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Sábado, 27 Abril 2024

Peixes de água doce tem grande concentração de Ômega 3, revela pesquisa

Uma pesquisa desenvolvida no Campus Cuiabá - Bela Vista, do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) revelou que peixes das espécies pacu-pevas e outras espécies de água doce, possuem concentração relevante de Ômega 3 e outros nutrientes, importantes para a saúde humana. O trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos por mestrandos e pesquisadores da instituição, sob a coordenação da Professora Sandra Mariotto e demais professores e colaboradores.

O objetivo da pesquisa, de acordo com a professora, foi determinar a composição aproximada de proteínas e gorduras. "Especialmente, buscamos verificar as gorduras em frações, como ácidos graxos e a concentração de colesterol em espécies consumidas com regularidade em Mato Grosso", comentou.

Foto: Michel Roggo/WWF

Os resultados, relatados em dois artigos, foram publicados em revistas científicas internacionais: o primeiro no Journal of Food Composition and Analysis com cinco espécies de pacu-pevas, e o segundo na revista científica Chemistry & Biodiversity com sete espécies nativas e três de cativeiro (peixes da piscicultura).

As pesquisas apontaram que todas as espécies apresentaram alta qualidade nutricional quanto a proteínas ou teor de ácidos graxos, a exemplo o Ômega 3, com baixos índices de trombogenicidade (gorduras que poderiam causar doenças) e altas relações de ácidos graxos hipocolesterolêmico (que beneficia o metabolismo). Em outras palavras, as espécies estudadas são boas fontes de proteínas dietéticas, e gorduras benéficas, entre eles o já conhecido Ômega 3, encontrado comumente em peixes de água salgada, como o salmão.

"A importância da pesquisa é salientar que mesmo peixes da piscicultura (de cativeiro) são benéficos para o organismo, com gorduras favoráveis e proteínas de fácil digestão, quando comparadas a outras proteínas de origem animal", 

afirmou Sandra.

A pesquisa desenvolvida no Campus Cuiabá – Bela Vista aponta que estes peixes de água doce, mais especificamente encontrados em Mato Grosso, são alternativas importantes na composição de uma dieta mais saudável. O resultado indica que o consumo de peixes da região pode, inclusive, baratear os custos de uma dieta específica desenvolvida por nutricionistas.

É o que aponta a Ana Flávia Amorim. Nutricionista e pós-graduada em Comportamento Alimentar e Nutrição Clínica, que destaca a importância da pesquisa. "Para a área da saúde, transcende o aspecto da nutrição. O peixe estudado é mais acessível para a população, facilitando dessa forma, o acesso a nutrientes importantes como o ômega 3, que possui ação anti-inflamatória, auxilia no tratamento de colesterol alto e metabolismo da glicose, além de estudos recentes terem apontado um papel importante dessas gorduras na prevenção de Alzheimer", destacou.

Ana Flávia pontua que o peixe fornece proteína de alta biodisponibilidade e com uma digestibilidade mais fácil, sendo muito relevante dentro de um contexto de alimentação saudável, que busca prevenir ou tratar doenças crônicas como obesidade e diabetes.

O consumo de peixes regionais faz bem para a saúde e para o bolso. De acordo com o presidente da Associação Mato-grossense de Piscicultores (Aquamat), Darci Fornari, optar pelo Tambatinga por exemplo pode representar uma economia de até 60%. "O quilo do peixe inteiro eviscerado gira em torno dos R$ 22 por quilo, enquanto o filé da Tambatinga é vendido em média a R$ 55 o quilo", comentou. O valor do filé do salmão chega a R$ 135 o quilo.

Darci destaca que a expectativa é que o mercado de peixes de água doce aumente para este período da quaresma em Mato Grosso. "Apenas em Tambatinga a produção anual no estado chega a 30 mil toneladas. Para a quaresma a previsão é que sejam comercializados 30% deste valor, em torno de nove mil toneladas", comentou.

Ampliação 

Os resultados da primeira pesquisa, com as pacu-pevas, motivaram os pesquisadores do IFMT Campus Cuiabá – Bela Vista a ampliar as análises para outras espécies, na busca de concentrações relevantes destes nutrientes. A segunda pesquisa englobou dez espécies, sendo três delas usualmente criadas em cativeiro, como o Tambacu, o Bagre e a Tambatinga.

"No caso da Tambatinga, especificamente, já tínhamos o conhecimento junto a piscicultores de que a espécie possuía um rápido crescimento de massa muscular, o que representa uma boa lucratividade na criação do peixe em cativeiro. Nesta pesquisa em andamento já identificamos, por conta desta qualidade da Tambatinga, uma alta concentração proteína", afirmou Sandra Mariotto.

A Tambatinga, por exemplo, possui uma concentração de 28,66% de proteínas, conforme apontou a pesquisa. Já o Pintado, possui uma concentração de 22% de proteínas. "Carnes vermelhas podem ultrapassar os 30% de concentração, mas, se levarmos em conta a digestibilidade e a concentração de gorduras, é mais indicado o consumo de peixe", comentou.

Isso significa, de acordo com a pesquisadora, que os resultados preliminares apontam para a Tambatinga como uma boa alternativa nutricional inclusive para a carne vermelha. "Se imaginarmos a indústria da pecuária e os impactos no meio ambiente, apresentar uma alternativa como a Tambatinga na dieta regular implicaria não somente na mudança da dieta familiar, mas em toda uma cadeia de produção em prol da preservação ambiental", destacou Sandra.  

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