Saiba quem foram as mulheres que dão nome às ruas de Manaus

É comum ruas serem batizadas em homenagem à alguma personalidade histórica masculina, mas e quanto às mulheres? Conheça algumas delas:

Você provavelmente já deve ter usado uma rua da sua cidade como ponto de referência: “Fica ali próximo à Getúlio Vargas”. Vários desses nomes são em homenagem à personalidades históricas masculinas, como Eduardo Ribeiro, Dom Pedro, Álvaro Maia e Max Teixeira, no caso das ruas em Manaus (AM), e todos nomes de homens que auxiliaram no desenvolvimento da história do Amazonas e até mesmo do Brasil. No entanto, quando paramos para pensar quantos nomes de personalidades históricas femininas nomeiam as ruas, quais nomes veem à mente?

A Câmara de Vereadores do município é a responsável por definir os nomes das ruas, mas qualquer pessoa pode receber essa homenagem contanto que cumpra alguns critérios e o principal é: estar morto(a).

Nesse contexto, o Portal Amazônia fez um levantamento e conta a história de algumas das mulheres que nomeiam as ruas de Manaus. Confira:

1. Radialista Maria da Fé Anzoategui 

Fezinha, como gostava que a chamassem, era Maria da Fé Xerez de Souza Anzoategui, radialista e a diretora geral da rádio Difusora. Por 30 anos, apresentou o programa ‘Nossos Momentos’ de 21h à 0h. Era responsável também pelas finanças e pela programação, o que acreditava ser ‘uma obra do destino’. 

Fezinha nasceu em 1948,  três meses antes da rádio ser inaugurada por seu pai, o radialista Josué Cláudio de Souza. Faleceu em 10 de julho de 2010, aos 61 anos, devido a um infarto, após passar três dias internada. Deixou dois filhos, também radialistas, Daniel e André Anzoategui. 

A rua que homenageia a radialista fica no bairro Adrianópolis, entre as Avenidas Jornalista Umberto Calderaro Filho e Mário Ypiranga Monteiro.

Foto: Reprodução/Blog do Osny Araújo

2. Marquesa de Santos 

Popularmente conhecida como a primeira amante do imperador Dom Pedro I e como “a santa das prostitutas”, Domitila de Castro Canto e Melo foi uma  aristocrata brasileira que exerceu grande influência no governo do primeiro reinado. Nascida em 1797, casou-se aos 15 anos com um militar. Tiveram três filhos, mas apenas dois sobreviveram. Sofria maus tratos do marido e em certa ocasião, Domitila foi esfaqueada duas vezes por ele, sendo atingida na coxa e na barriga.

Duas semanas antes da Proclamação da República, Dom Pedro I, durante uma visita à São Paulo, demonstrou interesse por Domitila. No começo de 1823, ela já estava instalada na corte, era a cortesã preferida do monarca.

O imperador fez da amante a “Dama do Paço”. Em muitas ocasiões oficiais, ela ocupava o lugar que deveria estar reservado a Maria Leopoldina. No dia 12 de outubro de 1825, aniversário do imperador, Domitila tornou-se oficialmente Viscondessa, pelos serviços prestados à imperatriz. Apenas em outubro de 1826, ela foi elevada à Marquesa de Santos.

Após uma vida como parte da nobreza e a morte de Dona Leopoldina, esposa do imperador, Dom Pedro arranjou uma nova imperatriz, o que fez com que rompesse com a marquesa, que foi expulsa da corte.

A rua que homenageia a marquesa fica localizada no bairro Coroado, Zona Leste de Manaus.

Foto: Divulgação/Wikimedia Commons

3. Catarina de Aragão 

Catarina de Aragão, nascida em 1485, foi uma princesa espanhola e rainha consorte da Inglaterra como primeira esposa de Henrique VIII. Seu divórcio provocou o rompimento entre a coroa inglesa e o papado, dando origem à Igreja Anglicana. Faleceu em 1536, no Castelo de Kimbolton.

A rua que homenageia a falecida rainha fica localizada no bairro Japiim, Zona Centro-Sul de Manaus.

