Bangladesh proíbe venda de fibras ao Amazonas

MANAUS – Uma proibição às comercializações de fibra de juta por parte de Bangladesh ameaça paralisar as atividades fabris do segmento têxtil amazonense. Na última segunda-feira (2), o governo do país asiático suspendeu, por meio de Decreto-Lei, o uso de embalagens plásticas de polietileno, fato que resultará no aumento do consumo interno da fibra de juta. Outro agravante é a queda na safra de fibra na Índia, país vizinho e principal comprador de matéria-prima de Bangladesh, que neste período, deverá pressionar o fornecedor a priorizar o envio de produtos à indústria indiana, desfavorecendo o Brasil e o Amazonas. Inicialmente, a determinação tem validade de 30 dias, prazo que pode ser prorrogável.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Amazonas, Sebastião Guerreiro, informa que as duas fabricantes instaladas no PIM, que são: a Brasjuta da Amazônia S/A. Fiação, Tecelagem e Sacaria; e a Empresa Industrial de Juta S/A. correm o risco de paralisar as produções nos próximos dias por falta de fibra, matéria-prima que é importada de Bangladesh. O Amazonas importa 80% da fibra do país asiático.

Amazonas importa 80% da fibra do país asiático. Foto: Walter Mendes/Jornal do Commercio
Segundo Guerreiro, a informação que recebeu dos fornecedores de Bangladesh foi que o governo estrangeiro deverá avaliar, pelos próximos 30 dias, se a produção de fibras existente no país atenderá a demanda interna e possibilitará novas exportações. “É uma situação que nos deixa preocupados, temerosos porque Bangladesh é a única  fonte de excedente para exportação. Como um reforço a essa situação, houve uma quebra na safra na Índia, que é o maior produtor mundial de fibra e cliente número um de Bangladesh. Os indianos devem forçar o país vizinho a exportar para eles”, comenta.
O presidente não soube precisar quanto tempo a fibra mantida em estoque pelas empresas em Manaus deverão atender à produção, mas afirmou que se proibição da importação se alongar as indústrias vão parar. “Os impactos são imediatos. Enquanto tiver matéria-prima haverá trabalho”, disse. “Não temos alternativas. Não há outro país que possa fornecer a fibra”, completou.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Amazonas, Sebastião Guerreiro, no período entre janeiro e setembro deste ano o Brasil recebeu 6.940 toneladas de fibras do país estrangeiro, quantitativo que equivale a US$5 milhões. Deste total, ele afirma que o Amazonas recebeu 2.140 toneladas da matéria-prima, estimadas em US$ 1.636 milhão. Além do Amazonas, os Estados do Pará e São Paulo também importam fibra de Bangladesh. Neste ano, o Pará importou 4.281 toneladas. Enquanto São Paulo demandou 520 toneladas.
No mesmo período de 2014, o país importou 3.071 toneladas, o equivalente a US$1.980 milhão. “Houve um incremento de 125% na importação”, disse Guerreiro. No âmbito estadual houve o recebimento de 739 toneladas de fibra, o correspondente a US$390 mil dólares. No Amazonas, o setor têxtil tem capacidade instalada para operar com 13 mil toneladas do produto ao ano. O cultivo das sementes, nos municípios, resultou em 2015 no fornecimento de aproximadamente 3 mil toneladas de fibras, sendo necessário importar 10 mil toneladas. Mensalmente o segmento utiliza pouco mais de um mil toneladas para atender a produção.
Em meio ao atual cenário de dificuldades econômicas e produtivas, o setor ainda enfrenta um outro gargalo que é a falta de atenção do poder público, fato vivenciado pelo setor com a falta do repasse de verbas que seriaM destinadas à compra de sementes para o plantio que poderiam contribuir com o desenvolvimento do setor no Estado.
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