Portal Amazônia responde: por que a Amazônia é a região do Brasil com maior incidência de raios?

Umidade e calor são dois fatores que influenciam diretamente na quantidade de raios que caem na região amazônica.

Tempestades são caracterizadas por chuva, raios e trovões. São produzidas por uma ou mais nuvens cumulunimbus também conhecidas como nuvens de tempestade. Uma típica nuvem de tempestades tem um diâmetro de 10 a 20 km. Cerca de 2000 tempestades estão sempre ocorrendo, o que significa que 16 milhões ocorrem anualmente em nosso planeta.

De acordo com o pesquisador de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Kleber Naccarato, a região amazônica é o lugar ideal para receber essas tempestades mais fortes.

“Existem dois ingredientes para gerar esses fenômenos: calor e umidade. O calor vai fazer com que o ar suba e à medida que ele vai subindo a umidade é carregada. Em primeiro lugar, a umidade cria água na sua fase líquida. Se ela for subindo mais se cria o gelo. Dessa maneira, as tempestades ficam mais violentas. Ou seja, a Amazônia é o ambiente ideal para essa formação”, 

destacou.

Foto: Ron Rev Fenomeno/Pixabay

Apenas tempestades com raios não existem. A chuva, o vento e os raios sempre vão estar juntos. Ainda mais em uma região com umidade e calor intensos igual a Amazônia. Por isso, as pessoas devem se precaver e redobrar o cuidado. “A Amazônia produz muito calor e umidade, além de estar próxima ao Equador. Tudo isso é a junção ideal para uma tempestade mais forte com a incidência de raios e trovões”, alertou o especialista.

“Os raios atingem árvores o tempo todo”, lembra o pesquisador. Ele comenta que, como as árvores ficam molhadas no exterior essa é a superfície ideal para o raio descer. Muitos animais acabam morrendo porque buscam abrigo debaixo dessas árvores e ficam próximos à zona de impacto da corrente elétrica.

O especialista informou ainda que não existem pesquisas exatas sobre a área que a eletricidade de um raio percorre: “O grande problema está na característica do terreno. Se o raio cai no mar, ele pode atingir as pessoas que estão próximas, mesmo que não esteja dentro da água. Se você está numa região com solo arenoso (pouco condutor), o raio vai ter um alcance menor”.

Cidade X raio 

O raio nunca vai cair dentro de uma casa, não importa de qual material ela seja feita. Na verdade, o raio vai entrar na fiação elétrica e causar um curto-circuito, ou seja, quem estiver próximo a algum eletroeletrônico será atingido. 

“Se a casa não tiver fiação elétrica, como por exemplo, uma oca indígena, muito dificilmente você vai ter a incidência de raio neste local”, 

exemplificou o pesquisador.

É importante que a instalação elétrica esteja em dia e conte com aterramento ou fio-terra. “A melhor arma é a prevenção. As pessoas devem cuidar da sua instalação elétrica e seguir todas as normas. Já que o raio entra pela rede elétrica podendo causar um acidente ou algo pior”, afirmou Naccarato.

Foto: Divulgação/Elat

Pessoas X raios 

Obviamente os raios podem ser ainda mais perigosos. Se a pessoa estiver desprotegida ou exposta em áreas onde estejam ocorrendo, ela está sujeita a ser atingida diretamente por eles. Porém, a chance de alguém ser atingido por um raio é algo em torno de 1 para 1 milhão e a maioria das mortes e ferimentos não acontecem devido a incidência direta de um raio. Na verdade, são efeitos indiretos associados à proximidade do raio ou por efeitos secundários.

O pesquisador pontuou que a corrente do raio pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, por meio do aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas.

A extensão do dano depende da intensidade da corrente, das partes do corpo afetadas, das condições físicas da vítima e das condições específicas do incidente.

Animais mortos por causa de raios. Foto: Reprodução/G1 Cacoal

De acordo com informações divulgadas pelo Inpe, cerca de 20 a 30% das vítimas de raios morrem, “a maioria delas por parada cardíaca e respiratória, e cerca de 70% dos sobreviventes sofrem devido às sérias sequelas psicológicas e orgânicas, por um longo tempo”. Diminuição ou perda de memória, diminuição da capacidade de concentração e distúrbio do sono são as consequências mais comuns.

Dicas

Por conta de todos esses fatores, o especialista destaca: “é mais fácil a pessoa morrer em um acidente de trânsito”. Outra comparação feita é com a queda de um avião, porém, o resultado é outro. “Quedas de aviões são tragédias imensuráveis, só que comparado ao número de aeronaves que pousam, a chance da pessoa ser atingida por um raio ao invés de morrer em uma queda de avião é maior”, conta.

Confira algumas dicas para não sofrer o impacto das poderosas tempestades de raios da Amazônia:


  • Evite sair de casa durante tempestades, mas se estiver na rua, procure se abrigar em carros, ônibus, lugares cobertos;
  • Se estiver em uma área sem abrigo ou cobertura e estiver relampejando, ajoelhe-se e curve-se para frente, colocando as mãos nos joelhos e a cabeça entre eles;
  • Mantenha distância de árvores, cercas de arames e objetos metálicos;
  • Caso esteja em casa, evite usar equipamentos eletrônicos ligados na tomada, como celulares e notebooks, porque as redes elétricas podem ser atingidas.
  • Evite estruturas altas tais como torres, de linhas telefônicas e de energia elétrica;
  • Não se aproxime de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos;
  • Não fique próximo a tomadas, canos, janelas e portas metálicas.
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