De espelho d’água à aquaterrário: conheça a história do lago do Aeroporto de Manaus

Ele nasceu como espelho d’água, na década de 1970, e fazia parte do paisagismo do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus

Tinha o objetivo de impressionar e ser um dos atrativos da cidade. Quem passava pelo aeroporto ficava encantado. 

O problema era que no espelho d’água as algas se proliferavam, e quando morriam, não deixavam um cheiro muito agradável no local. Então os tanques eram esvaziados, para evitar o odor, no entanto, a direção solicitava que novamente fossem cheios e corriqueiramente o problema se repetia.

Foto: Divulgação

Em 1990, a Infraero contratou uma empresa privada para controlar a proliferação de algas no espelho d’água, e uma das ações foi colocar peixes nos tanques, como conta o pesquisador doutor Ubirajara Boechat Lopes, que liderou a ação.

“Fizemos um projeto para o Aeroporto que resolveria aquela situação desagradável. Acertemos com a Infraero, e o chefe de manutenção na época se comprometeu em entrar com os custos e eu com a tecnologia. E assim resolvemos o problema do espelho d’água”, conta Ubirajara.

Sobre as espécies de peixes que seriam usadas para a solução do mau cheiro, o pesquisador disse que os tambaquis foram os primeiros a chegarem aos tanques.

“O foco do projeto era na natureza dos alevinos, pois eles se alimentam de plâncton, que são as algas, e lá no espalho do Aeroporto, os peixinhos resolveriam o problema. Como foram colocados bem novinhos, não era necessária a ração, eles aprenderam a gostar das algas. No caso do tambaqui, a literatura diz que são peixes de águas profundas, mas os que foram colocados lá nos tanques se adaptaram naturalmente, pela dimensão do espaço que tinham”, lembra o pesquisador.

Foto:Divulgação/Infraero

Atração turística

Com a chegada dos peixes e das tartarugas, o espelho d’água se tornou ainda mais atrativo, como conta Aldecir de Oliveira Lima, gerente de logística do Aeroporto de Manaus.

“As tartarugas eram a grande atração do lago. As pessoas chegavam e se encantavam com a espécie amazônica conhecida em todo mundo”, disse.

O motorista Gilbert Araújo, que trabalha a mais de 15 anos como taxista, lembra com nostalgia do lago em frente ao aeroporto.
“Meu pai trabalhava como taxista aqui, e trazia a gente para passear. Meus irmãos e eu nos divertimos muito quando crianças. O lago era sensacional, os peixes, as tartarugas, era lindo. Me lembro até de um sorvete com cascalho grosso que vendia aqui, era muito bom, tenho muitas saudades. Agora que mudou para dentro do aeroporto, perdeu o encanto”, lembra Gilbert.

O pesquisador Ubirajara, também lembra com saudosismo do lago. “O espelho d’água deveria ter continuado em frente ao Aeroporto, pois o estacionamento é muito grande e haveria espaço para isso. Quem projetou o novo Aeroporto não conhecia nossa realidade amazônica”, conta.

Jardim Zoológico


Em 2011, o aeroporto precisou ser reformado, e no projeto novo, o espelho d’água, já conhecido como lago, daria lugar a ampliação do estacionamento.

“Precisávamos melhorar a capacidade de passageiros, e o estacionamento era uma das demandas, o que inviabilizaria manter os tanques na frente do aeroporto. Mas o projeto do novo aeroporto já contemplaria dois aquaterrários para manter pelo menos os quelônios no local, e assim foi feito, nas duas pontas do saguão de desembarque”, conta Aldecir.

Foto: William Costa/Portal Amazônia

Com a inauguração dos aquaterrários, o Aeroporto ganhou o status de Jardim Zoológico, licenciado e certificado pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), e abriga hoje apenas espécies de tartarugas.
“A saída do lago de frente do aeroporto melhorou também a qualidade de vida dos animais, que agora são rigorosamente alimentados, e recebem todos os cuidados veterinários, de higiene e manejo necessários. Na frente as pessoas costumavam alimentar as tartarugas e os peixes. Tivemos casos em que foram colocados jacarés no lago, além de várias outras espécies de peixes. Num dia contávamos um número de animais e no outro tinha o dobro”, lembra Aldacir.

Foto:William Costa/Portal Amazônia

Aquaterrários

Atualmente, os dois aquaterrários abrigam cerca de 50 tartarugas, de várias espécies, divididas entre si, que é a capacidade média para terem um conforto ideal. Não há mais o contato direto das pessoas com os animais, mas é possível, através de vidros, a visualização dos quelônios. 

“Além do cuidado com o animal, a visitação do turista ao local ficou mais dinâmica, pois aqui podemos receber com mais conforto as pessoas. Recebemos várias escolas do entorno que visitam nosso Jardim Zoológico e gostaram do aquaterrário”, disse.

Foto: William Costa/Portal Amazônia

Os aquaterrários ficam nas duas pontas do subsolo do aeroporto de Manaus, no salão de embarque, e conforme o sol esquenta as tartaruras saem da água, e fica melhor para visualização.

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