Descida de 15 cm consolida processo de vazante do rio Negro, em Manaus

Como em seu princípio a vazante é lenta e gradual, os efeitos da inundação não se encerram logo que o rio começa a descer

Após atingir 30,02 metros e superar a maior cheia de toda a história, o nível do rio Negro, em Manaus, já desceu 15 cm e está em processo de vazante. Nesta segunda-feira (5), o rio se encontra em 29,87 m na capital do Amazonas. O nível do rio Solimões, em Manacapuru, está em 20,69 m – o pico foi de 20,86 m. Em Itacoatiara, o rio Amazonas atingiu o pico da cheia de 2021 aos 15,21 m no dia 31 de maio, e hoje se encontra em 14,91 m.

Mesmo com o princípio do processo de descida das águas, as cidades ainda continuam com níveis acima da cota de inundação severa. Como em seu princípio a vazante é lenta e gradual, os efeitos da inundação não se encerram logo que o rio começa a descer. Confira os dados:

Segundo Luna Gripp, pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), o processo de vazante é caracterizado quando o nível da água desce ao longo de vários dias, durante um intervalo de tempo que é específico para cada rio. 

No caso de Manaus, não foi possível afirmar que a vazante começou no primeiro momento em que o rio desceu, porque pequenas variações de nível podem ser causadas por incertezas associadas à medição, como banzeiros, ou flutuações próximas às réguas de leituras, ou aos equipamentos automáticos. 

“A descida de um centímetro não é suficiente para saber que o rio vai continuar baixando: é preciso magnitude e constância na descida do nível”, explica Luna Gripp. Para determinar o processo de vazante, não existe um valor específico de descida dos níveis, pois trata-se de uma análise qualitativa.

Em Manaus, o rio vem descendo há vários dias e já baixou 15cm, tornando possível a afirmação de que o processo de vazante realmente se iniciou. No dia 16 de junho, o rio Negro atingiu os 30,02 m após passar 8 dias estabilizado na marca histórica de 30 m. 

A subida não foi considerada um repiquete, já que aconteceu devido a uma chuva específica, de magnitude muito acima do esperado, observada nos dias 13 e 14 de junho, em uma grande área das bacias dos rios Negro e Solimões. Portanto, já era previsto que após o efeito dessa chuva, os rios retomassem seu processo de descida.

É importante ressaltar que, quando se trata de municípios que são banhados por rios de menores volumes de água a caracterização dos processos de enchente/vazante não é tão clara. Na região do Alto rio Negro, por exemplo, no município de São Gabriel da Cachoeira, a resposta que o rio apresenta em termos de variação de nível em função das chuvas é muito mais rápida do que a observada em Manaus, apesar de estarem no mesmo rio. 

“Isso significa que o rio pode voltar a encher no mesmo dia caso ocorra um grande volume de precipitação em sua área de drenagem, mesmo que já venha apresentando descida de nível há vários dias consecutivos”, afirma a pesquisadora.

Esses rios menores têm resposta rápida, conforme a pesquisadora Luna Gripp, podem voltar a subir devido à pequena área de drenagem. O processo de vazante é válido para os rios da região central do estado do Amazonas: baixo e médio Solimões, rio Negro em Manaus e região da calha principal do Amazonas. 

“Para os rios mais amontante do Negro, não é possível afirmar que o rio não vai voltar a subir”, afirma.

 Cheia

O que determina a magnitude das cheias na Bacia Amazônica é a chuva que ocorre em todas as bacias que drenam pra essa região, como a bacia do Negro, do Solimões e todos os seus afluentes (Purus, Juruá, Japurá, Jutaí e etc), incluindo suas áreas externas ao Brasil, na Colômbia, Peru e Equador. A Bacia Hidrográfica do Amazonas é a maior bacia hidrográfica do mundo.

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