Foram mais três décadas atuando no rádio, em Manaus. Edson Ribeiro Paiva, amazonense, de Manaus, capricorniano e, naturalmente, torcedor do Clube de Regatas do Flamengo. Sua primeira participação no rádio foi em 26 de março de 1956. Edson Paiva comentava sempre como fato inusitado. À época, a rádio Rio Mar que, funcionava no antigo Iapetec, estava contratando locutores comerciais. Duzentos candidatos fizeram a inscrição, dentre eles, Edson Paiva e Deni Menezes, por ironia do destino, Deni Menezes não fora classificado e, mais tarde, transferiu-se para o Rio de Janeiro, tornando-se repórter esportivo da Rede Globo.
No dia seguinte, o grupo de amigos de Edson e Deni que costumava reunir-se na Praça Dom Pedro II, em frente a antiga sede da Prefeitura Municipal parabenizava Edson Paiva, afinal, ele havia sido escolhido Wilma Pinheiro, considerada, à época, a mais bela voz feminina que o rádio amazonense já projetou.
Sob a direção de Alfredo Fernandes, a rádio Rio Mar era, naquele período, uma das maiores audiências do rádio em Manaus e, após alguns anos na emissora, Edson Paiva resolveu acompanhar com a amizade muito próxima de Deni Menezes, que se encontrava no Rio de Janeiro e trabalhava aquele tempo na área de esporte da Rádio Nacional. Inicialmente, Deni Menezes tentou ingressar na Rádio JB, onde Alberto Cury comandava uma equipe de primeira linha que, posteriormente, cedeu aos argumentos de Deni Menezes, da equipe de esporte da Rádio Nacional. A primeira participação de Edson Paiva como repórter de campo ocorreu no jogo Flamengo e Vitória da Bahia, com o Flamengo vencendo a Bahia por 4×1, em partida realizada em Teixeira de Castro. Além de integrar a equipe que, entre outros, contava com Jorge Cury e Oswaldo Moreira, Edson Paiva apresentava o musical Philips, no Rio de Janeiro, de grande audiência à época e tomava parte da resenha esportiva Três no Mundo da Bola. Edson Paiva comentava orgulhoso com os amigos que, em certa ocasião, faltou o terceiro apresentador e o programa foi ao ar com sua participação e de Deni Menezes, o que motivou uma declaração escrita por Deni no livro da Rádio Nacional (pela primeira vez dois amazonenses apresentam juntos um programa no Rio de Janeiro).
Edson Paiva não esquecia sua cidade natal e resolveu voltar a Manaus. A Jovem Guarda já começava a alcançar as paradas de sucesso, era comum, naquele tempo, os jovens usarem cabelos compridos. Roberto Carlos fazia sucesso com a música O Calhambeque, e, nesse período, Edson chega a Manaus e, naturalmente, outra vez voltou a trabalhar na Rádio Rio Mar.
Posteriormente, Walter Santos que era, naquela fase, o representante da CBS, deixara a companhia, passando o cargo a Edson Paiva que resolveu montar um novo programa para alcançar, principalmente, um público jovem. Nascia, assim, o programa semanal “Esta Noite Feliz de Todos Nós, que era apresentado, aos sábados, às 20 h.
Foi um programa de muito sucesso, as cartas e os telefonemas eram constantes, mostrando que o novo programa tinha conquistado o público cujo sucesso principal era os novos lançamentos da Jovem Guarda. Nas noites de sábado, Edson Paiva oferecia pelas ondas do rádio os cantores como Lenon e Lilian, Deny e Dino, Roberto Carlos, Wanderléia, Martinha, Os Vips, entre tantos, que marcaram época na Jovem Guarda.
