Manaus 30º • Nublado
Sexta, 26 Abril 2024

Estudo analisa impacto predatório de formigas em ninhos de tracajá no Amazonas


Foto: Divulgação/FapeamMANAUS - Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) descobriram que as formigas são as principais predadoras naturais dos filhotes de tracajás no Amazonas. O resultado faz parte do estudo “Nest predation of the yellow-spotted Amazon River turtle (Podocnemis unifilis, Troschel, 1848) by the fire ant (Solenopsis geminata, Fabricius, 1804) in the Brazilian Amazon” desenvolvido de 2012 a 2014. Segundo eles, as formigas constroem os ninhos e se instalam nas ninhadas de tracajás, perfurando os ovos e predando os filhotes.Durante o estudo, foram monitorados 492 ninhos. Destes, 19,3% foram atacados por predadores naturais, sendo as formigas (Solenopsis geminata) responsáveis por 65,26% da ação predatória. Outros predadores naturais, em menor escala, foram os jacurarus (Tupinambis teguxin) e o macaco-prego (Cebus apella). A predação ocorreu em diversas fases do desenvolvimento e incubação dos filhotes, desde as desovas até a eclosão dos ovos.“Nossos resultados sugerem que locais de nidificação em áreas de várzea (os barrancos de típico solo argiloso) também podem representar um grande risco para perda das ninhadas de tracajá devido à predação ocasionada por estas formigas”, disse o coordenador do estudo, José Erickson.Os resultados do estudo serão compilados em um artigo científico, a ser publicado, até abril de 2016 na revista de Herpetologia ‘The Hepetological Journal’. A publicação foi produzida em coautoria com o doutor do Departamento de Biologia da Ufam, Fabrício Baccaro. Pela publicação do artigo, os pesquisadores receberão recursos financeiros do governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) pelo Programa de Apoio a Excelência Acadêmica (Pró-Excelência).O estudo está sendo desenvolvido na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus e, de acordo com Erickson, o projeto ainda deverá gerar informações para orientar a adoção de políticas públicas relacionadas à conservação de quelônios em Unidades de Conservação na Amazônia, bem como do seu manejo em criadouros com fins comerciais.
Foto: Divulgação/FapeamPropensa à extinção“Na Amazônia, o tracajá (Podocnemis unifilis) figura como um exemplo de adaptação às variações naturais impostas pelo ambiente, sendo a espécie de quelônio aquático mais generalista quando observada sua história de vida (reprodução, diversificação quanto aos locais de desova, alimentação e desenvolvimento), dentre as que se encontram distribuídas na Amazônia”, disse Erickson.Ele informou que espécie está atualmente classificada como vulnerável podendo ser uma das mais propensas à extinção. “Este trabalho tem como objetivo usar o tracajá como modelo de estudo, dada a sua enorme importância ecológica, cultural e socioeconômica na região amazônica. Pretende-se com este trabalho, ampliar os conhecimentos sobre a ecologia, biologia de desenvolvimento e comportamento da espécie”, disse.Ao longo do estudo, os pesquisadores fizeram o monitoramento de ninhos de tracajá com o auxílio de ribeirinhos das comunidades tradicionais envolvidas nas atividades de pesquisa do Programa de Conservação de Quelônios da Amazônia (PCQA) do Instituto Piagaçu.O monitoramento ocorreu durante o período de desova da espécie em uma área caracterizada por apresentar floresta de várzea, composta por pântanos periodicamente inundados, tendo como substrato solo do tipo argiloso. O monitoramento ocorreu durante a seca e início da enchente entre os meses de setembro e dezembro de 2012, 2013 e 2014.Erickson explicou que, uma vez que as formigas constroem seus ninhos e se instalam nas ninhadas de tracajá, os filhotes tornam-se presas fáceis para as formigas, que podem ainda perfurar e predar ovos ou os filhotes, quando estes estão absorvendo o vitelo.“O desenvolvimento deste estudo nos permitiu reavaliar o modelo e as estratégias adotadas pelas comunidades tradicionais e pelo programa de pesquisa na proteção e mapeamento dos ninhos para conservação desta espécie ameaçada”, disse o pesquisador.

Veja mais notícias sobre Meio Ambiente.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sexta, 26 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://portalamazonia.com/