde o álcool já está começando a faltar.

“Vamos fornecer com urgência para o estado e também empresas. Vamos tentar atender todo mundo, a ideia é fazer o alcance ser o maior possível”, finaliza. 

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