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Sexta, 19 Abril 2024

Tecnologia como diferencial eleitoral

Tecnologia como diferencial eleitoral
Foto: Reprodução/Shutterstock
As soluções tecnológicas foram pautas de destaques nas campanhas dos prefeituráveis em Manaus nas eleições municipais deste ano. Entre as ideias apresentadas estão a criação de aplicativos e o uso de sistemas de informática para tentar melhorar a vida dos cidadãos, seja no transporte público, na área de saúde ou da educação. Com projeto que visa contribuir para que a cidade se desenvolva e ganhe status de ‘Smart City’, o candidato à reeleição, Arthur Neto (PSDB) possui programas com esse direcionamento.

Segundo o tucano, no âmbito da administração municipal, a proposta é implantar, definitivamente, o projeto ‘Cidade Inteligente’ que consiste na interligação de todos os serviços da prefeitura, por meio de um potente data center já instalado e do cabeamento de fibra óptica que será concluído até março.
“Com isso estaremos dando um salto no transporte público, trânsito, saúde, educação, assistência social, meio ambiente, limpeza pública e infraestrutura urbana, entre outros, com o cidadão tendo acesso direto por meio da internet”, afirmou. Nesse mandato Arthur Neto investiu na criação do data center na Semef (Secretaria Municipal de Finanças, Tecnologia da Informação e Controle Interno), que fez todo o georreferenciamento –levantamento de informações geográfica para tornar as coordenadas conhecidas em um sistema de referência da cidade.
Já no âmbito do desenvolvimento tecnológico para a cidade, a Prefeitura de Manaus, entregou o Dimicro (Micro Distrito Industrial). O local estava parado há 12 anos e possui uma estrutura formada por 29 galpões para desenvolver micro indústrias. “A seleção das empresas já está em andamento por licitação. A proposta é ampliar para 50 galpões na próxima gestão e transformá-lo em um Parque Tecnológico, incorporando à indústria tradicional, às de inovação e do agronegócio, com automação, robótica e inteligência de software”, explicou o candidato à reeleição.
Criado pela lei 1.238 de 28 de abril de 2008, o Dimicro estava com a obra paralisada desde a publicação da legislação e foi retomada no ano passado. Com a intenção de desburocratizar alguns serviços públicos, os candidatos prefeituráveis prometem criar aplicativos para facilitar o acesso a população. A partir da ideia do projeto intitulado ‘Cidade Inteligente’, um APP que permite o acesso gratuito à rede da prefeitura começou a ser desenvolvido por Arthur Neto. Através dele, cada cidadão terá comunicação instantânea para informar qualquer problema que será passado ao encarregado. E ainda, poderá acompanhar a resolução do pedido. Já o ex-deputado Marcelo Ramos promete criar o aplicativo chamado “Hora Certa”, que vai permitir que o cidadão saiba o momento exato que os ônibus vão passar nos pontos de parada e terminais de integração.
 Puro ilusionismo
Na avaliação do cientista social e professor na Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Luiz Antônio Nascimento, o uso de recursos tecnológicos para melhorar as vidas das pessoas será sempre bem-vindo. Ele cita exemplos como aplicativos que indicam onde estão os ônibus e outros quase que desconhecido pela população de Manaus, como o MyFunCity, premiado pela ONU como a Melhor Plataforma de Cidadania. No entanto, segundo Nascimento, a estratégia dos candidatos em prometer administrar a cidade por meio de aplicativos é puro ilusionismo para desviar a atenção da população.
Ele explica que, no mundo do circo e da política o ilusionismo é uma ‘ferramenta’ de trabalho. “O mágico usa do ilusionismo para desviar a atenção da plateia para, aí então, fazer a sua mágica. Na gestão pública, os governantes fazem o mesmo para iludir os eleitores. Já se prometeu a Nova Veneza, o BRT, as Creches etc. Nada se cumpriu e as eleições acontecem de novo, tempos de novas promessas”, criticou o cientista social. Para ele, os aplicativos têm sentido quando existem serviços públicos oferecidos. 
“Ele é meio de acesso àquele serviço, não a solução porque ele não faz nada”, insiste.

Nascimento diz ainda que temos que ter uma cidade governada de modo democrática, plural e pública, com orçamento e prestações de contas transparentes. “Um aplicativo útil seria aquele que pudesse nos informar onde e como aquele dinheiro está sendo aplicado pelo prefeito local. Outro desafio é o feedback. Não basta se ter um app que critique e aponte para os problemas se a gestão pública não for ágil em sua resolução”. No Portal da Transparência do governo federal já é possível se cadastrar para receber informações sobre o uso do dinheiro público.
Para ele, os aplicativos podem sim qualificar a gestão pública. “Imaginemos um app que permita ao usuário agendar sua consulta médica e receber alertas quanto ao dia e horário que deverá estar no posto de saúde ou um que informe aos pais que seu filho está enfrentando dificuldades em português ou matemática e receba orientações de como deverá ajudar seu filho em exercícios em casa? ”, assinala.

De acordo com o cientista social,  os app não são itens essenciais nos planos de governo dos candidatos e sim as propostas de ação que enfrentem as reais dificuldades de uma população. “Uma cidade vive sem um app mas não vai longe sem creches para suas crianças ou um sistema de transporte público digno e eficiente, com preços justos. Uma administração municipal pode adotar vários aplicativos inteligentes mas se não implantar um sistema de coleta de lixo da orla da cidade, onde vivem mais de 200 mil pessoas será sempre uma cidade poluída e excludente”, sentencia Nascimento.

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