Uma música de Jerry Adriane um dos príncipes da Jovem Guarda e foi dentro dessa perspectiva que Edson Paiva deixa a Rádio Rio Mar para trabalhar na Rádio Difusora, onde lançou o programa Viva a Juventude que manteve novo sucesso. Porém, mais adiante, saiu da Difusora para Rádio Baré, permanecendo até 1979. Edson Paiva ficou um período afastado dos microfones até 1982, pois passou a representar a Empresa CBS, em Manaus, como representante divulgador e convidado que foi para Rádio Difusora FM, por aproximadamente um ano. Mais tarde, retornou a Rádio Rio Mar, onde assumiu a direção comercial da empresa. Na década de 1980 apresentou o Jornal Baré, da TV Baré.
Entre as idas e vindas, ele declarava que não podia viver longe dos microfones, a prova disso que estava de voltou ao rádio, desta vez, pelas ondas tropicais da Rádio Ajuricaba, de segunda a sábado apresentava o programa Tempo de Amar, apesar da simplicidade, tinha marca do bom gosto do apresentador. O programa destinava-se principalmente aos solitários, amantes da boa música romântica e procurava estabelecer um contato direto com seus ouvintes por telefone.
Na verdade, não podemos ignorar a força do rádio, mas será possível que um disque-jóquei evitaria que alguém cometesse um suicídio? Pois, foi possível, Edson recordava que, quando apresentava o programa, Esta Noite Feliz de Todos Nós, costumava fazer a abertura com mensagens espirituais, com Emanuel ou Andre Luis e, um dia, ele recebeu uma carta de uma ouvinte da Região do Cambixe. Na carta, a ouvinte contava que, havia sido seduzida e só não chegara ao suicídio, porque ouvia as mensagens lida no programa. Edson Paiva amou fazer rádio.
Foram mais de três décadas. Homem que seguia as orientações espíritas e com humildade guardou consigo as orientações do amigo Jaime Rebelo, da Rádio Baré. Em termos nacionais, afirmava que Aroldo de Andrade era o símbolo da Rádio no Brasil. Edson Paiva foi casado com Maria da Conceição Corrêa Paiva, em 28 de dezembro de 1965, fruto desse casamento nasceram dois filhos, Yara Cláudia Corrêa Paiva e Edson Ribeiro Paiva Júnior.Edson Paiva nasceu em 3 de janeiro de 1938 e faleceu no dia 03 de novembro de 2013, escrevendo uma belíssima história do Rádio Amazonense.
Como renasceu o amor …
“… Estava eu no aeroporto de Ponta Pelada, nos idos de 1962, para recepcionar uma tia que chegava do Rio de Janeiro, quando me deparo com a bela figura de um rapaz, também chegando do Rio.
Estávamos todos aguardando que passasse o temporal que se abatera na cidade quando, para minha surpresa (e alegria), o belo rapaz se aproxima de mim e se apresenta. Então, passamos a conversar assuntos triviais, apenas para justificar a aproximação.
Na época ainda não dispúnhamos da tecnologia de celulares e nem eu possuía telefone. Então, combinamos um encontro na boate de domingo, no Atlético Rio Negro Clube, que funcionava no Parque Aquático, entre 20 h e 23 h.
No domingo seguinte, para minha tristeza, o belo rapaz que se chamava Edson Paiva, não apareceu. Então pensei: “quem sou eu para chamar a atenção de um moço recém-chegado do Rio” … Enfim …
Mas … no domingo seguinte … estava no Parque Aquático quando vejo surgir Edson Paiva! Dançamos, conversamos, combinamos novo encontro.
Nesse novo encontro, eu que já estava caidinha pelo moço, ele me disse que tinha resolvido não voltar mais para o Rio de Janeiro, para se estabelecer em Manaus, onde morava sua família.
Mas … (novamente o mas …) não continuaríamos com nossos encontros, pois iria recomeçar do zero e não poderia assumir um compromisso comigo.
Então eu, audaciosamente, perguntei: “Eu não posso fazer parte desse recomeço?”
E foi assim que nosso Amor se reencontrou por 50 anos, nesta vida e, que seguirá pela eternidade, porque a Vida continua …
Eu sou Conceição Paiva e esta é a nossa história.
*Informações cedidas pela senhora Maria da Conceição Corrêa Paiva.