Com pandemia, Acre festeja 118 anos do início da Revolução Acreana sem comemorações

Apesar de o aniversário da Revolução Acreana ser comemorado no dia 6 de agosto, a luta para ocupar o território do Acre e torná-lo independente da Bolívia começou antes

O dia 6 de agosto é motivo de orgulho e festa para os acreanos. Ele marca o início da Revolução Acreana. Foi nessa data, em 1902, que o gaúcho Plácido de Castro deu início à terceira tentativa de tornar o Acre um território independente. A data foi escolhida por ele estrategicamente, pois é o mesmo dia em que a Bolívia comemora sua libertação do domínio espanhol.

E foi com essa frase: “Não é festa, é revolução!”, que Plácido de Castro iniciou sua luta pelo estado acreano, que realmente lutou para se tornar brasileiro. Segundo a história, o gaúcho de 26 anos já tinha lutado anos antes na Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, e estava no Acre para trabalhar como agrimensor.

No bairro 6 de Agosto, que foi palco da revolução, as comemorações foram diferentes por causa pandemia do novo coronavírus. A tradicional festa, que ocorre todos os anos no bairro, que também comemora seus 116 anos de criação em Rio Branco, teve que ser suspensa. Logo cedo, houve queima de fogos e o hasteamento da bandeira.

Vila Rio Branco, atual Segundo Distrito, pouco depois da Revolução, próximo de onde ocorreu o combate — Foto: Acervo

Nas redes sociais, o governador do Acre, Gladson Cameli, lembrou a data e parabenizou os acreanos.

“O Acre, que antes lutou para ser brasileiro, agora luta para enfrentar um inimigo que se mostra impiedoso. Vamos vencer! Estamos vencendo!. Neste 6 de agosto, comemoraremos em casa para que, nos próximos anos, voltemos a comemorar. Que Deus nos proteja e nos abençoe!”, disse.

Luta começou anos antes

Apesar de o aniversário da Revolução Acreana ser comemorado no dia 6 de agosto, a luta para ocupar o território do Acre e torná-lo independente da Bolívia começou antes.

A ocupação do território acreano, até então da Bolívia, por brasileiros deu início em meados de 1880. O governo boliviano não se incomodava com a presença dos ocupantes, pois o local era uma região de difícil acesso e não tinha importância econômica. Mas, quando o coronel boliviano José Manuel Pando se refugiou na região, após uma tentativa de golpe, foi percebida a quantidade de brasileiros e o governo boliviano foi alertado.

O processo da Revolução Acreana iniciou quando o governo da Bolívia, em 1899, se estabeleceu no Acre e começou a cobrar impostos da borracha. Foi quando começou uma revolta brasileira.

Imigrantes nordestinos lutaram durante Revolução para anexar o Acre ao Brasil — Foto: Revista O Malho/Acervo da Biblioteca Nacional/Arquivo

Independência

Quando o coronel Plácido de Castro chegou ao Acre, os brasileiros que estavam no então território tiveram apoio. Plácido de Castro, junto com um exército de seringueiros, invadiu a cidade de Xapuri e tomou conta do local, iniciava ali a última fase da Revolução Acreana. Esse foi o período mais sangrento da história, onde muitos morreram em combate.

As lutas duraram seis meses e acabaram em janeiro de 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, quando o Acre passou a ser reconhecido como parte do Brasil.

Sem festa

O presidente do bairro 6 de Agosto, José Peixoto, de 77 anos, é morador do local há 42 anos. Ali, construiu sua família e criou seus filhos com muita luta.

“Quando cheguei aqui, na época, tinham poucas ruas, muito buraco, lama. Hoje, graças a Deus, já vemos uma coisa salutar para os moradores. Antes eu carregava meus filhos para poder passar a lama e levar para o colégio”, lembra.

Outra que tem amor pelo local e que lamenta que esse ano não vai ter festa para comemorar os 116 anos do bairro é Maria das Graças. Ela vive no bairro há 41 anos e diz que não pretende sair. “Gosto daqui, se eu pudesse eu não saia daqui, o bairro é tranquilo, é muito bom de morar”, finaliza.

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