Antônio Rodrigues – As conquistas de ontem e de hoje

As conquistas de navegação enfrentando um mar tenebroso levaram os portugueses ao descobrimento do caminho das Índias. No século XVI em seus primórdios, alcançaram as terras de Santa Cruz e as dominaram em posse e colonização. No entanto, o Oriente era a meta dos ricos empresários do Reino de Dom Manuel O Venturoso, o cobiçado mundo das cidades memoráveis e das riquezas inigualáveis.

Preocupados unicamente com o engrandecimento econômico do império, dilataram-no sob todas as formas da fé e buscaram o seu eldorado, em universalização de glória as afrontas do mar, do fogo e das batalhas. 

Foram senhores de um mundo proveitoso e por largo dilaceraram a celebridade até então decantada do cezarismo romano.

Souberam ser merecidos as riquezas da África, da Ásia, da Europa, da Oceania e da América. Vieram em bravura a escolha dos meios para vencerem, enfim, foram meritórios a enfrentarem o desconhecido. 

Nos dias atuais, a tarefa não se tornou tão fácil como se imagina, pois a vida desses valentes portugueses, que imigraram para todo o mundo é cheia de passagens e histórias de lutas, tendo como destaque a aventura e o esforço pessoal, sem esquecermos a determinação, o trabalho e honestidade sempre presente em suas vidas.

Um desses conquistadores do novo tempo é o imigrante Antônio Rodrigues que, teve como berço de nascimento a cidade de Eira, Freguesia de Rouças, próximo a Vila de Melgaço, tendo nascido no dia 22 de Janeiro de 1933.

Antônio Rodrigues visita a casa onde nasceu, em Portugal. Foto: Acervo/Abrahim Baze

Seu nome era apenas Antônio Rodrigues, nem ele mesmo enquanto viveu sabia explicar porque lhe faltava sobrenome, pois o da sua mãe era Domingues. No entanto, não se importava com este fato, pois o seu nome, marcou com honradez trabalho e honestidade, o comércio do Estado do Amazonas, escrevendo uma das mais belas páginas da história da imigração portuguesa para Manaus. 

Era o segundo filho de uma prole de cinco irmãos, oriundo de uma família de camponeses, acostumado ao trabalho árduo e com a escassez de quase tudo, como era comum, naquela época no norte de Portugal. 

O garoto Antônio ainda era muito pequeno, quando seu pai imigrou para o Brasil, exatamente para Manaus, mas, infelizmente após ser acometido por uma enfermidade foi obrigado a retornar a Portugal em decorrência do seu estado de saúde, a família procurou o seu sustento através de um trabalho mais leve. 

Antônio Rodrigues cresceu em carpinteira, sempre muito trabalhador e determinado a melhorar de vida. Naquela época a bicicleta era um importante meio de transporte logo reúne alguns recursos e monta uma pequena frota que alugava. Mais tarde, dedica-se a criação de coelhos, tendo naquela oportunidade introduzido nos restaurantes a carne do referido animal, cuja venda era feita em consignação, de acordo com aceitação dos pratos servidos, seu cliente compraria mais. 

Porém, o espírito de aventura, aliado a vontade de vencer, fez com que ao completar 18 anos, imigrasse para o Brasil, vindo morar na companhia de seu tio o senhor Antônio Rodrigues Porto, que na época, possuía uma pequena mercearia na Rua Jose Paranaguá.

Seu primeiro emprego foi na firma S. Monteiro e a partir daí foi mudando para outros empregos que lhe oferecessem melhores condições. Sempre estudioso, logo se dedicou ao estudo da língua inglesa, o que levara a ser contratado em 1953 pela firma inglesa Hicksons, nessa época absorveu uma gama de conhecimentos na área comercial tendo tido oportunidade de desenvolver a conversação do idioma inglês que aprendera.

Antônio Rodrigues com seu espírito empreendedor e o conhecimento que tinha com o domínio da língua inglesa fundou em Manaus a empresa White Martins, tendo administrado por um determinado período.

O tempo foi passando e tornou-se amigo do também imigrante português Fernando Augusto Nascimento, ex-funcionário da firma Antônio M. Henriques e, que havia fundado a empresa Foto Nascimento. Essa amizade tornou-se forte e próxima a ponto do amigo Fernando Augusto Nascimento tê-lo como conselheiro. É neste momento que Fernando Augusto do Nascimento resolve imigrar para Belém do Pará, tendo transferido a empresa para a Avenida 7 de Setembro, onde permanece instalada até os dias atuais. 

