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Sexta, 26 Abril 2024

Alta do dólar pede adaptações de empresários do Amazonas



MANAUS
- Os primeiros a sofrer o baque da alta do dólar -que esta semana ultrapassou os R$ 4 -indústrias, comércio e serviços do Amazonas que consomem insumos importados ou dependem da flutuação da moeda americana para o bom funcionamento, tendem a repassar aos clientes e consumidores o acréscimo de custos no orçamento. A saída tem sido apertar os cintos, promovendo liquidações e adaptações para não demitir e em pior hipótese, fechar as portas.
Matriz dolarizada O setor de indústria gráfica, que tem sua matriz industrial dolarizada, sofre impactos diretos do câmbio, com os valores de chapas, tintas e papel sendo balizados pelo dólar, conta o proprietário da Gráfica Ziló, Eduardo Moraes, que em junho já havia sentido a retração do mercado. “Trabalhamos com equipamentos importados e que exigem manutenção contínua para mantermos a qualidade e com a alta do dólar, precisamos demitir. Em junho quase 50% dos funcionários foram para a rua e tivemos que rever contratos. É um cenário de incertezas e teremos que nos adaptar de novo”, afirma. 
Trazer a Manaus bandas internacionais é um negócio arriscado que, além de depender do público, precisa ter negócios fechados em dólar. De olho nas planilhas e na cotação, o empresário do segmento de entretenimento Márcio Barroso, precisou reduzir o número de eventos, já que a moeda americana acaba por afetar os custos, da compra das passagens aéreas a sonorização de eventos que pedem qualidade ‘gringa’. “Já havíamos reduzido as despesas com aluguel dos espaços, som e iluminação em 30% nos últimos meses. Com o dólar ultrapassando os R$ 4, fechamos o ano para atrações internacionais e adiamos por tempo indeterminado, um festival ao ar livre planejado para dezembro”, comenta. 
Comércio popular afetado
Sem saída a não ser repassar ao consumidor final os custos do dólar alto, a vendedora de acessórios para celular, Socorro de Freitas ainda se recuperava das altas ocorridas em março e agosto (acima dos R$ 3,50) e as preocupações se renovam. “Vamos precisar renovar o estoque e o jeito é repassar ao consumidor o aumento. Compramos importados e não sabemos qual vai ser o valor do dólar amanhã ou depois. Só podemos esperar que isso passe”, comenta a microempresária.
Com a aproximação do Dia das Crianças, a gerente de comércio de variedades e brinquedos Paula Cristina, vê como saída a equiparação de preços entre nacionais e importados para não perder clientes. “Já sentimos a alta do dólar nas nossas compras. O público aos poucos vem reclamando e temos que nos adaptar dando descontos e fazendo um mix com produtos nacionais para não perdermos vendas, mas vai ser impossível não repassar o aumento ao consumidor final”.
Em alta Um segmento que não sente a crise e que até comemora a elevação do dólar, parece ser o de turismo receptivo e hospedagem, já que o real em baixa atrai o turista estrangeiro. Assim explica o gerente de marketing do Amazon Jungle Palace, Fábio Ramos. “Para o estrangeiro é vantajoso, principalmente por não termos tido acréscimo em nossas tarifas desde o início do ano. Com o dólar em alta, houve um aumento do poder de consumo desse tipo de hóspede e estamos com lotação máxima” disse.
O câmbio atual também é responsável pela permanência e atração de turistas brasileiros e mesmo locais ao lodge. “Não podendo viajar ao exterior, a melhor opção é conhecer seu país e Estado. Muitos turistas locais e nacionais estão aqui conosco”, ressalta Ramos, que completa. “Mas isso não nos traz tranquilidade. Não tem como ficar acomodado, mesmo já tendo público. Devido a crise e concorrência precisamos triplicar as ações de marketing, para podermos manter o hotel sempre com hóspedes”, conclui.

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