Um convite para conhecer nossa maior riqueza

Muitas espécies na Amazônia são consideradas espécies-chave, responsáveis por exemplo, por manter o equilíbrio populacional de outros animais

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Está relacionada ao funcionamento de diversos ecossistemas, como por exemplo, a disponibilidade de chuvas no sudeste e sul do Brasil, e apresenta uma riqueza inestimada de espécies de plantas e animais.

 

São reconhecidas pelo menos 427 espécies de mamíferos, como a onça-pintada e o sauim-de-coleira; 1300 espécies de aves, como as araras e o gavião-real; 329 espécies de anfíbios como o sapo-cururu e a perereca-macaco; 347 de escamados (lagartos e cobras), como os calangos e sucuris; e 28 espécies de quelônios e jacarés, como o tracajá e o jacaré-tinga.

 

Sapo-arlequim – Nome científico: Atelopus hoogmoedi. Foto: Alexandre Almeida/Divulgação

Esse número de espécies deve ser ainda maior, ou seja, é subestimado, já que muitas áreas da Amazônia ainda são inexploradas devido ao difícil acesso e baixos investimentos em pesquisa. Investir em pesquisa permite que novas espécies sejam descritas. Por exemplo, vocês já ouviram falar do sapinho bilíngue? Ou da rã que tem voz de passarinho? Essas novas descobertas só foram possíveis graças ao investimento em pesquisa. 

 

Para se ter uma ideia, só para anfíbios a diversidade pode ser subestimada em até 350% para algumas espécies. São muitas espécies não conhecidas e que provavelmente nunca chagarão a ser. 

 

Hoje a maior ameaça para as espécies amazônicas é a perda de habitat (local onde uma determinada espécie vive e desenvolve-se), causada principalmente pelo desmatamento, que na Amazônia aumentou 20% entre agosto de 2018 e abril de 2019, segundo pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Imazon. Isso representa uma perda de 2169 Km2 de floresta! 

 

Conhecer as espécies se torna urgente frente a essas questões. Muitas espécies na Amazônia são consideradas espécies-chave, responsáveis por exemplo, por manter o equilíbrio populacional de outros animais, e portanto, possuem papel vital na estrutura, funcionamento ou produtividade nos locais que habitam. Quando essas espécies são retiradas do local em que estão presentes, são causados grandes impactos e mudanças drásticas nesse ambiente.

 

Cobra-de-duas-cabeças – Nome científico: Amphisbaena alba. Foto: Luciana Frazão/Divulgação

Além disso muitas espécies, como sapos e cobras, fornecem compostos importantes que podem ser utilizados na indústria farmacêutica. Sabe o remédio Captopril para tratamento de hipertensão arterial? Foi feito a partir do veneno de uma cobra! Muito além da onça-pintada e dos jacarés, nossa floresta é abrigo de espécies pouco conhecidas da população em geral como os sapos-arlequim e algumas cobras-de-duas-cabeças (que na verdade não são cobras!). Sendo muitas dessas espécies tidas como feias, perigosas ou de pouca importância.

 

Independente do papel ecossistêmico que as espécies desempenham ou se apresentam alguma utilidade ao homem, a diversidade biológica amazônica é um patrimônio nacional e nossa maior riqueza e por isso devemos conhecê-la. Trazer um pouco dessas espécies para mais perto das pessoas que tem o privilégio de viver nesse bioma tão rico é o objetivo da coluna Amazônia Animal!

 

E eu espero levar um pouco da minha paixão por esses animais e do que eu aprendi nos últimos 10 anos como pesquisadora na Amazônia para todos que me acompanharem aqui no Portal. Espero contar com a companhia de vocês ao longo dessa jornada! Abraços de sucuri e até a próxima!

 

Floresta Amazônica – Rio Negro, Município de Santa Isabel do Rio Negro. Foto: Projeto Sisbiota – BioPHAM 563348/2010
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