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Quarta, 08 Mai 2024

Amapá é primeiro Estado a ofertar cursos de graduação em comunidades quilombolas

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Desde outubro a Universidade Federal do Amapá (Unifap) começou a mudar a realidade de comunidades quilombolas com o 'Projeto de Interiorização de Graduação Quilombola', considerada a primeira iniciativa do Brasil a levar o ensino superior para dentro dessas comunidades.

Pedagogia, ciências biológicas e letras-português/francês são os cursos de graduação escolhidos pelos próprios quilombolas. São seis comunidades que receberão as aulas: Curiaú, Carmo do Maruanum, Mazagão Velho, Torrão do Matapi, Igarapé do Lago e Abacate da Pedreira, que integram a Região Metropolitana de Macapá.

Joaquina Ramos Picanço, de 62 anos, parou de estudar na 8ª série do ensino fundamental. Ela mora na comunidade Abacate da Pedreira, localizada as margens da Rodovia AP-070, onde não tinha oportunidade de continuar os estudos pela dificuldade de locomoção até Macapá e por dividir outras responsabilidades.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica AP

Ela afirma que agora tem esperanças em ver que dois dos seis filhos dela poderão ter um horizonte maior na educação. Eles conseguiram duas das 60 vagas disponibilizadas para a comunidade e se tornaram acadêmicos da Unifap no curso de ciências biológicas.

Ana Cláudia Gomes, filha de Joaquina, não esconde a felicidade em poder estudar e ser bióloga um dia. "A gente fica muito feliz, minha mãe ficou muito feliz por mim por poder entrar em uma universidade federal, em um curso que eu gosto muito, em um curso que estou me descobrindo", disse a acadêmica.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica AP

Outra história de sacrifício é a da Eliana Santos, de 41 anos, que mora em uma comunidade vizinha, Santo Antônio da Pedreira, e para acompanhar as aulas, percorre cerca de 15 quilômetros, de segunda a sexta-feira, para chegar ao polo de graduação de Abacate da Pedreira.

Ela trabalha na agricultura, é dona de casa, mãe e sempre sonhou em ter uma graduação de nível superior. Até imaginava que só conseguiria uma vaga em faculdades particulares, já que muitas oferecem o ensino à distância.

Quando soube do projeto da Unifap, Eliana conta que não pensou duas vezes e se inscreveu. Agora acadêmica, ela tem apoio do marido para conseguir concluir o curso. "A rotina é muito corrida, mas quando chega nesse momento der vir pra aula eu largo tudo. Os filhos ficam com o pai deles. É uma luta grande, mas que vale a pena. Cada dificuldade que a gente tem vai ser compensada na hora da conclusão do curso", declarou Eliana.

Ela destaca ainda o apoio que todos os colegas de turma tem uns aos outros para não desistir e persistir na vida acadêmica. "Todos se tornam incentivadores uns dos outros", descreve Eliana.

"São colegas que trabalham na roça, no pesado mesmo, mas chega na hora da aula tá todo mundo aqui, feliz, porque tá realizando um sonho",

disse emocionada.

*Por Marcelle Corrêa e Karina Rodrigues, do g1 Amapá

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