Clube de maior torcida do Amapá quer quitar dívidas para ‘ressurgir’

MANAUS – O Ypiranga é o clube de maior torcida do Amapá. Oito vezes campeão amapaense, o time detém o recorde de sete títulos na era profissional do futebol local, o último deles em 2004. De lá pra cá, entretanto, o ‘Clube da Torre’ sumiu do cenário nacional. Afundado em dívidas, o clube perdeu parte do seu patrimônio, o que influenciou diretamente nos resultados dentro de campo.Em 2016, o gigante adormecido quer voltar a brilhar no cenário amapaense. Com um planejamento bem mais modesto, o Ypiranga tem um objetivo bem definido para a temporada. Mas não é a conquista do título estadual, e sim sanar as dívidas que atormentam o clube.
Ypiranga é o atual campeão da Copa Amazônia Sub-17, criada no ano passado. Foto: Reprodução/Ypiranga ClubeO Ypiranga atualmente é presidido por Aldemir França, que assumiu o cargo no dia 27 de outubro de 2015. “É uma espécie de mandato tampão”, admitiu o mandatário em entrevista à rádio CBN Amazônia. “Nosso objetivo dentro do Ypiranga é normalizar a situação financeira e social do clube, que se encontra dilapidada”, completou.

Durante a entrevista, Aldemir fez questão de frisar em mais de uma oportunidade que não é candidato a reeleição. O mandato vai até dezembro, onde espera entregar o clube com todos os  problemas financeiros solucionados. “De 2004 pra cá, o clube teve muitos problemas com causas trabalhistas. Isso motivou a perda de seu patrimônio, que agora foi reconquistado em outro local. Estamos com uma sede social muito boa, com alojamento para 30 jogadores, salões para academia e auditório e uma parte de lazer”, detalhou.

O presidente relata que o clube enfrentava quatro ações judiciais – duas de natureza civil e outras duas trabalhistas – quando assumiu a presidência. “As duas trabalhistas nós já negociamos. Uma pagamos na sua totalidade, a outra está em processo de pagamento. E as dívidas civis nos tiraram cerca de 140 mil reais”, explicou Aldemir. Ele também relata uma dívida de R$ 25 mil referente ao processo de uma loja de material esportivo, além de um outro processo trabalhista que o Ypiranga recentemente foi notificado.

Apesar do tormento, Aldemir crê que 80% das dívidas do Ypiranga já foram quitadas. O clube agora tenta sanar o restante de seus débitos para aderir ao Profut [Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro] e disputar o Campeonato Amapaense sem maiores problemas. “Nós já recebemos o material referente a adesão ao Profut. Providenciamos também a legalização de todas as certidões que estavam vencidas, até porque nós temos um contrato até 2020 com a Caixa que nos garante recursos provenientes da Timemania”, disse Aldemir.

Desta forma, o presidente afirma que o Ypiranga precisa apenas quitar seus débitos anteriores para ficar ‘limpo’, pois a arrecadação prevista para 2016 é basicamente o mesmo valor das despesas. No entanto, terminar o ano no ‘zero’ seria uma grande vitória para a diretoria do Clube da Torre.Prata da casa

O Campeonato Amapaense ainda não tem data para começar, mas Aldemir já adianta que o time sub-20 será a base do Ypiranga no profissional. A equipe atualmente disputa o Campeonato Amapaense Sub-17, safra que também deve abastecer o sub-20 na disputa do estadual de juniores.
Jogadores da base serão alçados ao time principal do Ypiranga em 2016. Foto: Divulgação/Ypiranga Clube

O Ypiranga já tem um acordo apalavrado com o treinador Vitor Jaime para dirigir o time no estadual. O último trabalho do técnico macapaense foi no time indígena Gavião Kyikatejê, do Pará. “Ele também vai coordenar o sub-20 e selecionar os jogadores que vão subir pro profissional. As contratações de fora serão pontuais”, garantiu Aldemir.

O mandatário pede a paciência do torcedor em um momento delicado financeiramente. “Não é só o Ypiranga que vai adotar esse tipo de planejamento. Em época de crise, o dinheiro está curto. E há um aceno do Governo de que não haverá recurso governamental pra fomentar o futebol em 2016, então cada um vai trabalhar junto a seus patrocinadores e arrumar outra fonte de receita”, contenta-se. No caso do Ypiranga, a única fonte de receita até o momento é justamente a Timemania.

Mas Aldemir enxerga algo positivo em meio a tudo isso: a possibilidade de valorização dos jovens amapaenses nos clubes locais. “Há muito tempo o futebol amapaense não revela jogadores pro futebol paraense, pro futebol amazonense, pro Sul do país. Daqui de Macapá saíram grandes jogadores como o Aldo, no Fluminense, e o Bira, no Internacional. Mas desde essa época não temos um amapaense de renome elencando uma grande equipe. Para Manaus, o último que me encaminhamos foi o Marinho Macapá”, disse Aldemir, relembrando jogadores que fizeram sucesso nas décadas de 70 e 80.

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