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Sexta, 26 Abril 2024

Espécies de mutum, gavião real e maçarico estão entre as 65 aves da Amazônia ameaçadas de extinção

Espécies de mutum, gavião real e maçarico estão entre as 65 aves da Amazônia ameaçadas de extinção
Perdendo apenas para os peixes, as aves são o segundo grupo de vertebrados mais diverso do Brasil, totalizando 1.903 espécies reconhecidas até 2014. A Amazônia sai na frente como o bioma com o maior número de espécies, porém, abriga 65 aves ameaçadas de extinção, dos 234 táxons oficialmente considerados ameaçados.

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As informações constam no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção 2018, divulgado na última semana de janeiro, pelo Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio). O Portal Amazônia já mostrou quais são os peixes ameaçados de extinção na Amazônia, que inclui espécies de Pacu, Matrinxã e Curimatã, e também os seis répteis da Amazônia que podem ser extintos.

Em todo o território brasileiro, três aves já são consideradas extintas: o maçarico-esquimó (Numenius borealis), o peito-vermelho-grande (Sturnella defilippii), e a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus). Outras três aves, endêmicas do Brasil, foram considerados extintas em todo o planeta: o gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti); o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi) e o caburé-depernambuco (Glaucidium mooreorum).

A Mata Atlântica ainda é o bioma que possui o maior número de táxons ameaçados de extinção, são 120, seguido pela Amazônia, com 65. Em seguida, vêm o Cerrado e a Caatinga (34 táxons cada), o Pampa (16) e o Pantanal (13). Outros vinte táxons ameaçados de aves são marinhos.

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As principais ameaças às aves brasileiras apontadas durante o processo de avaliação foram o desmatamento e a fragmentação de habitat oriundos de atividades antrópicas, especialmente aquelas relacionadas às atividades agropecuárias e a expansão urbana. Outras ameaças relevantes são as queimadas e a captura de animais, seja para consumo ou para o comércio ilegal para servirem como animais de estimação.

Na Amazônia, espécies de mutum, maçarico, pica-pau e até do famoso gavião-real podem deixar de existir na fauna brasileira. O Portal Amazônia separou 10 aves que correm esse risco, confira:

Espécie: jacupiranga (Penelope pileata)

Situação: Vulnerável

Encontrado no Amazonas, Pará e Maranhão

Como boa parte das aves amazônicas, as populações do jacupiranga estão declinando em função da destruição e descaracterização avassaladoras do seu habitat. Aliado a este fator, a caça para consumo ainda impacta negativamente esta espécie. Sua área de distribuição é, atualmente, uma das mais impactadas em toda a Amazônia e as projeções são de um incremento na perda de vegetação natural.

Foto: Reprodução/ICMBio

Espécie: mutum-de-fava, mutum-fava, mutum-açu, mutum-piurí, mutum-de-assovio (Crax globulosa)

Situação: Em Perigo

Encontrado no Amazonas e Rondônia

A destruição de áreas de vegetação de várzea na Amazônia brasileira e habitat fluviais nos outros países é uma ameaça. É alvo de caça para consumo e comércio, sendo mais vulnerável que outros cracídeos, por manter-se muito próximo à beira de rios, habitat facilmente acessado por pessoas que utilizam o rio como transporte. Pode haver extinção de subpopulações isoladas devido à perda de variabilidade genética.


Espécie
: mutum-pinima (Crax fasciolata pinima)

Situação: Criticamente em Perigo

Encontrado no Pará e Maranhão

A região onde ocorre é, hoje, uma das mais descaracterizadas de toda a Amazônia. Crax f. pinima perdeu mais do que 75% de seu habitat original, estando atualmente ausente até mesmo dos maiores fragmentos florestais da região. É intolerante a alterações de habitat, sendo restrito a florestas primárias. As áreas remanescentes continuam sofrendo degradação e considera-se que não existe mais habitat ótimo para este táxon. Além disso, sofre intensa pressão de caça.


Espécie
: uiraçu-falso (Morphnus guianensis)

Situação: Vulnerável

Ocorre do sul do México à Bolívia, Paraguai, extremo nordeste da Argentina e Brasil, com registros desde a região norte até o sul do país.