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

4. Sarah Kubitschek

Sarah Luiza Gomes de Lemos nasceu em 5 de outubro de 1908, em Belo Horizonte. Integrante de uma das famílias mais tradicionais de Minas Gerais, a política começou a fazer parte de sua vida desde a infância. O pai foi deputado federal e, aos 18 anos, ela conheceu o jovem médico Juscelino Kubitschek, que posteriormente, se tornaria o presidente da república. Noivaram, terminaram – devido a um curso de especialização que JK faria na Europa – e reataram. Em 31 de dezembro de 1930, eles se casaram e anos depois tiveram uma filha, Márcia, e adotaram Maria Estela.

Teve relevância em projetos sociais destinados à crianças, mães, grávidas e famílias menos favorecidas da sociedade. Um exemplo é a Associação das Pioneiras Sociais. Também há o Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek, referência até hoje. Faleceu aos 88 anos.

Uma das maneiras para homenageá-la também foi por meio da nomeação em ruas e espaços públicos. No bairro Colônia Santo Antônio, na Zona Oeste da capital amazonense, uma rua leva seu nome.

Foto: Reprodução/Agência Brasília

5. Joana D’arc 

Joana D’arc, nascida na França em 1912, foi uma heroína da Guerra dos Cem Anos, travada entre a França e a Inglaterra. Foi beatificada em 1920 e hoje é a Santa Padroeira da França. Sua trajetória inclui liderança sobre os franceses, vitórias com o exército, acusações de bruxaria, a morte na fogueira em praça pública e também sua canonização pela Igreja católica. 

Ela estabelecia as táticas, estratégias, analisava os suprimentos e fazia cálculos de risco. Tudo isso, conforme apontam os historiadores, fez com que sua liderança fosse, portanto, transformadora.

Atualmente, há um beco no bairro Educandos, Zona Sul, homenageando a santa.

Foto: Reprodução

6. Ivanete Machado

Arquiteta e urbanista por formação, Ivanete Machado trabalhou como servidora municipal no setor de planejamento da Prefeitura de Manaus. Já havia deixado o serviço público quando morreu em acidente automotivo no exercício de sua função e posteriormente foi homenageada.

A avenida em homenagem à Ivanete fica localizada no bairro Parque 10 de Novembro.

7. Antônia Carneiro 

De acordo com o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), Antônia Carneiro era descendente de indígena e mudou para a capital do Amazonas a procura de trabalho. Casou-se com um militar cearense e teve oito filhos. Atuava na sua comunidade como “rezadeira”, tratando com medicina tradicional indígena os moradores da proximidade.

A rua Antônia Carneiro fica localizada no bairro Cidade Nova, Zona Norte da capital amazonense.

Homenageadas sem histórico

Pode ser comum pensar que toda rua que homenageia alguém possui um histórico ou teve alguma relevância na história do local, mas não é bem assim. Durante o processo de adequação do nome das vias, que ocorreu através da lei 266/1994, ainda nos anos 1990, a Prefeitura de Manaus informou em nota ao Portal Amazônia, que em razão da falta de nomes disponíveis de personalidade para nomear as vias, alguns nomes foram obtidos por meio do obituário nos cemitérios de Manaus. 

Listamos os mais conhecidos:

8. Jacira Reis 

Uma das vias mais conhecidas da Manaus, a Avenida Jacira Reis, localizada no bairro Dom Pedro I, foi inicialmente denominada Rua Jacira Reis pelo loteador do conjunto Kíssia, Flavio Manoel do Espírito Santo. 

O dado é de um levantamento realizado na Gerência de Mobilidade Urbana (CMU). De acordo com a gerência não se tem histórico de vida da pessoa homenageada.

9. Feliciana Costa 

No bairro Nossa Sra. Das Graças, Zona Sul, havia a ‘Rua Nova’, como já possuíam outras ruas com essa denominação, seu nome foi substituído por Feliciana Costa. Não há histórico sobre a homenageada.

10. Professora Marlene dos Santos 

Por fim, ainda na alteração da nomenclatura das vias para atendimento da Lei Nº 266, de 30 de novembro de 1994, foi adotado o nome de Professora Marlene dos Santos para manter o padrão da localidade onde todos são nomes de professores, no bairro Japiim. Também não há detalhes sobre a pessoa.

E aí, você conhece alguma rua com nome de personalidade feminina?

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