Esse fato ocorreu em 1958, de uma pequena firma que prestava serviços fotográficos 3×4, muitas vezes os parcos recursos, só lhes permitiam comprar  filmes na loja concorrente “A Favorita”, que pertencia ao senhor Paulo Francinete Quadal e seu pai.

Muito antes da instalação da Zona Franca de Manaus, Antônio Rodrigues preocupado com as dificuldades dos fotógrafos que trabalhavam no interior do estado resolve comprar cinco barcos, com laboratório PxB que viajavam pelos rios tirando fotos e entregando no dia seguinte, em determinado momento resolve vendê-los. Sua ligação comercial foi uma das primeiras, tendo sua inscrição na Suframa n. 10.

Barco que viajava fazendo revelação de fotografia. Foto: Acervo/Abrahim Baze

A partir da instalação da Zona Franca de Manaus, Antônio Rodrigues lança mão de suas economias e passa a comprar os primeiros produtos para sua empresa diretamente do Estado de São Paulo, porém, este voo torna-se mais alto, na medida em que passa importar os primeiros produtos do Panamá, tendo a sua empresa passando a ser uma das primeiras a fazer importações em Manaus. 

Casou-se em 1965, com a jovem Myrna Sapha Kizem, fruto deste casamento vieram dois filhos Carlos Kizem Rodrigues e Antônio Kizem Rodrigues. 

Nelson Kizem e esposa, Myrtes Kizem, Mário Kizem, Myrna Rodrigues e Antônio Rodrigues, Zeneida Kizem e Abdon Kizem (pais da noiva), Nair Kizem e esposo Ilídio Carriço. Foto: Acervo/Abrahim Baze

Myrna Kizem, quando era solteira. Foto: Acervo/Abrahim Baze

O destino haveria de testar a capacidade de luta deste lusitano, lamentavelmente em 1972 é acometido de um derrame cerebral que o manteve durante vinte e três dias em coma. O que para os médicos seria quase impossível, fora para ele a superação deste fato lamentável que numa demonstração de vontade de viver imensurável passou a lutar ainda mais, dedicando-se ao trabalho e a família. Após recuperar-se do coma foi internado em um hospital no Rio de Janeiro, por seis meses para o tratamento de um problema renal e fazer fisioterapia, com objetivo de voltar a andar e ter independência. Um ano após esta ocorrência lá estava ele participando de uma feira internacional de produtos fotográficos na Alemanha, naturalmente em busca da importação de produtos mais modernos para sua empresa em Manaus.

Após a fase difícil de sua doença foi se adaptando a nova situação e procurou enfrentar tal problema ao lado de sua esposa, dos filhos e do trabalho. Sem perder sua capacidade de sonhar procurou expandir seu comércio agora com ajuda direta dos filhos, abrindo novas lojas na cidade.

Em 1987 graças a sua visão empreendedora entrou no segmento de revelação colorida com a importação dos primeiros mini laboratórios de processamento em uma hora, o que na época fora um pulo impressionante de modernidade nos serviços fotográficos.

Antônio Rodrigues e o gerente da loja Sr. Plácido. Foto: Acervo/Abrahim Baze

Além de seu sucesso na área comercial, foi o terceiro presidente do CDL Manaus, era um homem de formação moral e libada que jamais usou das práticas ilegais, da mentira, inveja ou egoísmo que pudessem lhe trazer vantagens. 

Procurou educar os dois filhos através dos princípios cristãos e de dedicação ao trabalho, cujo, resultado é extremamente promissor. Antônio Rodrigues faleceu no dia 24 de fevereiro de 2001.

Este é o resultado profícuo do trabalho do imigrante português Antonio Rodrigues.

*Informações cedidas pela família.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Parque do Utinga bate recorde de visitantes em 2024 e projeta ações para a COP30 em Belém

Até o dia 13 de dezembro, mais de 470 mil pessoas passaram pela Unidade de Conservação (UC), superando em 40 mil o total registrado no mesmo período de 2023.

Leia também

Publicidade