Jacaretinga: Um sobrevivente dos igarapés urbanos da cidade de Manaus

Essa espécie pode chegar até 2,5 metros, sendo que as fêmeas são menores do que os machos, e podem pesar até 60 kg.

Manaus é uma cidade localizada no meio na Amazônia e, por conta disso, é comum nos depararmos com alguns animais silvestres que ainda habitam os fragmentos florestais e igarapés urbanos no meio da cidade. Dentre esses animais, um comumente avistado é o Caiman crocodilus, conhecido popularmente como jacaretinga, uma de quatro espécies de jacarés que ocorrem na Amazônia. 

 

Essa espécie pode chegar até 2,5 metros, sendo que as fêmeas são menores do que os machos, e podem pesar até 60 kg. Com relação a coloração, apresentam cor amarelada e manchas pretas sobre o corpo e cauda nos indivíduos mais jovens. Quando adultos apresentam uma coloração mais uniforme que varia de amarelo a verde oliva. Aquela cor cinza que a gente vê nos animais que estão no igarapé urbano não passa de sujeira acumulada! 

Jacaretinga (Caiman crocodilus) em vista lateral tomando sol sobre um tronco de árvore. Foto: Gail Hampshire/Divulgação

Se alimentam, em condições naturais, principalmente de invertebrados terrestres quando jovens, passando a consumir peixes e moluscos à medida que vão se tornando adultos. Porém, em ambientes modificados, como é o caso dos igarapés urbanos, os jacarés precisam se adaptar em meio a sujeira para poder sobreviver.

 

O jacaretinga é uma das poucas espécies de jacarés que pode ser observada nos igarapés urbanos de Manaus, mas o fato dela sobreviver em meio a poluição não significa viver bem, pelo contrário. Visualmente esses jacarés parecem saudáveis e bem alimentados por conta do volume abdominal, só que a maior parte desse volume é lixo (sacos plásticos e até vidros). 

 

Jacarés apresentam um olfato bem desenvolvido e são animais generalistas e oportunistas, ou seja, comem o que tiver passando e der bobeira. Por isso, muitas vezes engolem sacos de lixo que estão com cheiro de comida. Esse lixo não é digerido pelo animal e se acumula no estômago causando problemas que podem levar a morte o que causaria um desequilíbrio ambiental. Esses animais são espécie-chave e controlam as populações de suas presas, sendo que no ambiente urbano comem ratos e caramujos-africanos, animais transmissores de doenças para os seres-humanos. Dessa forma o jacaretinga é na realidade um ótimo aliado da nossa saúde!

 

Jacarés (Caiman crocodilus) sobrevivem em meio a poluição presente nos igarapés urbanos de Manaus. Foto: José R./Divulgação

As principais ameaças para esta espécie em ambientes conservados são o uso ilegal (através da caça) e destruição e perda de habitat, principalmente pela construção de usinas hidrelétricas. Já em ambiente urbano, além do lixo ingerido, esses animais sofrem com maus tratos, principalmente na época chuvosa, quando os igarapés urbanos transbordam não só pelo acumulo de lixo, mas também pelo eficiente sistema de drenagem que existe em Manaus (contém ironia) e esses animais vão parar nas ruas e acabam sendo molestados por pessoas. 

 

É importante ressaltar que maltratar animais silvestres é crime previsto em lei, e que no caso de encontro desses animais é preciso acionar o órgão de resgate responsável. Vale lembrar também que esses animais existem há 200 milhões de anos, muitos e muitos anos antes dos seres humanos, e que eles estão em habitat natural tentando sobreviver as modificações que nós, seres humanos, impomos a eles. Os intrusos somos nós.

 

Para saber mais:

 

Avaliação do risco de extinção do jacaré-tinga Caiman crocodilos (Linnaeus, 1758) no Brasil

https://www.icmbio.gov.br/revistaeletronica/index.php/BioBR/article/view/404/311

 

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