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Quarta, 08 Mai 2024

Resíduos de esgoto em Manaus têm potencial para gerar energia, diz pesquisa

Igarapé do Parque do Mindu é um dos exemplos usados pelo professor. Foto: Clarissa Bacellar/Portal AmazôniaMANAUS - Utilizar restos de comida e detritos de animais na produção do biogás para substituir o gás de cozinha já é uma realidade para algumas famílias no interior do Amazonas. Este é o resultado de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), posta em prática neste ano. Mas o próximo passo, segundo o professor responsável Johnson Pontes, é gerar energia elétrica com o uso do biogás, premissa que usa, além de toda a biomassa citada acima, o lixo acumulado em esgotos de Manaus.Para o professor, esta é uma forma de produzir energia sustentável, ao utilizar o que é desperdiçado e se transformaria em um problema social. "O aproveitamento de todo material orgânico dos igarapés para a produção de gás foi contemplado primeiramente com o reator USB, primeira etapa do projeto. A próxima é justamente aproveitar esse gás em um sistema termodinamicamente viável para a produção de energia elétrica das comunidades tradicionais da Amazônia", pontuou.A feira da Manaus Moderna é um dos exemplos de locais para colocar em prática a nova pesquisa, pois, no centro turístico de Manaus, o esgoto e o desperdício de comida se acumulam e prejudicam a população. “Ajudaria no saneamento básico”, afirmou Pontes.Comida desperdiçada em feiras acabam no esgoto. Foto: Clarissa Bacellar/Portal AmazôniaPropostaO 'Estudo do aproveitamento do esgoto doméstico da cidade de Manaus para produção de energia' foi realizado neste ano pelos estudantes Gabriel Litaiff de Farias, Maissa Kamylle Melo do Nascimento, Maria Juliana de Sá Lima e Rodrigo Botinelly Nogueira. Sob a supervisão do professor Johnson Pontes, do departamento de engenharia química da Ufam, os estudantes verificaram a viabilidade do uso de diversos materiais para a geração de biogás.Entre eles estão alimentos desperdiçados na feira e biomassas como restos de folhagens acumulados em igarapés. De acordo com Pontes, o principal ponto positivo é que todo esta matéria-prima não é finita, como no caso dos combustíveis utilizados para a geração de energia.A ideia do novo estudo partiu de uma exploração do tema, que levasse em consideração outras possíveis formas de aproveitamento do material orgânico usado na produção do biogás. “Existe uma quantidade de material desperdiçado bastante significativa [na feira]. Para nosso estudo de caso, foi verificado que esse material colocado em um tanque anaeróbico produz gás. A partir da conversão termodinâmica, do gás em eletricidade, é algo viável nas comunidades tradicionais”, destacou o professor.Processo simplificado Como informado, o biogás pode ser gerado através do esgoto doméstico por causa da matéria-prima que o compõe. Assim, coforme descreve o estudo, as redes de esgotos, ao chegar às Estações de Tratamento passam pelos biodigestores RAFA’s (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente).Protótipo criado por estudantes da Ufam. Foto: Johnson Pontes/CedidaEstes modelos foram os considerados mais adequados para Manaus depois da análise, pois trabalham diretamente com o lodo e a composição química do esgoto. É nesse biodigestor que são separadas as fases gasosa, que dará origem ao biogás;  líquida, que será retratada e voltará para os rios; e sólida, que dará origem a adubo.Custo“Para que a energia seja originada a partir do tratamento de esgoto, é necessária uma quantidade enorme de biomassa para que todo dinheiro implementado no projeto tenha retorno, uma vez que o investimento local é maciço e arriscado”, explicam. O custo das manutenções realizadas uma vez ao ano no biodigestor seria de R$ 129.040,13.Tal investimento teria retorno econômico e para a saúde pública. Caso posto em prática, doenças como a dengue teriam redução de casos, por exemplo. Além disso, a aplicação seria voltada para uma comunidade específica, em pequena escala, como as tradicionais ou, adaptando-a, como a feira do centro da cidade.Oo projeto será implantado em janeiro de 2016 em comunidades rurais de Manaus e no município de Maués (distante a 257,74 km de Manaus), cujo biogás substituirá o gás de cozinha e produzirá energia limpa. Serão 25 famílias beneficiadas. “É um projeto que mostra que o que se propõe dentro da universidade pode ser aplicado para as pessoas mais necessitadas”, garantiu Johnson Pontes.

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