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Quinta, 25 Abril 2024

Polo naval do Amazonas sente reflexos com alta do dólar



MANAUS -
 O setor naval do Amazonas ainda contabiliza dados para o ano de 2015 e faz suas perspectivas para 2016, mas o início do ano já apresenta algumas marcas que devem afetar a indústria naval no período. Alta do dólar e uma ameaça de paralisação deram o tom na primeira quinzena. A falta de um assento no Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) e mais atenção por parte do Governo do Estado, serão algumas das lutas que o setor deve enfrentar.
A alta do dólar causou o primeiro impacto do ano, restringindo maiores e novos investimentos no setor, conta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Naval de Manaus (Sindnaval), Matheus Araújo. “A alta da moeda americana, impossibilita a compra de aço, matéria prima essencial à indústria, o que, em efeito cascata, pode causar a perda de vagas de trabalho”, conta. O setor ainda foi impactado com o agravamento da crise da Petrobras em meados de 2015. “Não estamos ligados diretamente a estatal, mas a Petrobras é responsável por grandes demandas e a crise com o tempo, pode gerar redução em novos contratos”, finaliza.Apesar de certa estabilidade, o presidente do Sindnaval não vê o setor em águas tranquilas. “Buscamos um assento no CDFMM (Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante)para garantirmos acesso mais fácil a recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e outros financiadores”, conta.
A falta de mais investimentos dos governos federal e estadual é outro ponto lembrado por Araújo. “Temos o foco maior na navegação regional, mas falta apoio necessário para que se viabilizem estaleiros formais, mais acesso à crédito e novos projetos” conclui.Greve do ano
Cerca de 300 trabalhadores, da construção naval repetiram na manhã da última segunda-feira (11) o movimento que paralisou por 30 minutos os dois sentidos da Ponte Rio Negro (Compensa 2, zona Oeste). A manifestação foi iniciativa dos metalúrgicos do Erin (Estaleiros Rio Negro), que a exemplo do acontecido no último dia 8, reivindicam o pagamento do 13º salário, além de outros encargos trabalhistas que se encontram em atraso. O movimento foi reforçado pela presença de trabalhadores e representantes de sindicatos de outras categorias.
Para o presidente do Sindnaval, o que ocasionou a paralisação foi a intromissão de representantes de outras categorias, que ‘inflamaram’ os ânimos. “Entendo como justas quaisquer reivindicações por receber atrasados. Mas vejo que houve uma manipulação por parte de outros sindicatos, de outras categorias que não têm competência sobre a indústria naval e sobre um assunto administrativo que deveria ser discutido entre o estaleiro e os trabalhadores”, afirma Araújo que garante que a paralisação do Erin foi um caso isolado “O que vimos é que foi um problema interno, de administração do Erin. Nenhum outro estaleiro parou, mas qualquer paralisação já causa um enorme prejuízo à indústria naval”, fecha Araújo. 
De acordo com Araújo, os atrasos nos pagamentos são causados pela demora no repasse dos recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o financiador dos projetos das empresas locais do setor. “Há interesse no estaleiro em resolver estas questões, mas os recursos devidos não foram repassados a tempo. Então com ânimos exaltados, a força policial foi chamada. Lamentamos o ocorrido, mas esperávamos uma negociação tranquila”, comenta o sindicalista.
Feridos e detidos
Além dos trabalhadores do Erin, a manifestação teve apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Amazonas (Sintracon), que teve seu presidente Cícero Custódio detido e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo do Amazonas (Sindipetro-AM). Participando das manifestações, o coordenador geral do Sindipetro, Acácio Viana via a participação da sua categoria no protesto como um reforço a luta dos metalúrgicos. “Não tem muito tempo que saímos de uma paralisação de 16 dias por melhorias. Vejo a paralisação como uma forma justa de reivindicação” comentaViana.
A paralisação da segunda-feira terminou após um confronto entre os trabalhadores e policiais da Ronda Ostensiva Candido Mariano (Rocam) e resultou em feridos e detidos do lado dos trabalhadores. “Houve excessos e rigor da Rocam em um momento de negociação, com as vias liberadas para o tráfego. Soube que a diretoria do estaleiro acenava de forma positiva com os manifestantes, mas depois do confronto, só houve silêncio”, resume o sindicalista. *A reportagem do Jornal do Commercio tentou contato com a diretoria do Erin e com o presidente do Sintracon, mas até o fechamento não havia obtido resposta.

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