Manaus 30º • Nublado
Terça, 23 Abril 2024

Alta do dólar atinge setor naval do Amazonas



MANAUS
- A indústria naval do Amazonas sofre os impactos decorrentes da crise econômica nacional. A elevação da taxa cambial afeta os estaleiros que importam aço para produzir embarcações. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Naval, Náutica, Offshore e Reparos do Amazonas (Sindnaval), apesar dos entraves, o segmento registra demanda crescente por novas embarcações e deve fechar o ano com um aumento ‘tímido’ de 2,5% no faturamento em relação aos números obtidos em 2014, quando o setor contabilizou R$ 247.9 milhões. A alternativa para que os estaleiros consigam atender aos pedidos está no acesso às linhas de crédito bancários.
Segundo o presidente do Sindnaval, Matheus Araújo, o setor naval amazonense enfrenta problemas decorrentes da retração econômica que atinge o Brasil, assim como os demais segmentos econômicos nacionais. Ele relata que a instabilidade da moeda estrangeira gera a redução nas importações do aço, matéria-prima essencial para a construção de embarcações. Consequentemente, também houve diminuição de 1,2% na contratação da mão de obra para o setor, em comparação ao índice de 2014. “Estimamos fechar o ano om um crescimento de 3,2% no faturamento. Porém, não acredito que alcançaremos esse patamar. Deveremos encerrar a produção de 2015 com um acréscimo de 2,5% em comparação ao último ano. Sofremos um ‘efeito cascata’ que também chega ao setor naval, com menos intensidade do que aos Estados que operam diretamente para os projetos da Petrobras”, disse o presidente.
Conforme Araújo, em meio às dificuldades econômicas e à imprevisão quanto ao andamento das obras do polo naval do Estado, a alternativa que resta aos empresários é a busca por financiamentos bancários que viabilizem, economicamente, as construções de novas embarcações. Porém, o presidente explica que o processo para o acesso aos investimentos não é tão simples, além da demora na liberação dos recursos.
De acordo com o representante, o segmento precisa da ajuda da força política para desburocratizar o acesso aos financiamentos. “O setor precisa de investimentos. Precisamos que os bancos federais disponibilizem linhas de crédito mais acessíveis ao armador e ao estaleiro com a garantia real do financiamento. Quando essa exigência extrema cair a indústria naval poderá avançar significativamente em até 30% a mais do que produzimos hoje. Mas, precisamos de esforços políticos como ajuda”, solicitou.
Araújo explica que as novas medidas econômicas impostas pelo governo federal nos últimos meses dificultam o acesso ao crédito dos estaleiros junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empresa financiadora dos projetos a serem idos pelas empresas locais. Os estaleiros têm direito ao uso do Fundo da Marinha Mercante (FMM), fundo destinado ao provimento de recursos para o desenvolvimento da Marinha Mercante e da indústria de construção e reparação naval brasileiras, fundo que tem como agente financeiro o BNDES. "Hoje é a Receita Federal que é responsável pelo repasse dos valores. Se antes já era difícil conseguir liberação, agora ficou ainda pior”, comenta Araújo.
Segundo o presidente, o banco, ao aprovar um projeto de uma obra, divide o orçamento em três etapas. A primeira, no valor de 20%, é liberada à fabricante para a compra dos materiais para o início das obras. Enquanto os 80% restantes são liberados mediante fiscalizações, que são chamadas de ‘medições’. Essas fases ocorrem conforme o andamento das obras e a solicitação do estaleiro. “Os 20% que recebemos são insuficientes para a aquisição do material. Além disso, a liberação das demais porcentagens só acontecem após uns três meses da realização das medições e isso é prejudicial porque ficamos sem recursos para continuar o trabalho”, reclama. “Temos que fazer mágica tirando o valor de um local para destinar a outro, caso contrário, temos que parar as atividades”, completa.
O segmento naval amazonense é composto por mais de 50 estaleiros que produzem embarcações de madeira, alumínio, aço e compósitos. O setor reúne mais de 10 mil trabalhadores e consome 96 mil toneladas de aço anualmente.

Veja mais notícias sobre Economia.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quarta, 24 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://portalamazonia.com/