A perseguição por humanos pode ser uma ameaça, considerando a baixa densidade da espécie. A existência de habitat adequado é um forte limitante à presença da espécie. Atualmente, ainda há perda de habitat na região sul do país devido à implantação de hidrelétricas, mineração e plantação de Pinus spp. Na região norte, é intensa a perda de habitat. O acúmulo de desmatamento nos últimos 40 anos na Amazônia brasileira é de aproximadamente 20%, concentrado no sul da Amazônia.


Espécie
: gavião-real, harpia (Harpia harpyja) 

Situação: Vulnerável

Encontrado no Sul do México ao leste da Bolívia, leste do Brasil e extremo nordeste da Argentina, dentro da distribuição original das florestas tropicais nas Américas. Mais de 50% da área total de sua distribuição ocorre nas florestas do Brasil.

Harpia harpyja ocorre originalmente do sul do México ao leste da Bolívia, leste do Brasil e extremo nordeste da Argentina. É citada como Quase Ameaçada na lista mundial de espécies ameaçadas e como Criticamente em Perigo em quase todas as listas estaduais de espécies ameaçadas existentes no Brasil. A situação da espécie na Amazônia é menos crítica do que em outras regiões do Brasil na atualidade, mas modelagens realizadas estimaram uma redução mínima de 27% de perda de habitat nesse bioma no tempo de três gerações da espécie (56 anos).


Espécie
:  jacamim-de-costas-marrons (Psophia dextralis)

Situação: Vulnerável

Encontrado no Pará e Mato Grosso

A maior ameaça reside na combinação do desmatamento com a caça predatória. Sua raridade natural, sensibilidade à alteração de habitat e o fato de ser espécie muito procurada por caçadores, uma vez que são aves robustas (mais de 2 kg), fazem com que possa desaparecer muito rapidamente de locais com ocupação humana.


Espécie
: maçarico-de-costas-brancas (Limnodromus griseus)

Situação: Criticamente em Perigo

No Brasil,  ocorre com frequência na costa norte e nordeste, especialmente nos estados do Amapá, Pará e Maranhão

Limnodromus griseus, espécie migratória que passa o período não-reprodutivo no Brasil, sofreu declínio de 86% em sua população no centro-norte do litoral brasileiro em um período de 25 anos. Considerando que essa população representa mais de 90% do total de indivíduos de L. griseus que migra para este país, esse declínio pode ser inferido para a população total que ocorre no Brasil. 


Espécie
: capitão-de-cinta (Capito dayi)

Situação: Vulnerável

Encontrado no Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas

A perda de habitat é a principal ameaça à espécie. Capito dayi é sensível a perturbação de habitat, ocorrendo principalmente em áreas menos perturbadas de florestas de terra firme. Grande parte de sua distribuição está nas áreas com maiores taxas de desmatamento na Amazônia.


Espécie
: pica-pau-de-belém (Piculus paraensis)

Situação: Em Perigo

Encontrado no Pará e Maranhão

A maior ameaça a Piculus paraensis reside na perda de habitat. A região é marcada por formas complexas de uso dos recursos naturais e ocupação humana, de forma que cerca de 70% do Centro de Endemismo Belém já foi desmatado. O táxon é extremamente sensível ao desmatamento, pois precisa de grandes fragmentos de mata primária para sobreviver.


Espécie
: ararajuba, guaruba (Guaruba guarouba)

Situação: Vulnerável

A distribuição inclui o oeste do Maranhão, um eixo lesteoeste na região central do Pará, o extremo sudeste do Amazonas e o extremo nordeste de Rondônia.

A principal ameaça para a sobrevivência da ararajuba na natureza é o desmatamento contínuo na Amazônia. A distribuição geográfica da espécie coincide com o arco do desmatamento e desse modo foi reduzida em aproximadamente 30% ao longo das últimas décadas e projeta-se uma perda de mais 20 a 30% nos próximos 50 anos. Embora a espécie possa tolerar certos distúrbios na floresta, as ararajubas estão ausentes em áreas com desflorestamento avançado e os bandos desaparecem sazonalmente em áreas fragmentadas, provavelmente em busca de alimento, indicando necessidade de florestas primárias.

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