A representação da Amazônia na obra de Otoni Mesquita

Otoni Mesquita é um importante artista amazonense, nascido em Autazes, em 1953. Sua trajetória artística teve início em meados da década de 1970, mas, foi a partir dos anos 1980 que seu trabalho como artista visual ganhou notoriedade.

Otoni Mesquita é um artista contemporâneo amazonense nascido em Autazes, em 1953. Embora se destaque com os trabalhos em pintura, sua poética visual abrange múltiplas linguagens expressivas, tais como desenho, gravura, instalação e performance. Além de artista plástico é reconhecido por seu trabalho como docente e pesquisador, atuou como professor do curso de Artes Visuais, da Universidade Federal do Amazonas, entre os anos de 1984 e 2016.

Sua trajetória artística teve início no Curso de Pintura e Desenho, da Pinacoteca do Estado do Amazonas, em 1975. Nesse período teve como professores os artistas Manoel Borges e Van Pereira, ambos membros do Clube da Madrugada.

Otoni Mesquita. Foto: Reprodução/Facebook-Otoni Mesquita

Mesquita ganhou projeção durante a década de 1980, período em que cursou graduação em Gravura na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, paralelamente às atividades exigidas pela graduação em Gravura, também frequentava cursos livres ofertados no Museu de Arte Moderna (MAM – RJ) e, assim como outros de sua geração, recebeu influências das tendências em voga naquele período, dentre elas podem ser destacadas: o emprego da pintura enquanto linguagem expressiva, a produção de obras em grandes formatos e a valorização de temas ligados à região Amazônica.

Foi durante a década de 1980 que participou de algumas das exposições nacionais mais importantes da sua carreira, tais como a mostra individual Ritual Soltando os Bichos1 e das mostras coletivas Artistas contemporâneos do Amazonas2, O Surrealismo no Brasil3, Verde Contemporâneo4 e VIII Salão Nacional de Artes Plásticas5.

Sem título, acrílica e cola s/ papel, 11 x 24,5 cm, 1984, Otoni Mesquita. Foto: reprodução do livro Otoni Mesquita: Fragmentos, Bichos, Personas e Paramentos.

As referências Amazônicas, na obra de Otoni Mesquita, não surgem como formas estereotipadas e, muitas das vezes, não correspondem a algo literal, características que podem ser observadas nos Fragmentos, expostos em 1984. Nesse conjunto de obras, a visualidade amazônica pode ser encontrada nos diferentes símbolos que remetem às cerâmicas arqueológicas e gravuras rupestres dos povos que habitaram a região antes da colonização.

As diferentes simbologias ligadas à Amazônia também podem ser observadas nas Personas, um conjunto de obras que apresenta releituras de indumentárias ritualísticas dos povos ancestrais da região. Máscaras, grafismos e rituais são alguns dos elementos que compõem essa narrativa visual, cujo protagonismo ocorre por criaturas fantásticas, ligadas ao universo cosmogônico do artista.

Rictual soltando as Personas, acrílica s/ papel, 150 x 250 cm, 1987. Acervo particular. Foto: reprodução do livro Otoni Mesquita: Fragmentos, Bichos, Personas e Paramentos

A busca por um universo ancestral e pela valorização da região Amazônica correspondem ao epicentro de toda produção artística e intelectual de Otoni Mesquita. Além das obras visuais, a região é destacada em outras camadas de sua produção: em pesquisas e publicações acadêmicas que ressaltam o processo de ocupação da região.

Para conhecer mais detalhes sobre a vida e obra de Otoni Mesquita, acesse o vídeo 9, da websérie Visualidades Amazônicas:

1 A exposição Ritual Soltando os Bichos foi organizada na Galeria Macunaíma, no Rio de Janeiro, em 1986.

2 A mostra coletiva Artistas contemporâneos do Amazonas foi apresentada no Museu de Arte Brasileira da Fundação Álvares Penteado, em São Paulo, em 1989.

3 A exposição coletiva O Surrealismo no Brasil foi exposta na Pinacoteca de São Paulo, em 1989.

4 Mostra coletiva, no Solar Grandjean de Montigny (Rio de Janeiro), com participação dos artistas amazonenses Bernadete Andrade, Sérgio Cardoso, Jair Jacqmont, Jader Rezende e Maria Auxiliadora Zuazo.

5 O VIII Salão Nacional de Artes Plásticas foi apresentado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1985. Na ocasião dessa exposição, o artista recebeu o Prêmio de Aquisição. 

Sobre as autoras

Lorena Machado é artista e pesquisadora amazonense, possui mestrado em Letras e Artes (Universidade do Estado do Amazonas) e graduação em Artes Visuais (Universidade Federal do Amazonas).

Karen Cordeiro é artista e pesquisadora amazonense, possui mestrado em Letras e Artes (Universidade do Estado do Amazonas) e graduação em Artes Visuais (Universidade Federal do Amazonas). Possui como área de pesquisa a História da Arte no Amazonas.

*O conteúdo é de responsabilidade das colunistas

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